A diferença basilar entre complementos e modificadores reside no facto de os primeiros serem selecionados por uma palavra, completando-lhe o sentido, enquanto os segundos são constituintes que não são selecionados, introduzindo na frase informações adicionais.
Os complementos do nome são constituintes essenciais para que a realidade sobre a qual se pretende falar seja claramente explicitada. Por exemplo, se utilizarmos o nome amigo, percebemos que este necessita de um complemento para referir toda a realidade, pois um amigo é sempre «amigo de alguém». Note-se, no entanto, que é possível utilizar estes nomes que pedem complemento isoladamente, o que leva a que a frase fique com um sentido mais vago ou genérico, como se observa pelo confronto entre (1) e (2):
(1) «O amigo do Rui toca guitarra.»
(2) «O amigo toca guitarra.»
Embora não seja possível elaborar uma listagem completa dos nomes que pedem complemento, é possível identificar alguns que normalmente se constroem com este constituinte:
(i) nomes deverbais: nomes formados a partir de verbos que se constroem com complemento, estrutura que o nome mantém: «Destruir uma casa» - «A destruição da casa»;
(ii) nomes fragmentadores: «uma fatia de…» ou «uma parte de…»;
(iv) nomes argumentais: «autor de…», «ajuda de…», «a hipótese de…»;
(v) nomes de parentesco: «pai de…», «filho de…»;
(vi) nomes de estados psicológicos: «medo de…», «alegria de…»;
(vii) nomes que denotam obras de arte: «livro de…», «filme de…», «capítulo de…»;
(viii) nomes pictóricos, relacionados com imagem: «fotografia de…», «pintura de…»;
(ix) nome de matéria: «mesa de vidro», «fato de seda»1
Os modificadores, por seu turno, podem incidir sobre o nome, sobre o grupo verbal ou sobre a frase, introduzindo na frase informações sobre circunstâncias variadas. Os modificadores da frase incidem sobre toda a frase e podem ser:
(i) um advérbio: «Felizmente, hoje não vai chover.»
(ii) uma oração: «Embora não esteja a chover, vou ficar em casa.»
Os modificadores do grupo verbal incidem sobre o grupo verbal e podem ser:
(i) um advérbio: «Ele correu velozmente.»
(ii) um grupo preposicional: «Acabei a corrida com o auxílio do João.»
(iii) uma oração: «Estudou para passar no exame.»
Os modificadores do nome incidem sobre o nome e podem, entre outras possibilidades, ser:
(i) um adjetivo: «Uma rapariga loura»
(ii) uma oração subordinada adjetiva relativa: «A rapariga que conheci no sábado»
(iii) um sintagma preposicional: «A escola da minha amiga»
Os modificadores de nome podem ser de dois tipos:
(i) restritivos: incidem sobre o nome restringindo o seu significado e surgem ligados diretamente ao nome: «a rapariga morena», «o livro que leste no sábado»;
(ii) apositivos: são expressões destacadas por vírgulas que incidem sobre o nome fornecendo informações variadas sobre este: «D. Dinis, rei de Portugal, escreveu esta cantiga.», «D. Dinis, que se destacou como poeta, nasceu em 1261.»
Esta sistematização deverá ser complementada com exercícios e reflexão para que o conhecimento fique consolidado.
Poderá ainda consultar os Textos Relacionados para casos específicos e testes de identificação destas funções sintáticas.
Bom estudo!
1. N.A. (28/05/2021) – Esta proposta é apresentada em Mateus, Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 341-343. No entanto, não se trata de uma interpretação consensual. Note-se que em Raposo se considera que estes sintagmas preposicionais modificam o nome enquanto sintagmas preposicionais classificadores (cf. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1069-1070).