Segundo me recordo, pela altura da minha 4.ª classe no Outeiro de São Miguel, na Guarda, ensinava-nos a irmã Gaspar (a nossa professora de Português) que, se bem que existam situações em que as vírgulas devam ser obrigatoriamente utilizadas, elas são utilizadas para acentuar uma pausa, de forma (a) que (por forma que) o leitor ou orador que está a ler o texto tenha a possibilidade de respirar durante a leitura e destacar de forma adequada o sentido das palavras. Alguém me dizia também que as vírgulas podem ser livremente utilizadas, desde que isso faça sentido. Custa-me contudo acreditar que, se bem que certas situações sejam admitidas como certas, elas venham substituir definitivamente as situações que anteriormente estavam legitimamente certas. Acho que é a isso mesmo que se chama evolução (da língua), o que não quer automaticamente dizer que ela siga pelo melhor caminho.
A título de exemplo:
«, contudo,»
«Se desejar contudo proceder...» (a minha versão, a qual considero mais acertada) vs. «Se desejar, contudo, proceder...» (a outra versão)
Acho uma aberração a utilização de uma única palavra entre duas vírgulas.
Seguindo esta mesma lógica, pior ainda será utilizar duas vezes na referida situação:«, como, por exemplo,». Segundo o meu parecer, acertado será «, como por exemplo,».
Será que alguém me poderia elucidar mais alguma coisa acerca do assunto?
Um deputado, licenciado em Direito, pronuncia, na palavra contexto a sílaba -tex valendo tês. Todavia, o Dicionário Porto Editora confere à sílaba em questão a elocução –teis, o que está, aliás em consonância com texto, contextual, contextuação, etc.
Para mim, que sou ignorante nestas matérias, e, para mais sem a proeminência de ser deputado eleito da A. R., testo com aquela pronúncia só conheço na acepção: «tampa de vasilha», «cabeça», «chapéu».
Todavia, tendo em conta a proveniência do referido homem público, ficamos na dúvida se estamos na presença de uma variante insular açoriana, ou, pelo contrário, não passa de pura alarvice, isto na hipótese de que tenha completado no continente a sua instrução primária.
A palavra "reflectíveis" existe?
Solicito informação sobre qual o gentílico de Calhandriz, freguesia do concelho de Vila Franca de Xira.
Caros senhores, no versículo 27 do capítulo 8 do evangelho de Mateus (Novo Testamento) podemos ler: «Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?» Tenho a impressão de que o tradutor cometeu um erro de regência, pois as gramáticas nos ensinam que o pronome relativo pertence ao verbo que vem depois. Como o verbo obedecer é transitivo indireto (exige complemento preposicionado), creio que a preposição deve anteceder ao pronome relativo. Assim, o tradutor bíblico deveria haver escrito: «Quem é este a que os ventos e o mar obedecem?» Estou certo, senhores? Se tenho apoio gramatical, como analisais a supramencionada tradução?
Quero agradecer-vos a fineza de responder-me.
Gostaria que me esclarecessem se existe derivação irregular e, se existe, em que consiste. É que nos programas de ensino aparece um conteúdo sobre o processo de formação de palavras, e mais concretamente a derivação irregular, e não sei se se estará a falar de derivação imprópria ou não.
Obrigado!
Como se classifica a palavra "água benta", quanto à sua formação?
Será uma palavra composta por aglutinação?
O professor doutor Manuel Freitas e Costa refere no seu Dicionário de Termos Médicos, da Porto Editora, o termo ortodôncia ou ortodontia (de orto- e do gr. odoús, odóntos «dente» e –ia) s.f. como «Ramo da medicina dentária ou odontologia que está relacionado com a profilaxia e o tratamento da maloclusão dos dentes (relação anormal entre os dentes superiores e os dentes inferiores)».
Admite também o mesmo dicionário os substativos ortodoncista ou ortodontista como «especialista em ortodôncia ou ortodontia» e ainda ortodonto como «indivíduo que tem os dentes regulares e bem implantados».
Gostaria de saber se podemos, de modo semelhante, utilizar o termo “exodonto” para um indivíduo que apresenta exodôncia (protusão dos dentes para a frente e para fora) como se explica na pergunta/resposta 27 207.
Obrigado.
Encontro no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora o substantivo desrealização, como termo filosófico e psicológico usado para designar, grosso modo, uma certa alienação em relação ao mundo real concreto. Contudo, não encontro o verbo "desrealizar" como indicador da acção do processo de "desrealização". Será incorrecto usar este verbo? Por exemplo: «As imagens televisivas desrealizam o mundo.»
Desde já grato pelo esclarecimento que me possam prestar.
«Ao domingo vou dançar» e «no domingo vou dançar». Posso dizer «ao domingo vou dançar»? É considerado erro?
Muito obrigada.
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