Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: verbo
João Martins Funcionário público Coimbra, Portugal 303

Ao longo dos séculos, a ortografia nas diversas edições de Os Lusíadas evoluiu.

Por exemplo, “Occidental praya” passou a ser «Ocidental praia»,” “Daquelles reis” passou a «Daqueles reis», "A fee, o imperio” passou a ser «A fé, o império», “forão dilatando” passou a ser «foram dilatando». Todos estes casos são evidentes e sem controvérsia.

Uma outra alteração surge no final da primeira estrofe: «entre gente remota edificarão….que tanto sublimarão» passou a ser «entre gente remota edificaram …que tanto sublimaram».

Esta alteração parece ser também banal. Mas é mesmo incontroversa?

Será que o poeta não queria terminar a primeira estrofe no futuro?

Se a estrofe terminasse no futuro e não no pretérito, o texto teria sentido: ele vai cantar os primeiros grandes navegadores portugueses (Vasco da Gama e companheiros) que passaram além da Taprobana e que posteriormente à narrativa – ou seja no futuro -- vieram a edificar e sublimar.

Note-se também que nessa primeira estrofe, na primeira edição surge «passaram ainda alem da Taprobana» e não «passarão ainda alem da Taprobana». Assim, duas perguntas concretas:

1/ Se no final do século XVI, o pretérito se escrevia como “edificarão / sublimarão ,” como se grafava o mesmo verbo no futuro (ou seja como se distinguiam as palavras que agora grafamos como edificaram e sublimaram?

2/ Que certeza temos que o poeta desejou terminar a primeira estrofe no pretérito e não no futuro?

Maria Bolton Professora Londres, Reino Unido 273

Agradecia que me elucidassem sobre as duas frases. Devemos usar o indicativo ou o conjuntivo, ou ambos, tendo neste caso significado diferente?

«É difícil declarar que ainda é necessário.»

«É difícil declarar que ainda seja necessário.»

Sinceros agradecimentos,

Rafael Bertozzo Duarte Revisor Legislativo Curitiba, Brasil 214

Quero parabenizar o site.

Recorro a vocês para encontrar uma resposta que não encontrei em nenhum outro lugar na rede. É sobre alguns fenômenos linguísticos que tenho observado e para os quais não encontrei definição ou nome. São casos em que a regra sintática é quebrada com um propósito. Não são meramente erros.

Na frase «Ele correu pegar a bola», o verbo correr assume uma transitividade que não lhe é própria. Um fenômeno parecido ocorre com «Vá ao quarto correndinho buscar meu telefone», em que o verbo no gerúndio recebe um diminutivo. Claro que as duas frases quebram normas gramaticais, mas não são meros erros, elas têm um propósito, atribuem uma expressividade à construção.

Gostaria de saber se há figuras de linguagem em que esses dois fenômenos possam ser enquadrados. Inclusive, gostaria de saber se há mais exemplos desse mesmo fenômeno.

Obrigado.

Maria Santos Professora Santarém , Portugal 243

No verso «só se ouvia uivar o vento», para além da aliteração, poderemos considerar que ocorre uma personificação? Ou outro recurso? 

Misael Abreu Professor Simão Dias (SE), Brasil 207

Qual é a classe gramatical e a função sintática de chega na seguinte frase:

(2) «Chega mudei de cor.»

O chega da frase parece-me um regionalismo do Nordeste do Brasil e serve também para intensificar o sentido da frase.

Agradeço todos os esclarecimentos que puderem me oferecer.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 217

Por que motivo em fezeste > fizeste e em almários > armários ocorre, respetivamente, uma dissimilação e uma assimilação? 

Obrigado.

Luís Pereira Professor Alhos Vedros, Portugal 228

Gostaria que me esclarecessem quanto ao valor aspetual configurado no seguinte enunciado:

«O João começou a fazer os trabalhos de casa depois do almoço.»

A minha dúvida prende-se com o valor aspetual presente no complexo verbal «começou a fazer».

Por um lado, parece poder ser imperfetivo; mas a utilização do pretérito perfeito deixa-me a pensar se deverá ser considerado perfetivo.

Obrigado.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 262

Em relação à semântica do verbo confrontar, é possível dizer-se «O medo é perder a esperança e não estar preparado para confrontar os seus temores»?

Obrigado.

Diogo Maria Pessoa Jorge Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 302

Qual a regência de arribar?

É correto escrever «Ele arribou ao Brasil»?

Obrigado.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 298

Relativamente à expressão «ganhar a vida» («adquirir meios de subsistência»), a mesma aparece dicionarizada.

Porém, não encontro referência a uma expressão muito parecida (sem determinante) e que é esta: «Foi através do trabalho que ganhou vida

«Ganhar vida» poderia ser sinónimo de quê?

Obrigado.