O texto já leva um ano de publicação1, mas não podia estar mais atual, nestes dias que correm do tudo-ou-nada da questão grega (ou será, antes, o do futuro da própria União Europeia?). E como foram, estão e vão ser descritos estes tempos de crise política, económica e social? Com que palavras e que sentido vão elas tomando nesta «narrativa» dominante? Que «vocabulário esmaecido» é este? Por exemplo, quando se fala de «austeridade», de «gorduras do Estado» ou de «indignação» – no caso particular, já, de Portugal –, do que se está a falar, afinal? E qual o papel de quem o reproduz, assim, tão acriticamente? Com respeito às palavras, a estas e a toda a retórica subjacente, é a reflexão que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma, da autoria da escritora portuguesa Hélia Correia, recém-galardoada com o Prémio Camões 2015. Uma razão acrescida para a atualidade deste notável texto2.
1 in jornal Público de 17 de janeiro de 2014.
2 Porque vem a propósito e está igualmente muito atual, (re)leia-se também o texto A (falsa) reforma da palavra «reforma», da autoria da linguista Daniela Cordeiro.
Com o consultório do Ciberdúvidas interrompido até ao dia 1 de setembro, pelas razões anteriormente já expostas, deixamos ainda as referências aos dois novos episódios do programa Mambos da Língua – O tu-cá-tu-lá do português de Angola, que passam a ser emitidos na presente semana na Rádio Nacional de Angola: Caçar ≠ cassar (59.º) e O(s) coletivo(s) de abelhas (60.º).