DÚVIDAS

A pronúncia do topónimo Mariz
Sou natural de Barcelos e vivi muito tempo na "minha" freguesia de "Máriz" ou "Mariz" (sem acento no "a"). Desde a escola primária, aprendi que se escrevia "Máriz", com pronúncia de "má...", e não "ma...". Há quem pronuncie como se tivesse o acento, mas também sem o acento, especialmente as pessoas de fora. Hoje colocaram em causa isto e disseram que até se pronuncia o acento, mas a escrever não leva acento! Afinal como se escreve, "Máriz" ou "Mariz"? Muito obrigado.
Colocação pronominal com «antes de» e «depois de»
Gostaria de saber se as expressões «antes de» e «depois de» são proclitores vinculativos ou opcionais. Prende-se esta questão com o facto de ter alguns documentos de trabalho (do tempo da faculdade) que apontam para que haja opção, conforme o estilo. As frases que tenho nesse documento são: «Antes de casarem-se, visitaram Vigo. Depois de casarem-se, foram a Roma.» A par de: «Antes de se casarem, visitaram Vigo. Depois de se casarem, foram a Roma.» O texto resultava de uma investigação da professora de Sintaxe e Semântica do Português, mas, de facto, cada vez mais surgem alunos a usar a ênclise nestas situações. Será gramatical a ênclise depois dessas locuções temporais? Agradeço esse esclarecimento.
Oração gerundiva: «Pedro ouviu José falando»
Primeiramente, ouvi de alguns professores de gramática que oração subordinada substantiva, quando reduzida, só pode vir com verbo no infinitivo. Entretanto, me deparei com algumas frases que me fizeram crer que isso não procede. Segue um exemplo: «Pedro ouviu José falando sobre o assunto.» Minha dúvida é a seguinte: a segunda oração do período composto citado acima, «José falando sobre o assunto», é uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de gerúndio, pois, no meu ver, o verbo «ouviu» pede complemento verbo direto; ou tem outra função sintática?
O uso de esquálido
Ouvi recentemente alguém referir que tinha produzido um «texto esquálido, clean, minimalista», creio que foi essa a frase exata que a pessoa utilizou. O sentido da palavra esquálido é o de que era um texto "enxuto", sintético, conciso. Ou seja, a palavra esquálido tinha uma conotação positiva. Nunca tinha ouvido a expressão aplicada a um texto e sobretudo com uma conotação positiva. Podem, s.f.f., esclarecer se esse uso está ou não correto? Muito obrigado e parabéns pelo vosso trabalho.
A sintaxe de «licenciado/mestre/doutor por...»
Confirmei no Dicionário Prático de Regência Nominal de Celso Pedro Luft que se escreve, tal como se ouve habitualmente, «sou licenciada em x PELA Universidade y» e «sou doutora(/doutorada) em x PELA Universidade y». Pergunto, primeiro, se o mesmo se aplica – como seria de esperar – à designação mestre: é-se mestre em x POR [instituição de ensino y] (o dicionário referido é omisso neste ponto)? Pergunto, depois, se é possível explicar gramaticalmente esta construção, que não é óbvia para mim. Na frase «Sou licenciada pela Universidade y», «pela Universidade y» desempenharia, se compreendo bem, a função sintática de complemento agente da passiva – é a instituição de ensino que "licencia", i.e. que confere o grau académico de licenciado ao estudante. Não sei se este raciocínio está correto, e não consigo aplicá-lo aos outros casos: em «sou mestre pela Universidade y» e em «sou doutor pela Universidade y», o mesmo constituinte («pela Universidade y») não pode desempenhar a função sintática referida, parece-me. Conseguiriam explicar esta construção? Obrigada pelo vosso precioso trabalho.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa