Eis que, no mesmo dia da publicação do texto "Português formatado, no estilo e no erro!", no qual lamentava o estilo único dos textos jornalísticos, Vasco Graça Moura (VGM), num artigo de opinião, no Diário de Notícias, contradita na prática aquilo que ali afirmei. A dado passo refere que «[… a Europa] é historicamente um mosaico de tésseras dinâmicas e interactivas […]». Não conhecia a palavra. Embora pelo contexto intuísse o seu sentido. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Houaiss) esclarece-o. Téssera, naquele contexto, tem o valor de peça. Entre outros significados, téssera é uma peça quadrada ou cúbica usada para embutidos e mosaicos. A Europa é assim, para VGM, um mosaico de peças dinâmicas. Ainda segundo Houaiss, téssera é também a tabuinha que, na Roma Antiga, servia como bilhete de voto, bilhete de entrada de teatro ou como senha, e a tabuleta em que os chefes militares transmitiam ordens aos seus subordinados pelo tesserário. Não se pretende, mesmo em artigos de opinião, uma escrita literária, vernacular, à maneira de Camilo Castelo Branco ou de Aquilino Ribeiro, mas, é desejável que ela interpele o leitor e o surpreenda pela estética da forma. VGM consegue-o. É dos poucos, hoje, que, se não assinasse os textos, era reconhecível pelo estilo. É a excepção. Oxalá seja desmentido por outro e outro, ainda hoje, amanhã e depois de amanhã... Pedindo de empréstimo o título do artigo de VGM, talvez não seja tarde, também para a escrita em português.