Segundo o Dicionário de Nomes Coletivos (Lisboa, Europa-América, 2006), de Fernanda Carrilho, e Nos Garimpos da Linguagem (Rio de Janeiro, Liv. São José, 1959) , de Luiz Autuori e Oswaldo Proença Gomes, dicionário é um nome coletivo, uma vez que designa «conjunto de vocábulos ou de palavras de uma língua».
Se tivermos como referência o Dicionário Terminológico, nome comum coletivo é todo o «nome que se aplica a um conjunto de objetos ou entidades do mesmo tipo», verificamos que essa classificação corresponde à da chamada gramática tradicional que inclui nessa subclasse dos nomes comuns aquele que «no singular, designa um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 178).
Ora, a palavra dicionário designa um «livro de referência onde se encontram as palavras e expressões de uma língua, por ordem alfabética, com a respetiva significação ou tradução para outra língua e ainda, por vezes, com certas características fonéticas, morfológicas, sintáticas e semânticas» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto editora, 2019).
Confrontando estes elementos, poderemos colocar as seguintes questões: se um dicionário é um livro que tem a particularidade de conter o conjunto de palavras de uma língua, não é, portanto, um conjunto de palavras de uma língua. Que nome se poderá dar ao conjunto de palavras de uma língua? Não é, decerto, um livro que as regista. Será que se pode considerar o léxico, enquanto vocabulário e uma língua, um nome coletivo?
Perante estas questões, e apesar de dicionário constar nas obras específicas sobre coletivos acima citadas, não nos parece que, pelo facto de designar um livro e não um conjunto/grupo de palavras e expressões de uma língua, se integre na subclasse dos nomes coletivos, classificando-se simplesmente como nome comum.