Apesar do seu uso (quase) generalizado, «há anos atrás» e congéneres são redundâncias que vale a pena repensar.
O verbo haver, associado a uma palavra que designa tempo, indica passado; o advérbio atrás significa, por sua vez, «tempo já passado; antes, anteriormente». Logo, o emprego simultâneo do verbo haver e do advérbio atrás é redundante.
Evitaremos a redundância, se, em vez de «há anos atrás», dissermos, simplesmente, «há anos» ou «anos atrás» — à semelhança do que acontece com outras expressões temporais, como «anos antes» ou «passados anos»…
Uma pesquisa pelo Corpus do Português permite verificar que redundâncias como «há anos atrás» não se encontram atestadas em escritores consagrados, embora aí surjam em textos de imprensa. No dia-a-dia, verificamos os seu uso abundante não apenas nos jornais, mas também na rádio e na televisão portuguesas.
É certo que o uso faz lei e que uma língua não se rege apenas por factores lógicos. A verdade, também, é que a sua utilização não valoriza nem a língua portuguesa nem aqueles que a ela recorrem.