O poema Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo, do heterónimo Ricardo Reis, encerra com os versos «Que a abominável onda / O não molhe tão cedo.», nos quais podemos identificar diversos recursos expressivos.
Entre eles, encontram-se a metáfora da morte, referida pela consulente, e também a expressividade do adjetivo colocado em posição anterior ao nome, o que reforça a subjetividade que o sujeito lírico coloca na descrição da morte. A anteposição do adjetivo acentua o sentimento de medo da morte, um tópos da poética de Reis.
Para além destes recursos, é ainda possível apontar a presença da aliteração dos sons nasais («Que a abominável onda / O não molhe tão cedo.»), que parece introduzir no poema o som da agitação marítima, associada à metáfora de morte. A aliteração vem, deste modo, contribuir para intensificar o tom triste e melancólico, que se associa à consciência permanente da vinda inexorável da morte.
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