Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Miguel Reis Professor Lisboa, Portugal 340

Gostaria de saber se de facto estou a analisar de forma correta a seguinte frase:

«Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido, tem sido um desafio.»

Sujeito: «Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido.»

Predicado: «tem sido um desafio»

Predicativo do sujeito: «um desafio»

Agora, quanto ao sujeito, vejo um grupo nominal principal («Este encontro») e um complemento do nome encontro: «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido»

Continuando a análise em caixinhas dentro de caixinhas, este complemento do nome é constituído por dois grupos nominais, sendo o primeiro «o desejo de tornar Camões acessível a todos», e o segundo «e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido».

Deixarei para depois a análise deste último complemento que integra uma oração coordenada adversativa.

Para já interessa-me esclarecer o constituinte «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos». É composto por um grupo nominal «o desejo» e por sua vez por outro complemento do nome «de tornar Camões acessível a todos» assegurado por uma oração subordinada completiva.

Gostaria de proceder à análise sintática independente desta oração completiva: «Camões» seria complemento direto do verbo tornar;«acessível a todos» seria predicativo do complemento direto «a todos», complemento do adjetivo acessível.

A minha dúvida é esta: é defensável a ideia de que «a todos» seja complemento indireto?. Exemplo: «Eu tornei Camões acessível a todos»/ «Eu tornei-lhes Camões acessível» (parece-me pouco gramatical).

Obrigado e bom trabalho.

Christian Lesage Tradutor São Paulo, Brazil 247

Posso dizer "fui ladrado por um cão"?

Obrigado.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 234

Qual o correto?

1) Essas pessoas são ótimos empresários.

Ou:

2) Essas pessoas são ótimas empresárias.

No caso, são empresários masculinos e empresárias ao mesmo tempo, mas não sei se precisa ficar no feminino de igual modo por "pessoas" ser um termo no feminino.

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Geobson Freitas Silveira Funcionário público Bela Cruz, Brasil 334

Por gentileza, poderia me informar se, quando a ordem está invertida, entre verbos e seus complementos, é preciso virgular?

Ex.: «De maçã, eu não gosto.»

Lídia Cristina Ribeiro Linguista Madrid, Espanha 381

Tenho visto algumas frases em que a construção ao + infinitivo me parece inadequada, possivelmente por resultar de traduções literais do inglês by + ing form, e gostaria de saber se a sua aplicação está correta ou não nos exemplos de 1 a 3.

1) Pode ver mais informações ao clicar neste link.

2) Publica um anúncio ao aceder à página principal.

3) Descobre mais novidades ao ler este artigo.

Intuitivamente, costumo usar a construção ao + infinitivo em orações temporais ou temporais-causais e valido a sua utilização substituindo-a por quando ou marcas temporais similares, como nestes exemplos.

4) Ao sair de casa, reparei que me tinha esquecido da chave. (Quando saí de casa, reparei que me tinha esquecido da chave)

5) A rapariga corou ao ver o rapaz. (A rapariga corou porque/quando viu o rapaz)

6) Ouviu as notícias ao preparar o jantar. (Ouvi as notícias enquanto preparava o jantar)

Eu percebo que nos exemplos de 1 a 3 se possam substituir as expressões ao + infinitivo por quando e, ainda assim, obter frases gramaticais. Contudo, parece-me que há uma notória alteração no significado destas frases. Para ser mais exata, estas frases são exemplos inspirados em traduções do inglês em que a forma ao + infinitivo serve de tradução de by + formas terminadas em -ing, que optei por não partilhar na plataforma por razões de confidencialidade. No entanto, em inglês seria mais ou menos assim:

1) You can see more info by clicking on this link traduzido como «Pode ver mais informações ao clicar neste link»;

2) You can publish an ad by accessing the home page traduzido como «Publica um anúncio ao aceder à página principal»;

3) Learn more news by reading this article traduzido como «Descobre mais novidades quando leres este artigo».

Partindo dos exemplos em inglês, não me parece que haja uma intenção temporal/causal nas construções introduzidas por by + formas terminadas em -ing. Na verdade, estas construções parecem-me muito próximas daquilo a que anteriormente designávamos como complemento circunstancial de modo:

1) Como é que podes ver mais informações? Clicando no link

2) Como é que podes publicar um anúncio? Acedendo à página inicial.

3) Como é que descobrir mais novidades? Lendo este artigo.

Convocando outros exemplos, não me parece que na nossa língua se utilize o ao + infinitivo para descrever a forma como certas ações são concluídas e daí a minha estranheza perante estas estruturas.

Parece-me mais natural dizer:

7) «Visitámos vários países viajando de bicicleta» do que *Visitámos vários países ao viajar de bicicleta

8) «Ela informa-se das notícias lendo o jornal» do que *Ela informa-se das notícias ao ler o jornal

9) «Desloco-me ao escritório conduzindo» do que *Desloco-me ao meu escritório ao conduzir.

Ou seja, se a minha intenção é a de explicar de que forma concluo determinada ação, é natural a aplicação desta estrutura?

Obrigada pela ajuda.

Celso Alves Pais Formador e Docente do Ensino Superior Privado Sra da Hora, Portugal 285

Venho perguntar qual das frases é correta, ou mais correta: "passamos a vida a rebolar-nos na erva" ou "passamos a vida a rebolarmo-nos na erva"?

Helena Silva Médica Linda-a-Velha, Portugal 319

Estou a terminar um doutoramento numa instituição e gostaria de saber se devo dizer que sou "doutoranda nessa instituição" ou "doutoranda dessa instituição".

Muito obrigada.

Paulo Aimoré Oliveira Barros Aposentado Garanhuns, Brasil 274

Aqui no Brasil muitas pessoas costumam construir orações concessivas com a expressão «mesmo sem» a anteceder um verbo no infinitivo.

Exemplo: «Mesmo sem vê-lo, posso senti-lo.»

Entendo que se trata de uma locução de cuja legitimidade eu duvido bastante. Gostaria de saber a vossa opinião.

Agradeço-vos a atenção!

Misael Abreu Professor Simão Dias (SE) , Brasil 762

Gostaria de saber qual é a classe gramatical e a função sintática da palavra horrores na seguinte frase:

«Caminhamos horrores.»

Apenas para esclarecer o sentido, vejo a frase sendo usada para indicar que se caminhou muito, bastante, em demasia. 

Agradeço todos os esclarecimentos que puderem me oferecer.

 

Laiza Grener Estudante Rio de Janeiro, Brasil 817

Olá a todos desse maravilhoso site!

Gostaria de saber se posso utilizar a locução prepositiva «à luz de» como conjunção subordinativa conformativa.

Exemplo: «À luz do que é mencionado na Constituição Federal, fica vedada a associação de caráter paramilitar.»

Usei no sentido de «de acordo com, segundo, consoante,conforme, como». É válido isso?

Pois, conforme o Chat-GPT, o período: «À luz do que é mencionado na Constituição» → é uma locução prepositiva («à luz de») seguida de uma oração subordinada adjetiva: «do que é mencionado na Constituição Federal». Nesse caso, não temos uma conjunção subordinativa conformativa, mas sim uma locução prepositiva com sentido de conformidade ou fundamentação.

Obrigada.