Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Fernando Vasconcelos Professor Rio de Janeiro, Brasil 3K

Em «Capitu deixou-se fitar», o se é apassivador, ou seja, «Capitu deixou ser fitada»; sujeito do verbo no infinitivo por estar depois do verbo causativo deixar, ou seja, Capitu deixou que ela fosse fitada, ou pronome reflexivo, ou seja, Capitu deixou a si mesma fitar?

Em um livro do professor Ricardo Aquino, brasileiro, este se é reflexivo, mas não vejo assim. O que vocês acham?

Espero resposta com justificativa, por favor. Muito obrigado.

Fernando Coelho Engenheiro Caldas da Rainha, Portugal 4K

Há dias, no noticiário da RTP, pelas 13 horas, a jornalista Sandra Felgueiras disse: «... o muro foi ruindo de forma parcial». Será que ela quereria dizer «o muro ruiu parcialmente»?

Fernando José Vasconcelos Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 6K

Há alguma voz verbal em orações sem sujeito?

Grato.

Maria Sampaio Porto, Portugal 9K

Na frase «não ver um palmo adiante do nariz», o advérbio está bem empregado? Penso que substituir por «diante» será errado.

Desde já agradeço uma resposta.

João Marques Tradutor Lisboa, Portugal 58K

Agradeço desde já o vosso valioso esclarecimento quanto a esta minha dúvida sobre a colocação (ou não) da vírgula antes da expressão «de modo que» nas duas frases que se seguem:

«Coloque as suas mãos à frente das grelhas de ventilação, de modo que possa verificar as condições de funcionamento.»

«Os componentes físicos determinantes para as características metrológicas devem ser concebidos de modo que possam ser protegidos contra a fraude.»

Parece-me que a primeira frase fica melhor/correcta com uma vírgula antes da expressão «de modo que», enquanto a segunda frase fica melhor/correcta sem vírgula. Estarei certo?

Uma vez mais os meus agradecimentos.

Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 7K

Em «Ele levou uma surra», «Ele recebeu um presente», «Ele ganhou um prêmio», tais verbos de sentido passivo tornam a voz verbal "ativa" ou "passiva"? Por quê? Qual gramático brasileiro diz algo sobre isso? Grato.

Rui Barreiros Reformado Coimbra, Portugal 6K

Parece-me haver uma tendência para deixar de usar o modo conjuntivo, o que seria um empobrecimento para a nossa língua (talvez pior do que a vossa chamada de atenção para a falta de acentuação e má pronúncia na primeira pessoa do plural do pretério perfeito simples). Já tenho chamado a atenção de amigos para tal facto, mas dizem que não notam.

Será real o facto que refiro?

Alguns exemplos:

a) «Mas a ERSE admite que esse estudo [ou outra coisa qualquer] pode aumentar os custos...»;

b) relações de igualdade (entre europeus e africanos) não quer dizer que as contribuições de cada um podem ser iguais...» (a propósito da cimeira UE-África);

c) «Agora, o que é irónico é que este "falso" plural é também designado nos prontuários por "plural de modéstia" — o que prova que nem a terminologia gramatical é imune a manipulações ideológicas» (Vossa pelourinho Nós, vós, ele e artigo publicado no semanário Sol, de 29 de Dezembro de 2007).

Então, não deveria ser "possa", "possam" (aliás, "tenham") e "seja", respectivamente?

Obrigado.

Luís A. Afonso Investigador científico (aposentado) Lisboa, Portugal 5K

Ouvi na RTPN o seguinte (sem pausas):

«... os estragos muito elevados não estão cobertos pelo seguro»

em vez do muitíssimo mais provável:

«...os estragos, muito elevados, não estão cobertos pelo seguro.»

Quando será que os nossos noticiaristas tomam atenção às vírgulas intercalando a devida pausa?

Pedro Andrade Desempregado Braga, Portugal 24K

Vi as vossas respostas relacionadas com a questão reserva o direito/reserva-se o direito, mas não estou satisfeito com elas.

Digam-me, por favor, como devo traduzir para português o seguinte início de frase em inglês: «XPTO reserves the right to change product features...»

Eu acredito que a seguinte forma é a correcta:

«A XPTO reserva o direito de alterar as características dos produtos...»

No entanto, as vossas respostas parecem indicar que o correcto seria dizer «A XPTO reserva-se o direito de alterar as características dos produtos...»

A XPTO não se está a reservar-se a si própria, nem pretende dizer explicitamente que está a reservar o direito para si própria (isso deve estar apenas implícito, dado que proporciona vários subterfúgios legais que as empresas consideram ser muito úteis). Quanto ao reservar o direito para si própria, também não vejo como a conjugação reflexa "reserva-se" (dado que o sujeito está imediatamente antes) poderia significar «reserva para si».

Sem sujeito/nome, não há dúvidas. A forma correcta é «Reserva-se o direito de admissão», por exemplo.

Obrigado.

Fernando Pestana Estudante Rio de Janeiro, Brasil 23K

Uma propaganda de uma rede educativa, que traz de vez em quando questões relacionadas à língua portuguesa aqui no Brasil, disse que a norma culta não considera correto o uso de «Eu vou precisar de fazer as questões»; o problema apontado por esse programa é a presença da preposição antes do verbo no infinitivo, mas, buscando respostas no Ciberdúvidas, vi que ambas as formas estão adequadas à norma culta, ou seja, «Eu vou precisar de fazer» ou «Eu vou precisar fazer», ambas estão corretas segundo vocês, mas não segundo o programa daqui do Brasil. Afinal, existe alguma referência, algum gramático que acabe com a minha dúvida se ambas as formas podem estar corretas, ou só uma delas, como disse o programa?

Muito obrigado.