Numa resposta à pergunta intitulada Nós/a gente; vós/vocês, a propósito da substituição do pronome vós pelo pronome vocês nos dialectos centro-meridionais da variante europeia da língua, é citada a Gramática Histórica de 1921, onde já se observa que, «dirigindo-nos a mais de um indivíduo, servimo-nos hoje de vocês como plural semântico de tu». O que eu gostaria de saber, se possível, era se é certo que tal fenómeno terá ocorrido previamente na variante brasileira (e se há registos que nos permitam datar de forma aproximada a sua emergência) e quando é que essa evolução começou a fazer-se sentir em Portugal, pelo menos no eixo Lisboa-Coimbra. Já agora, aproveitaria também para perguntar, de forma muito concreta, se é possível que em meados do século XVIII tal fenómeno já fosse comum na fala de pelo menos parte dos portugueses?
A respeito de colocação pronominal, deve usar-se ênclise após a preposição de? Já verifiquei várias oscilações, digamo-lo assim, quanto à colocação enclítica de certos pronomes neste caso.
Surgiu-me uma dúvida específica relacionada com a mesóclise e a anteposição do pronome reflexo após uma conjunção ou locução conjuncional.
Em «... pelo que me agrada mais esta solução», a opção é evidente, mas numa situação de mesóclise, qual a opção mais correta?
«... pelo que inclinar-me-ei perante a vossa decisão.»
«... pelo que me inclinarei perante a vossa decisão.»
Obrigada.
Na gramática tradicional, certo é considerado como pronome/determinante indefinido. No Dicionário Terminológico, é apresentado apenas como determinante indefinido. Porquê? Podem dar exemplos?
O Dicionário Houaiss (edição electrónica de 2009) inclui as conjunções e preposições no grupo dos clíticos.
Sendo assim, gostaria de saber os critérios a ter em conta para a classificação de um vocábulo como clítico.
Obrigado.
Estava digitando um trabalho de geografia que meu professor pediu há umas semanas e, ao escrever, me deparei com a necessidade de colocar dois pronomes ligados a um verbo na frase «... e, em seguida, classifica-se-os em uma das eras geológicas...». Já que nunca tinha visto nenhum caso desses, gostaria de saber se eu cometi um erro e, caso não o tenha cometido, como se chama essa "ênclise dupla".
Obrigado.
No uso do plural majestático, numa resposta datada de 2003 sobre este tema, responderam que «quaisquer adjectivos ou particípios referentes ao sujeito devem concordar com este de acordo com o seu género e número naturais e não segundo o número gramatical do sujeito».
A minha dúvida diz respeito aos grupos que de alguma forma estejam também relacionados com o sujeito: num determinado texto, por exemplo, se nos quisermos referir aos filhos ou pais ou outra qualquer filiação, deve-se escrever «os nossos filhos», «os nossos tios» etc., ou o pronome mantém-se no singular? E quem diz os pronomes diz qualquer outra noção ou coisa respeitante ao sujeito?
Obrigado e parabéns por este sítio maravilhoso.
A minha dúvida reside na utilização da expressão «tal como era» no plural. Como está correcto:
«Palácios tal como eram antes do terramoto que destruiu Lisboa vão poder ser conhecidos numa reconstituição 3D inédita», ou «Palácios tais como eram antes do terramoto que destruiu Lisboa vão poder ser conhecidos numa reconstituição 3D inédita»?
Obrigado.
Caros amigos, minha dúvida é referente a um parágrafo de um livro que estou lendo. Eis o parágrafo:
«Na noite anterior ao desabamento, em Friuli, da represa Vajont, em 9 de outubro de 1963, provocando uma imensa catástrofe, ouviram-se estalos que provinham daquele lado, sem que ninguém fizesse caso.»
Quando li pela primeira vez o texto, entendi que 9 de outubro de 1963 era a data do desabamento da represa. Ao ler outra vez o mesmo texto, entendi que a data de 9 de outubro de 1963 era referente à "noite anterior ao desabamento". Nesse tipo de estrutura textual, qual a interpretação correta a se fazer? Que tipo de estrutura é essa?
Desde já agradecido, despeço-me com um fraterno abraço!
Recentemente, deparei-me com um tópico envolvendo a escrita no nosso idioma que acabou por me gerar duas dúvidas próximas entre si, por isso tomo a liberdade de apresentá-las em conjunto ao Ciberdúvidas. Trata-se do uso do se junto a verbos no infinitivo e no gerúndio (excluindo da discussão verbos pronominais/reflexivos, que sem dúvida exigiriam o se).
Fui informado que em diversos casos envolvendo o infinitivo impessoal, já carregando ele impessoalidade e valor passivo, será dispensável o uso do se tanto como índice de indeterminação do sujeito quanto como pronome apassivador. Cito alguns exemplos: «Fazer o bem é importante» (e não «Fazer-se o bem»), «Osso duro de roer» (e não «duro de roer-se»), «Hora de chamar a polícia» (e não «de chamar-se a polícia»). Gostaria de perguntar se, em casos como esses, o uso do se é meramente dispensável ou, mais do que isso, é proibido. Se meu entendimento (leigo) não é falho, suponho que a presença do se simplesmente assinalaria a voz passiva ou o índice de indeterminação do sujeito (conforme o caso), daí a dúvida quanto a uma estrita proibição de seu uso em decorrência do infinitivo impessoal.
No entanto, o assunto trouxe-me outra dúvida, para mim mais difícil ainda de resolver. A linha de pensamento exposta acima, se correta, aplicar-se-ia ao gerúndio também? Dizendo de outro modo, o gerúndio pode tornar o índice de indeterminação do sujeito e o pronome apassivador se igualmente dispensáveis? Apresento alguns casos a seguir e sobre eles gostaria de perguntar se o se é necessário, facultativo ou, até mesmo, proibido.
1) «Levando-se em conta a crise, bom seria aumentar a poupança.»
2) «A obra desses poetas, considerando-se o pouco que viveram, é vastíssima.»
3) «Pensando-se em casos como o dele, não pode haver dúvidas quanto ao perigo de fumar.»
4) «Vivendo-se, daí vem a paciência.»
Muito obrigado.
Parabéns pelo site!
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