Por obséquio, esclareça-me estas questões:
1. Na oração «Este cartão de crédito é importante para você», qual a função sintática da palavra importante e da expressão «para você»?
2. Nessa oração, o verbo ser poderia ser tratado como um «verbo transitivo direto e indireto» (pois quem é, é algo para alguém), de modo que a palavra importante seria objeto direto e a expressão «para você» seria objeto indireto?
Obrigado.
Tenho algumas dúvidas quanto ao processo de formação das palavras biforme e (o)/(a) caça.
Penso que a palavra biforme é formada por composição morfológica, sendo que tanto bi- como -forme são radicais (bi- = «duas» / -forme = «formas»), e seguindo o exemplo de cruciforme (cruci- = «cruz» / -forme = «forma»; «em forma de cruz»). No entanto, algumas gramáticas apresentam bi-/bis- como prefixo de origem latina, apresentando como exemplos bisneto, bimestral, o que me leva a duvidar do processo de formação da palavra biforme. Assim sendo, biforme é um composto morfológico ou palavra derivada por prefixação, ou pode-se considerar os dois processos?
Quanto à palavra caça, a dúvida consiste na expressão «o caça». Esta palavra surge descontextualizada num exercício, pelo que creio que o raciocínio de quem o resolve pode levar à consideração de dois processos distintos de derivação, uma vez que tanto a conversão como a derivação não afixal permitem a formação de nomes a partir de verbos. Como classificar o processo da palavra «(a) caça» no par de frases «ele caça muito bem» e «a caça de elefantes é proibida» e da palavra «(o) caça» no par «ele caça muito bem» e «o caça voa a alta velocidade». A minha primeira lógica é classificá-los como conversão, mas serão ambas formadas da mesma forma? Se não, como explicá-lo a alunos de 8.º ano?
Obrigada pela atenção.
A minha dúvida prende-se com a regência de ávido. Li no vosso material que a ávido se segue a preposição de (ver "Regência", no Glossário de erros mais frequentes).
Todavia, tenho visto em muitos livros a preposição por, principalmente quando a esta se segue uma forma verbal. Por exemplo, «ávido por cooperar», «ávido por mexer», etc,
Será que estamos perante uma formulação errada e a forma correta continua a ser com a preposição de (por exemplo, «ávido de cooperar» a «ávido de mexer»)?
Obrigada.
Em computação existem os deterministic finite automata, que costumam ser traduzidos como «autómatos finitos deterministas» ou como «autómatos finitos determinísticos». Pesquisando as expressões no Google, a primeira expressão aparece em 612 resultados e a segunda em 2770, mas se restringir a sites .pt, então tenho a primeira com 141 resultados e a segunda com 102.
Nas minhas aulas comecei por adoptar a primeira forma (determinista) ao invés da segunda, que foi a que aprendi enquanto aluno, por ser aquela a forma que o livro que existia em português adotava. De forma resumida, um autómato é determinista/determinístico se, para um determinado par (estado, símbolo), transita, no máximo, para um único estado. Será não determinista ou não determinístico se puder transitar para mais do que um estado.
Assim, perante todos estes dados, a pergunta será qual a forma mais correta?
Obrigado.
P.S. Vi esta explicação – "Determinista e determinístico" –, mas continuei com dúvidas, dado que aqui o contexto é diferente.
O adjetivo esbulhado pode selecionar a preposição com, reger a preposição com?
«Sentiu-se esbulhado com o que houve.»
E nesta frase:
«O Imperador viu-se esbulhado de reinar com este ato.»
Nesse caso, a preposição com refere-se a que constituinte frasal? Não será igualmente regida por esbulhado como se dá à preposição de?
Muito obrigado ao vosso excelente trabalho!
Na frase «A linguagem é o recurso último e indispensável do homem», se o adjetivo destacado for deslocado para antes do substantivo recurso («último» recurso), haverá alteração de sentido frasal?
Há diferença semântica entre «último recurso» e «recurso último»? Se sim, qual?
Muito obrigado!
Nunca podendo deixar de apontar a excelência do vosso trabalho, solicito a vossa pronúncia sobre os termos helénico e heládico. São sinónimos? Se não são, a que se refere heládico? Se são, quando aplicar um e outro?
Com os melhores cumprimentos.
Gostaria de saber qual seria a regência nominal correta para o predicativo intocável.
O correto seria «sentir-se intocável aos problemas do mundo» ou «sentir-se intocável pelos problemas do mundo»?
Desde já, com meus votos de estima e consideração ao trabalho inestimável prestado por vocês, meu muito obrigado.
Como poderei classificar uma espécie de peixe presente em todos os oceanos? "Circunglobal" ou, à semelhança de circum-estelar, "circum-global"?
Obrigada
A resposta que D'Silvas Filho deu a uma consulta de 21.12.2007 sobre as variantes úmido e húmido sugere que a variante brasileira (úmido) inovaria relativamente à portuguesa (húmido), embora não escandalizasse (muito), mesmo nos «hábitos europeus» dos portugueses, já que dispensaria um h que não se pronunciava.
É isto verdadeiro apenas em parte, já que, embora o período pseudoetimológico da ortografia nos legasse húmido, era originariamente umidus o étimo latino. Assim, o que era falso cultismo (húmido) se tornou, com o tempo, a forma popular, a qual os formuladores da ortografia oficial brasileira acabariam por preterir em favor do cultismo, este sim, etimologicamente correto, úmido.
Não quero com isto sugerir que o étimo latino correto deva ser o parâmetro por excelência para a definição da aceitabilidade de determinada grafia, até porque, para mim, o parâmetro por excelência é o uso culto efetivo, real, nos nossos dias, pelo que úmido é errado em Portugal, e certo no Brasil, e húmido é errado no Brasil e certo em Portugal.
A minha única intenção foi esclarecer que, diferentemente do que sugeriu D'Silvas Filho, não houve liberalidade brasileira, mas, pelo contrário, rigorismo.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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