«O incremento de formas de expressão quase guturais como os SMS e o Twitter apenas dá expressão a um problema mais de fundo que é a desertificação do vocabulário, fruto de pouca leitura, e de um universo mediático muito pobre e estereotipado.» Assim se refere o político e historiador português José Pacheco Pereira à linguagem contemporânea, para depois escalpelizar as opções lexicais semanticamente ocas do discurso político vigente, numa crónica publicada no jornal Público e disponível também na rubrica O nosso idioma.
Entretanto, no Pelourinho, de Angola, e com a assinatura de Lénio Gomes António, deixamos mais um reparo sobre o mau uso, na imprensa, do adjetivo humanitário/a: «"Crise humanitária" causada pelo ébola» (?!). E, no consultório — interrompido no seu regular funcionamento até ao dia 1 de setembro, pelas razões já anteriormente expostas —, ficam em linha três novas respostas atrasadas. Na primeira, evidencia-se a capacidade de a língua se renovar ao integrar neologismos como pixelizar; na segunda, descobre-se o parentesco entre açougue e o arabismo suque; e, na última, descreve-se o uso da construção «vamos a» seguida de infinitivo.
O tema do programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 26 de junho (na RDP África, às 13h30*; com repetição no dia seguinte, 27 de junho, às 9h10*) centra-se na descrição da língua e no seu uso: o que é um erro de morfologia? Como se denominam as árvores que produzem a manga e o quivi? Uma entrevista com a escritora Hélia Correia, galardoada com o Prémio Camões 2015, é a proposta do Páginas de Português de domingo, 28 de junho (às 17h00*, na Antena 2).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando também disponível via Internet, nos endereços de ambos os programas.