Relativamente ao Dicionário Terminológico, que é o documento orientador do Conhecimento Explícito da Língua, muitas dúvidas me têm inquietado, sobretudo no que se refere aos constituintes selecionados pelo nome, quando se trata de um grupo preposicional, iniciado por de, pelo facto de esse grupo poder exercer sintaticamente a função de complemento do nome ou modificador restritivo do nome.
Tendo em conta o contexto (perspetiva inerente ao CEL), eu questiono se o mesmo grupo preposicional pode mudar de função sintática em função do dito contexto, como acontece no grupo verbal (complemento oblíquo/modificador do grupo verbal). Concretizando, na frase: «A cidade de Viana do Castelo localiza-se na região do Minho», o grupo «de Viana do Castelo» é complemento do nome, ou modificador restritivo? A mim parece-me que a palavra cidade exige/seleciona, neste contexto, um complemento, logo seria complemento de nome. Porém, na frase: «Eu vou à cidade de Viana do Castelo», o mesmo complemento me parece dispensável, ou seja, o nome cidade não o exige, o que me leva a pensar que é modificador restritivo, pelo facto de a aceção do nome cidade ser diferente, já que, no segundo caso, o significado de cidade pode ser antónimo de aldeia (e não repartição administrativa, como na primeira situação).
Ainda a este propósito, considera-se que o grupo preposicional «de gravuras» na frase «Gostei do livro de gravuras» é modificador, ou complemento do nome?
Já detetei versões diferentes em livros/gramáticas. E na frase «Coloquei o livro de gravuras na estante», a função é a mesma?
Agradecia que explicassem o significado da palavra mordorado, que aparece na novela A Confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, tanto como adjectivo bem como advérbio, como na frase seguinte:
«Entretanto as cadeiras haviam-se deslocado e, agora, o escultor sentava-se junto da Americana. Que belo grupo! Como os dois perfis se casavam bem na mesma sombra esbatidos – duas feras de amor, singulares, perturbadoras, evocando mordoradamente perfumes esfíngicos, luas amarelas, crepúsculos de roxidão. Beleza, perversidade, vício e doença» (cap. I).
A região histórica da Íngria, situada em sua maior parte na Rússia, tem como gentílico, em português, íngrio, ingriano ou outro? Caso me aponteis algum, por favor, dizei-me se ele funciona com adjetivo e substantivo.
As etnias tradicionais dessa região são os vótios e izorianos. É como aparecem escritos na Internet. Pois bem, estas formas assim grafadas estão devidamente adaptadas para o nosso idioma?
Com a palavra o luzeiro-mor da Internet, o Ciberdúvidas, é claro, é claríssimo.
Ultimamente, em minhas leituras, tenho notado que em algumas orações é suprimido o que. Por exemplo: «esta crise, da qual parece o mundo foi vítima...» ao invés de «esta crise, da qual parece que o mundo foi vítima...».
Sobre a dúvida acima, gostaria que me informassem (ou gostaria me informassem?), o que antecipadamente agradeço, se há alguma regra para a supressão do que.
A palavra antiguidade é composta por aglutinação, ou derivada por sufixação?
Como dividir silabicamente as palavras: pneu, psicologia e abstrato?
O que é que mudou ao nível da divisão silábica com a entrada em vigor do novo acordo ortográfico?
Palavras-chaves, ou palavras-chave?
Por vezes, quando ao despachar — o que equivale a dar uma ordem, num processo judicial, para que se faça algo —, ao ordenar que se proceda a uma notificação, que se tem vindo a frustrar, de alguém numa certa morada, digo: «Intente a notificação na morada...», mas fizeram-me o reparo de que intentar deriva de intento, intenção, e que não pode utilizar-se no sentido em que o faço de «proceda» ou «diligencie».
Gostaria de ter uma apreciação vossa desta questão.
Nas frases:
1. «Blimunda ficou responsável por recolher vontades.»
2. «Gomes Freire foi executado depois da decisão injusta.»
Quais as funções sintáticas de: «por recolher vontades» e «depois da decisão injusta»?
Na frase «Desatou a correr pela aldeia fora», o vocábulo fora continua a pertencer à classe dos advérbios? Se assim for, a que subclasse pertence? Não consigo integrá-lo em nenhuma. Aqui o advérbio fora modifica o nome e não o predicado, logo não pode ser um advérbio de predicado, mas também não se encaixa em nenhuma das outras classes.
O mesmo acontece com o advérbio dentro na expressão «Pela casa dentro». Na gramática tradicional, eram advérbios de lugar, e na nova terminologia? Pensando melhor, «pela aldeia fora» é uma locução adverbial? Sendo assim, classifico-a naturalmente como locução adverbial de predicado. Será? Não vejo outra hipótese.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações