Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Eis que, no mesmo dia da publicação do texto "Português formatado, no estilo e no erro!", no qual lamentava o estilo único dos textos jornalísticos, Vasco Graça Moura (VGM), num artigo de opinião, no Diário de Notícias, contradita na prática aquilo que ali afirmei....

Temos hoje em Portugal, com maior prevalência na escrita, um português formatado composto por um conjunto mais ou menos variável de palavras, dependendo da literacia do escrevente, mas sobretudo com uma sintaxe demasiado semelhante. As razões desse facto são várias e não faço sequer sobre isso qualquer juízo valorativo. Embora pessoalmente preferisse ver diferença enriquecedora onde vejo secante normalização. Isso nota-se bastante, por exemplo, nos meios de comunicação social que são hoje dem...

O Oporto Football Club, talvez inspirado em Saint George, o piedoso filho de Lord Albert of Conventry, o vero e true, não o Jorge Nuno, espalhou por todo o country uma Dragon Force, termo genérico para umas primary schoolls de football. Eles ensinam a lot, quer dizer, ou, I mean, muitas coisas ligadas a essa arte maior que é o jogo da bola, game of the balls.

«Não sabia que entre os subordinados havia dois amantes dos pombos, dois columbófilos, palavra talvez ainda não existente na época, salvo porventura entre iniciados, mas que já devia andar a bater às portas, com aquele ar falsamente distraído que têm as palavras novas, a pedir que as deixem entrar.»

Se os dicionários que compramos nas livrarias incorporassem toda a informação dos dicionários electrónicos, teríamos de levar um carrinho de supermercado para os adquirirmos.

Os dicionários via Internet, quando não autênticas enciclopédias, são úteis, por exemplo, na consulta de plurais e de conjugações verbais. O plural de pêra leva acento? E o plural de júnior? O condicional do verbo partir na 2.ª pessoa do plural leva acento? Onde?

Já se tornou um hábito o Diário de Notícias (DN) distribuir, nos meses de Verão, uma colecção de livros. São normalmente pequenos livros de bolso de bons autores. Já se tornou um hábito também essas edições terem, por vezes, pouca qualidade, quer do ponto de vista da obra de livro, quer sobretudo do cuidado posto na revisão dos textos. Este ano não foi excepção. É óbvio ...

A flash interview não é para qualquer um. É uma espécie de momento Andy Wharol — os seus famosos minutos de fama — que implica o frenético jornalista e uma de duas personagens: o jogador de futebol, afogueado de tanto pensar com os pés, ou o deputado e afins, cuja voz enrouqueceu dependurada (...).

Na explicação-notícia do jornal Expresso, que passou a ser editado segundo as novas regras do Acordo Ortográfico, um guia anexo sobre as principais mudanças no português escrito, da autoria de Daniel Ricard...

O economês no seu pior

No (bom) jornalismo, entre dois sinónimos – um que a maioria dos leitores conhece e outro que a maioria dos leitores não conhece –, opta-se sempre pelo mais conhecido. Entre dois vocábulos similares – um vocábulo em linguagem portuguesa corrente e um vocábulo culto em língua estrangeira –, só por pedantismo se prefere a fineza do étranger. A escrita narcísica, exibicionista de uma putativa erudição, pode reconciliar muitos egos, mas dificulta a compreensão do texto e reduz o número de leitores. (...)

A vuvuzela dos anglicismos

Gosto da vuvuzela, a palavra. Anteoiço a cacafonia. Se tudo ficasse na oficina artesanal do homem que a inventou, junto aos capacetes de mineiro acrescentados com adornos e cores chibantes, sublimando a escondida e subterrânea saga do ouro, que bela empresa seria! A oportunidade de negócio impôs a sua reprodução em plástico e a vuvuzela inundou o mercado. Quem irá, agora, aos quintais dos artífices, nos subúrbios de Joanesburgo, as townships, saber da sua estória e ver como se faz?