DÚVIDAS

Polissemia, novamente
Em março de 1998 e em dezembro de 2000 surgiram perguntas a respeito do termo "polissemia". O Ciberdúvidas respondeu: "Designa-se por polissemia o facto de uma palavra ter várias significações. Portanto, quando um termo se usa com várias acepções diz-se que há polissemia" conforme o Dicionário Aurélio. Acho que vale a pena lembrar que polissemia é diferente de homonímia. A palavra "ponto", por exemplo, usada em tantas acepções diferentes (ponto de partida, ponto de vista, ponto de ônibus, ponto final, etc.) é um caso de polissemia, pois da palavra inicial latina (que indicava um furinho feito por uma agulha) o significado expandiu-se. Já a palavra "manga", que pode se referir tanto a uma fruta quanto a um pedaço da roupa, é um caso de homonímia: o nome para o pedaço da roupa veio do latim "manica", enquanto o nome da fruta veio do malaio. As formas são iguais por coincidência – não é, portanto, caso de polissemia. E para distinguir a homonímia da polissemia, só mesmo sabendo a origem das palavras. Deve-se tomar cuidado, portanto, com ambos os conceitos. Sei que não estou fazendo nenhuma pergunta, mas pensei que essa explicação talvez fosse válida.
Usos do gerúndio
Sou espanhol e estudo português no meu tempo livre. Tenho duas perguntas a respeito do uso do gerúndio em português: A primeira é se é correcto o uso do gerúndio quando tem valor de posterioridade em relação à oração principal; por exemplo: O avião despenhou-se, morrendo todos os passageiros. Tenho lido várias opiniões, contra este uso, de filólogos brasileiros, já que dizem que o gerúndio somente pode exprimir anterioridade ou simultaneidade. Até um dos colaboradores neste sítio, Dr. D' Silvas Filho, censura este uso no livro "Prontuário: erros corrigidos de português", da Texto Editora. Em espanhol, este uso também se censura por galicismo (mesmo já tem um nome: "gerundio de posterioridad") e o mesmo noutra língua como o catalão. Mas a minha dúvida provém do que li no livro "Prontuário ortográfico e guia da língua portuguesa", da Editorial Notícias, em que pode ler-se: ...A forma simples pode também representar um processo anterior ou posterior ao processo representado na oração finita: "dizendo isto, correu em direcção à porta; entrou na sala, pondo tudo em alvoroço..." A dúvida é: quem tem razão ou é errado? Ou sou eu errado? A segunda pergunta tem que ver com o uso do gerúndio em orações em que o gerúndio acompanha e complementa o objecto directo: Enviou uma carta "exprimindo" as razões da sua demissão. Amanhã publicar-se-á um decreto regulando a exportação de vinhos. Não é melhor: "Enviou uma carta em que exprimia..." ou "...um decreto em que/para regula-se/regular a exportação..." Também em espanhol é errado este uso e que parece influência do inglês (sobretudo em traduções), língua em que é normal este tipo de frases, mas forçadas para línguas como o espanhol e, na minha humilde opinião, para o português. Espero a sua resposta. Muito obrigado e desculpas pelos possíveis erros.
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