As regras do emprego do hífen eram das áreas menos bem resolvidas na reforma ortográfica de 1945. Pela sua dispersão de critérios consoante se tratasse de locuções, de compostos onomásticos, do vocabulário comum, por exemplo, mas também pela falta de sistematização em áreas de grande similitude como era o caso flagrante das formações com prefixos de origem latina e grega, eivados de uma complicadíssima panóplia de regras e exceções sem grande coerência entre si que só um (bom) prontuário ortográfico permanentemente à mão conseguia clarificar. Para já não falarmos dos chamados falsos prefixos em palavras, de mais recente formação, sejam eles do domínio técnico e científico, da moda ou do consumo – sem qualquer normativo para sua codificação escrita.
Como ficou isto resolvido – mais bem dito: simplificado – com o Acordo Ortográfico e, concretamente, nas suas Bases XV (Do hífen em compostos), XVI (Do hífen nas prefixações) e XVII (Do hífen) na ênclise, na tmese e com o verbo haver)? Damos a resposta por duas vias: no consultório, no esclarecimento a esta pergunta: «Qual a redação atualmente correta da palavra "antiabuso"?»; e, na rubrica O Nosso Idioma, com uma excelente sistematização das novas regras sobre o emprego do hífen, da autoria do professor universitário brasileiro Roberto Sarmento Lima.1
1 Ver ainda: Ortografia Portuguesa + A questão do emprego do hífen no Acordo Ortográfico.
Cursos de Português, no verão, para estrangeiros, em Lisboa, sempre os houve. Basta lembrar os mais antigos e conhecidos, como os ministrados pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. Fora os muitos outros de âmbito privado, como é o caso dos do CIAL. Mas, que se saiba, não havia ainda nenhum que juntasse a língua, a cultura e Lisboa - só e apenas para turistas que a querem calcorrear fora dos roteiros mais… “turísticos”. É esta a original proposta de Ciranda, à volta do português. Ainda por cima, com uma suplementar particularidade de os seus cursos e atividades culturais procederem da… Galiza, Santiago de Compostela.
A pergunta – e a resposta subsequente – é do deputado português José Ribeiro e Castro, no artigo-reflexão que, com data de 31 de maio p .p., publicou no Diário de Notícias. Fica igualmente disponível na rubrica Controvérsias, conjuntamente com outros seus textos e iniciativas1 sobre «o último acto de um dossiê deplorável»:
«Portugal [aceitou] desqualificar o Português na União Europeia, pela imposição de uma troika linguística no regime europeu de patentes: Inglês, Francês e Alemão. É o Acordo relativo ao Tribunal Unificado de Patentes, há semanas aprovado pela Assembleia da República, que abortou a discussão para impor o inaceitável.
A coisa não tem defesa possível. Ninguém surge a defendê-lo com argumentos transparentes, que façam sentido. E os agentes da coisa apressaram-se a amordaçar e interromper o processo parlamentar, não fosse a coisa desandar.
O sector é contra. A indústria é contra. Não temos vantagens económicas – um estudo da DeLoitte demonstra os inconvenientes e riscos. O acesso à Justiça fica mais desigual e caríssimo. Os linguistas são contra. O sistema é de tal tipo, que podemos beneficiar dele sem sermos parte, isto é, mantendo as patentes em Português em Portugal. Em suma: não temos vantagem; não temos interesse; e os nossos direitos fundamentais são atropelados. Então, como é que isto sucede? Deve haver certamente alguns cheios de dores nas pernas e costas de tanto andarem de cócoras.»
1 Entre essas iniciativas, avulta o apelo-petição ao Presidente da República portuguesa, Em defesa da Língua Portuguesa na União Europeia. Ver ainda Cidadãos recorrem a Cavaco para defender a Língua Portuguesa.
Como já anteriormente anunciámos, a necessidade de acertos na presente reestruturação gráfica e informática do Ciberdúvidas forçou à interrupção do seu consultório e demais rubricas – sem prejuízo das regulares atualizações de relevância informativa, que ficam sempre devidamente assinaladas no campo dos Destaques, em baixo.
É o caso presente, nomeadamente com uma curiosidade à volta da palavra machimbombo, caída em desuso em Portugal, desde que, em 1913, deixou de se chamar assim ao que passaria a ser o que é hoje o lisboeta elétrico 28. Ou, ainda, esta outra curiosidade constante num dos dois novos episódios do programa Mambos da Língua – O tu-cá-tu-lá do português de Angola, emitido na Rádio Nacional de Angola: o coletivo de pessoas em... 22 variantes1.
1 Trata-se do 61.º episódio, tendo o 62.º como tema a confusão muito comum no uso da palavra grama.
Como já aqui foi exposto, o serviço prestado pelo Ciberdúvidas estendeu a habitual pausa nas férias de verão, em Portugal, para acertos indispensáveis na sua mais recente reestruturação gráfica e informática. A quantos nos consultam regularmente, voltamos a agradecer que nos remetam os reparos a quaisquer anomalias eventualmente detetadas, por este endereço de correio eletrónico: ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com.
Voltaremos com as atualizações regulares no dia 1 de setembro, mantendo-se, naturalmente, o livre acesso a todo o vasto e diversificado arquivo do Ciberdúvidas – e, sempre que for caso disso, com notícias e qualquer outro tipo de informações relevantes sobre a língua portuguesa. É o caso das mais recentes, aqui.
«O incremento de formas de expressão quase guturais como os SMS e o Twitter apenas dá expressão a um problema mais de fundo que é a desertificação do vocabulário, fruto de pouca leitura, e de um universo mediático muito pobre e estereotipado.» Assim se refere o político e historiador português José Pacheco Pereira à linguagem contemporânea, para depois escalpelizar as opções lexicais semanticamente ocas do discurso político vigente, numa crónica publicada no jornal Público e disponível também na rubrica O nosso idioma.
Como temos vindo a assinalar, prossegue a reestruturação do Ciberdúvidas, agora com especial atenção dedicada a vários acertos informáticos. Enquanto procedemos a tais correções e alterações, é natural que o portal fique por vezes temporariamente inacessível, situação para a qual pedimos, desde já, a compreensão dos nossos consulentes. Procuraremos retomar a normalidade o mais rapidamente possível, mas, entretanto, muito agradeceremos também que todas e quaisquer anomalias eventualmente detetadas por quem nos consulte por estes dias sejam comunicadas por este endereço de correio eletrónico:
ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com .
Lembramos ainda que, não obstante o consultório ficar interrompido até ao dia 1 de setembro, damos, como sempre, livre acesso à consulta de todo o vasto e diversificado arquivo do Ciberdúvidas, na ordem, já, dos 40 mil textos e respostas. É o caso de Com respeito às palavras, uma reflexão que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma, da autoria da escritora portuguesa Hélia Correia, recém-galardoada com o Prémio Camões 2015 (ver Abertura de 22/06/2015).
O texto já leva um ano de publicação1, mas não podia estar mais atual, nestes dias que correm do tudo-ou-nada da questão grega (ou será, antes, o do futuro da própria União Europeia?). E como foram, estão e vão ser descritos estes tempos de crise política, económica e social? Com que palavras e que sentido vão elas tomando nesta «narrativa» dominante? Que «vocabulário esmaecido» é este? Por exemplo, quando se fala de «austeridade», de «gorduras do Estado» ou de «indignação» – no caso particular, já, de Portugal –, do que se está a falar, afinal? E qual o papel de quem o reproduz, assim, tão acriticamente? Com respeito às palavras, a estas e a toda a retórica subjacente, é a reflexão que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma, da autoria da escritora portuguesa Hélia Correia, recém-galardoada com o Prémio Camões 2015. Uma razão acrescida para a atualidade deste notável texto2.
1 in jornal Público de 17 de janeiro de 2014.
2 Porque vem a propósito e está igualmente muito atual, (re)leia-se também o texto A (falsa) reforma da palavra «reforma», da autoria da linguista Daniela Cordeiro.
O consultório do Ciberdúvidas fica interrompido desde esta data, tal como fazemos sempre por esta altura do ano, férias de verão, em Portugal. E, como é também tradição no Ciberdúvidas, não deixaremos de dar aqui o devido registo do que tiver relevância noticiosa sobre a língua portuguesa, sempre que for caso disso.
Estaremos de volta, em pleno, no dia 1 de setembro – aproveitando esta pausa para alguns acertos técnicos no que ainda falta afinar na nova estrutura informática e gráfica do portal. Para eles, agradecemos desde já os reparos e as sugestões de melhoria que nos têm sido enviados para (repetimos) o endereço ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com
Os usos da língua portuguesa têm sido fonte inesgotável para a criação de efeitos de cómico, pelo menos, desde Gil Vicente (1465?-1536?), autor que muito aproveitou a variação dialetal e socioletal para os seus autos e farsas. O sotaque e certos chavões são, por exemplo, aspetos que a generalidade de cómicos e humoristas explora – basta lembrar as muitas figuras inventadas por humoristas portugueses como Herman José ou Ricardo Araújo Pereira. Mas será possível fazer humor à volta de termos e conceitos gramaticais mais elaborados ou menos conscientes no conhecimento que temos da linguagem quotidiana? O programa brasileiro Porta dos Fundos, que o YouTube popularizou entre os falantes de português, atreveu-se a brincar com a gramática descritiva, a propósito de noções como conetor (ou conector, ou ainda, como também se diz, conetivo) e tipos de frase (declarativa, interrogativa, entre outras). O resultado foi o episódio intitulado Problemas linguísticos*, que a seguir se apresenta:
* Agradecemos ao consulente Nicolas Maia (Rio de Janeiro, Brasil) a chamada de atenção para este vídeo.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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