Na frase apresentada pelo consulente, o verbo confrontar não está bem empregado, sendo preferível uma estrutura do género «O medo é perder a esperança e não estar preparado para se confrontar com os seus temores». Consequentemente, a forma verbal que, de facto, deve estar em análise é confrontar-se.
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciência de Lisboa (DLPACL), a forma pronominal confrontar-se tem como sentido «ser-se obrigado a lidar com uma situação indesejável por não a poder evitar; fazer frente a uma tarefa, um problema, uma dificuldade». Por conseguinte, «confrontar-se com os seus temores» pode ser interpretado como lidar ou enfrentar os seus medos.
Relativamente à sua regência, os vários dicionários de português atestam que confrontar-se pode ser seguido pela preposição com. Por exemplo, «confrontar-se com os seus problemas».
Note-se ainda que confrontar-se (verbo pronominal) não tem os mesmos sentidos de confrontar (verbo não pronominal) e, por isso, são usados para descrever situações diferentes. Segundo o Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses, dirigido por Malaca Casteleiro, o verbo confrontar deve ser usado em situações que descrevam uma comparação entre duas ou mais coisas, como, por exemplo, «o juiz confrontou as duas versões do acontecimento». Portanto, o verbo confrontar só pode ser usado quando se pretende fazer uma comparação entre pelo menos duas coisas, que podem ser pessoas, objetos, locais ou até mesmo ocorrências. À semelhança de confrontar-se, também confrontar pode ser regido pela preposição com, como, por exemplo, «O inspetor das obras confrontou a planta com o edifício».