Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Semântica
José Luiz Ferreira Reformado Lisboa, Portugal 1K

Bem haja o Ciberdúvidas, e bem hajam os seus colaboradores pelo importante veículo que são em prol do correto uso da nossa língua.

Muito agradeço o vosso esclarecimento sobre o seguinte:

Atentas as expressões, frequentes:

A. «Se não queres que ninguém saiba, não o faças nem o digas.»

B. «Se queres que ninguém saiba, não o faças nem o digas.»

Que as duas expressões são convergentes, acho que sim, que são. Mas serão ambas corretas ou só uma em prejuízo da outra? E no último caso, qual delas?

A resposta poderá ser a sacramental (que penso ser a A.), mas a dúvida subsiste.

Agradeço o vosso douto comentário.

Caio Kenzo Silva Wakatsuki Estudante Naviraí-MS, Brasil 4K

O uso de e e «além disso», seguidos, na mesma oração, é correto?

Exemplo: «fulano disparou com a arma de fogo e, além disso, estourou uma bomba.»

Desde já, agradeço a atenção.

Fátima Oliveira Professora Portugal 1K

Gostaria que me esclarecessem quanto ao valor aspetual configurado no seguinte enunciado:

«(Mas quantas vezes, ao lado desse progresso,) vamos deparando com uma acrescida aridez relacional.»

A questão prende-se essencialmente com o valor aspetual presente no complexo verbal «vamos deparando».

Por um lado, parece poder ser imperfetivo; mas será aceitável o habitual ou iterativo?

Obrigada.

Estela Maria Ferreira Esteves Professora Viseu, Portugal 1K

Qual o tipo de modalidade e valor modal das seguintes afirmações:

«Sou a portadora desta carta para Vossa Excelência. Que não venha cá, porque isso seria inútil, e muito perigoso.»

 

Deisi Deffune Economista Brasil 1K

Qual a forma correta: ritmação ou ritmização?

João Castro Financeiro Porto, Portugal 4K

É correto terminar uma frase com «lidar com»?

Exemplo: «Quanto à falta de pontualidade, tenho dificuldade em lidar com»

Na minha opinião a frase poderia ser «Quanto à falta de pontualidade, é algo com que tenho dificuldade em lidar» ou «Tenho dificuldade em lidar com a falta de pontualidade».

Fiz este reparo à minha filha que me respondeu que todos os amigos falam assim e que a frase está correta.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 1K

Relativamente ao "hábito" de se responder a partir das perguntas dos enunciados, noto uma tendência que se traduz na seguinte frase:

«A importância dos sonhos É QUE/É PORQUE a personagem pressente algo ruim.»

Perguntava-vos, como tal, se é aceitável uma construção desse género.

Obrigado.

Maria Silva Estudante Portugal 1K

Antes de mais, parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido!

Tenho uma questão... no excerto:

«Portugal tem dois vizinhos: o oceano Atlântico e a Espanha. Um deles foi visto durante muito tempo como uma opção arriscada, traidora e perigosa, o outro era líquido.»

Numa questão apresentada em aula, considerou-se que, ao recorrer a "um deles" e a "o outro", se punha em evidência a coesão interfrásica.

Esta análise é a correta? Se sim, por que razão?

Muito obrigada pela atenção dispensada!

Ines Dutra Prof universitário Portugal 1K

Dicionário Priberam define antecipar como «pensar com antecipação que algo vai acontecer. = ANTEVER, PREVER». E este significado já existe há muitos anos.

Vamos contrariar o dicionário?

Hiyashi Osamu Estudante São Paulo, Brasil 2K

Tenho uma questão quanto à qual a gramática tradicional é um tanto quanto esquiva, então gostaria de seus pareceres.

Se trata de campo semântico de adjetivos em sintagmas nominais com mais de um substantivo.

Considerando-se que a GT [gramática tradicional] diz que um único adjetivo caracteriza mais de um substantivo (pelo menos enquanto o sentido do adjetivo os cobrir) e que isso ocorre conforme a disposição de termos no sintagma — inclusive em todos os casos de concordância atrativa — (o que é minha maior dúvida se de fato o é), me interesso em saber como contornar interpretações equívocas nestes casos, mormente casos em que a concordância atrativa é obrigatória, por ex., quando adjetivo(s) anteposto(s) (funcionando de adjunto adnominal) aos nomes:

«Comprei manuais e gramáticas velhos/velhas.»

(penso que caracterize ambos independentemente da ausência de determinantes e da concordância estabelecida, tanto é que se objetivasse a caracterização de somente um nome contornaria assim:

«Comprei manuais velhos e gramáticas.» / «Comprei gramáticas velhas e manuais.»

Nestes casos, a concordância se faz obrigatoriamente com o mais próximo, pois logicamente só há o mais próximo para concordar. Por conseguinte, quanto a isso também gostaria de saber que acham.)

«Comprei velhos manuais e gramáticas.»

(nota-se que o sentido do enunciado, provocado pelo deslocamento do adjetivo, mudou.

Aqui começa a complicar em meu entender, pois o adjetivo pode, conforme sua carga semântica, caracterizar ambos. E fico em dúvida se efetivamente ocorre, a ausência de determinantes teria alguma implicação diferente na interpretação? Suponho que não...

«Comprei os manuais e as velhas gramáticas.»

(Por mais que a concordância seja atrativa, não por intuição possibilidade de caracterização semântica de ambos.)

Para não ir à exaustão com exemplos, para com casos de adjuntos adnominais, paro por aqui.

Ao predicativo do objeto agora:

Minha questão com este é mais sobre como contornar a interpretação de que ambos os substantivos são modificados. Para tal recorrendo a pontuação, penso conseguir fazê-lo. No entanto, como estou estudando pontuação ainda (sou um exímio "pontuador"); não sei se satisfaço plenamente a questão, portanto a vocês recorro.

«Comprei velhas as gramáticas; e os manuais» (não necessariamente velhos).

(E as gramáticas enquanto velhas, não necessariamente estão velhas no momento da enunciação.)

Aguardo suas reflexões ansiosamente. Obrigado pela atenção.