1. Na cena internacional, os conflitos arrastam-se e geram-se situações de impasse diplomático, enquanto, em Portugal, as atenções se centram nas eleições de 18 de maio para a Assembleia da República. Mas falemos da Galiza e do Dia da Letras Galegas, que se celebra em 17 de maio. A Galiza é uma comunidade autónoma espanhola com profunda afinidade linguística e cultural com Portugal, e os media portugueses recordam por vezes o significado dessa relação, uma herança do português nem sempre devidamente reconhecida. Na verdade, o contributo da Galiza não é só o da Idade Média, e um trabalho incluído no jornal Público, em 11/05/2025, relembra que a família e o apelido de Camões terão origem no sul da atual província de Pontevedra, na povoação de Camos, não longe de Vigo; que Fernando Pessoa também tinha um antepassado galego da província da Corunha que emigrou para os Açores; e até a genealogia de Eça de Queirós inclui gente galega. Há, portanto, uma grande ligação não só da história linguística, mas igualmente da história demográfica, por via das migrações que a fronteira nem sempre travou. Voltando ao Dia das Letras Galegas, assinale-se que a edição de 2025 é dedicada à poesia popular oral, conforme a conservaram quatro mulheres da freguesia de Mens, isto é, quatro cantareiras, homenagem com qual, lê-se nas páginas da Real Academia Galega, se quer «recoñecer a importancia da poesía popular oral, que acompaña a nosa sociedade desde sempre». Anote-se que cantareira é um caso de "falsos amigos" entre o galego e o português: com efeito, este vocábulo não se relaciona com cântaro, mas, sim, com cantar, com o significado de «cantiga, canto». Em galego, uma cantareira será aproximadamente o equivalente a cantadeira, ou seja, mulher que canta canções tradicionais, muitas delas com versos e quadras igualmente conhecidas em Portugal.
Na imagem, ilustração de de Nuria Díaz (crédito: Cultura Galega, 10/03/2025).
2. No outro lado do mundo, em Timor-Leste, pergunta-se como evolui o português em Timor-Leste. Que papel tem este idioma na sociedade do país? Em Lusofonias, divulga-se com a devida vénia uma reportagem da SIC Notícias sobre a função identitária que a língua portuguesa exerce entre os Timorenses.
3. Na oferta de emprego e na atividade empresarial, desengane-se quem pense que o português é irrelevante. Um trabalho incluído no Público Brasil (06/05/2025) e disponibilizado em O Nosso Idioma mostra que a língua portuguesa é fator diferencial na admissão de novos profissionais nas empresas brasileiras.
4. Na frase «João foi à escola durante o período da tarde», deve colocar-se uma vírgula entre «escola» e a expressão circunstancial «durante o período da tarde»? A resposta está no Consultório e integra o conjunto de cinco esclarecimentos, que abrangem outros tópicos: a etimologia de alguns termos relativos aos jogos de cartas; a sintaxe do verbo chocar; a expressão «pagar em dinheiro»; e a construção «esse tal de...».
5. Porque «fim de semana» não tem hífen e guarda-chuva tem? No 29.º episódio de Ciberdúvidas Vai às Escolas, esclarece esta dúvida, de um estudante do Instituto Politécnico de Lisboa. Quanto a Ciberdúvidas Responde, o 34.º episódio trata de outra questão, relacionada com as regras da concordância: diz-se «conteúdos e competências estratégicas» ou «conteúdos e competências estratégicos»?
6. O escritor angolano Luandino Vieira completou 90 anos em 4 de maio do corrente ano. O aniversário do escritor foi assinalado por As Artes entre as Letras, que lhe dedica o n.º 386 (14/05/2025). Acrescente-se que o autor de Luuanda (1963) é um dos participantes no colóquio “Ventos de Mudança – Como ler as independências cinco décadas depois”, organizado nos dias 15 e 16 de maio pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em comemoração dos 50 anos da independência dos países africanos de expressão oficial portuguesa (cf. Jornal de Letras, 14 a 27/05/2025, p. 31). À volta deste escritor e da literatura angolana, sugere-se a leitura dos seguintes conteúdos em arquivo: "Prémio Camões 2006 atribuído ao escritor angolano José Luandino Vieira", "Papéis da Prisão de Luandino Vieira em versão digital", "Linguística da literatura angolana" e "Uma viagem lusófona".
7. O registo, ainda, de Flores de Cinza, o novo livro da escritora Dora Gago, cujas crónicas abordam frequentemente questões da língua (ver aqui).
8. Temas de dois dos programas que, na rádio pública de Portugal, dizem respeito à língua portuguesa:
– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 16/05/2025, 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), o investigador Paulo Feytor Pinto (CELGA/ILTEC) aborda o português como língua pluricêntrica no contexto africano, temática que será discutida na 11.ª Conferência sobre Línguas Pluricêntricas e suas Variedades Não-Dominantes, que decorrerá de 22 a 24 de maio, em modo híbrido, no Iscte.
– Em Páginas de Português (Antena 2, no domingo, 18/05/2025, 12h30*; repetido no sábado seguinte, 24/05/2025, 15h30*), o mesmo investigador apresenta as características das línguas pluricêntricas, com os seus enquadramentos teóricos e implicações sociais, educacionais e culturais, discussão que será promovida também na 11.ª Conferência sobre Línguas Pluricêntricas e suas Variedades Não-Dominantes.
* Hora oficial de Portugal continental.