Estou com dificuldades em analisar sintaticamente a frase «Fiz do recreio uma festa».
A minha primeira intuição foi considerar o constituinte «uma festa» complemento direto e o constituinte «do recreio» complemento oblíquo. Mas fazendo a substituição pronominal do complemento direto não me soa muito gramatical a frase «Fi-la do recreio».
Parece-me que aqui o verbo fazer se comporta como um verbo transitivo direto, no sentido de «Transformei o recreio numa festa». Neste caso «o recreio» seria complemento direto e «uma festa» seria predicativo do complemento direto. Substituindo o complemento direto pelo pronome, ficaria «Transformei-o numa festa», o que é perfeitamente gramatical.
O problema da primeira fase é que em termos de sentido ela é equivalente à segunda frase, mas as categorias sintáticas não me parecem encaixar bem.
Outro exemplo: «Fiz o João feliz». Aqui não me parece haver dúvidas: «o João» complemento direto e «feliz» predicativo do complemento direto («Fi-lo feliz»). Mas, retomando o primeiro exemplo, eu poderia dizer, com um significado semelhante: «Fiz do João uma pessoa feliz». E, com a estrutura do verbo fazer, o complemento direto passaria a ser «uma pessoa feliz» e «do João» complemento oblíquo.
Mas mais uma vez não me parece muito gramatical a construção: «Fi-la do João.»
Obrigado.
Gostaria de saber se de facto estou a analisar de forma correta a seguinte frase:
«Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido, tem sido um desafio.»
Sujeito: «Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido.»
Predicado: «tem sido um desafio»
Predicativo do sujeito: «um desafio»
Agora, quanto ao sujeito, vejo um grupo nominal principal («Este encontro») e um complemento do nome encontro: «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido»
Continuando a análise em caixinhas dentro de caixinhas, este complemento do nome é constituído por dois grupos nominais, sendo o primeiro «o desejo de tornar Camões acessível a todos», e o segundo «e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido».
Deixarei para depois a análise deste último complemento que integra uma oração coordenada adversativa.
Para já interessa-me esclarecer o constituinte «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos». É composto por um grupo nominal «o desejo» e por sua vez por outro complemento do nome «de tornar Camões acessível a todos» assegurado por uma oração subordinada completiva.
Gostaria de proceder à análise sintática independente desta oração completiva: «Camões» seria complemento direto do verbo tornar;«acessível a todos» seria predicativo do complemento direto «a todos», complemento do adjetivo acessível.
A minha dúvida é esta: é defensável a ideia de que «a todos» seja complemento indireto?. Exemplo: «Eu tornei Camões acessível a todos»/ «Eu tornei-lhes Camões acessível» (parece-me pouco gramatical).
Obrigado e bom trabalho.
Gostaria de saber qual é a classe gramatical e a função sintática da palavra horrores na seguinte frase:
«Caminhamos horrores.»
Apenas para esclarecer o sentido, vejo a frase sendo usada para indicar que se caminhou muito, bastante, em demasia.
Olá a todos desse maravilhoso site!
Gostaria de saber se posso utilizar a locução prepositiva «à luz de» como conjunção subordinativa conformativa.
Exemplo: «À luz do que é mencionado na Constituição Federal, fica vedada a associação de caráter paramilitar.»
Usei no sentido de «de acordo com, segundo, consoante,conforme, como». É válido isso?
Pois, conforme o Chat-GPT, o período: «À luz do que é mencionado na Constituição» → é uma locução prepositiva («à luz de») seguida de uma oração subordinada adjetiva: «do que é mencionado na Constituição Federal». Nesse caso, não temos uma conjunção subordinativa conformativa, mas sim uma locução prepositiva com sentido de conformidade ou fundamentação.
Obrigada.
Seria possível confirmarem-me se na frase «O problema, dizia Benito, era que não tinha os papéis em ordem», a palavra que é uma conjunção subordinativa completiva com a função sintática de predicativo de sujeito.
Tenho colegas que consideram que é um pronome relativo, mas eu não considero que haja antecedente.
Muito obrigada pela ajuda!
Gostaria de tirar uma dúvida acerca da classificação do sujeito dos verbos no infinitivo impessoal.
Encontrei algumas divergências nessas classificações: em alguns lugares, classificam como sujeito inexistente; já em outros, como um tipo de indeterminação do sujeito. Qual das duas acepções está corretas? Ou ambas estão e irá depender do contexto?
Considere o seguinte exemplo:
«Deve ser divertido fazer quadrinhos!»
Entendo que «fazer quadrinhos» é o sujeito oracional da locução «deve ser». Mas em relação ao sujeito do verbo fazer, qual seria a classificação adequada? Sujeito inexistente? Ou indeterminado?
Se houver indicação de algum material de leitura para aprofundamento desse aspecto específico, agradeceria bastante!
Obrigada desde já!
Na frase «Temos de contribuir para que se limite o aumento da temperatura mundial», há quem diga que «para que se limite o aumento da temperatura mundial» é uma oração subordinada substantiva completiva e desempenha a função sintática de complemento oblíquo.
Queria, contudo, saber como explicar o «para que», porque, nas gramáticas, aparece como uma locução subordinativa conjuncional final, que, por sua vez, introduz orações subordinadas adverbiais finais.
Obrigada pela vossa atenção.
No verso «Tirar Inês ao mundo determina», qual é a função sintática de «ao mundo»: complemento indireto ou oblíquo?
Em frases em que o advérbio aparece no final da frase, por exemplo, «João foi à escola durante o período da tarde», essa frase deve ser virgulada («João foi à escola, durante o período da tarde») ou não?
Existe alguma regra na gramática tradicional que se deve seguir caso o advérbio apareça na posição final em frases?
Obrigado.
Na frase «as atitudes polidas de que lhe falei eram aceitáveis naquela sociedade», o verbo falei é birrelativo?
O verbo falar existe, com dois objetos indiretos, no caso «lhe» e «de atitudes polidas»?
Obrigado.
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