Sem o artigo definido, o complemento «de Marinha» que integra o nome próprio Museu de Marinha, denominação de um espaço localizado em Lisboa, marca o valor genérico de marinha, como forma de denotar um tipo1 de museu quanto ao assunto ou ao tema2. Com o artigo definido, a expressão «Museu da Marinha» marca a construção de uma referência específica e é interpretável como denominação de um espaço que diz apenas respeito à Marinha portuguesa, um ramo das Forças Armadas de Portugal.
Como a intenção do nome atribuído ao museu é a de sugerir que se trata de um museu sobre marinha, isto é, relativo à marinha genericamente entendida, a primeira denominação, «Museu de Marinha», afigura-se, portanto, mais adequada. Acrescente-se que este espaço lisboeta é contíguo a um outro museu, o Museu Nacional de Arqueologia, cujo nome também exibe a preposição de, sem artigo definido antes do nome arqueologia (não se diz «museu nacional da arqueologia»). Neste caso, o emprego do nome sem artigo definido permite também definir o tipo de museu.
1 Como observa João Andrade Peres, na Gramática do Português (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p.793), as expressões nominais constituídas por um nome no singular sem artigo definido (na terminologia empregada por este autor, «sintagmas nominais reduzidos singulares») têm o «valor referencial genérico de tipo» como um dos seus valores predominantes. É o caso de expressões com a função de complementos de nomes e modificadores de nomes, como «acidente de moto» ou «livro de bolso» (idem, ibidem, p. 795).
2 À semelhança de «pesca da baleia», que admite «pesca baleeira» como construção adjetival alternativa, também seria de considerar a possibilidade de uso de «museu marinheiro», como expressão equivalente a «museu de marinha». No entanto, o uso de marinheiro está de tal modo associado à noção de «pessoa que navega, que se dedica à navegação», que se exclui essa equivalência.