O constituinte «de sombras» tem a função de complemento oblíquo.
Este constituinte não desempenha a função de complemento do nome memória porque a sua relação sintática é estabelecida com o verbo e não com este último nome, como se pode observar pela possibilidade de pronominalização do nome:
(1) «Cobrir-lha de sombras.»
Esta operação sintática mostra que «de sombras» não integra o constituinte com a função de complemento direto, tendo, portanto, outra função.
O verbo cobrir tem várias possibilidades sintáticas, que se apresentam de seguida:
(i) pode funcionar como verbo transitivo direto (pedindo um complemento direto):
(1) «O gelo cobriu a casa.»
(ii) pode funcionar como verbo transitivo direto e indireto (pedindo dois complementos, um direto e outro indireto):
(2) «Cobriu as mãos ao pai.»
(iii) pode funcionar como transitivo direto e indireto (pedindo dois complementos, um direto e outro oblíquo):
(3) «Cobriu o chão de flores.»
(iv) pode funcionar como transitivo direto e indireto (pedindo três complementos, um direto, outro indireto e outro oblíquo):
(4) «Cobriu as mãos de beijos ao pai = cobriu-lhe as mãos de beijos.»
O caso apresentado pela consulente integra-se nesta última possibilidade, pelo que o constituinte «de sombras» é pedido pelo verbo e desempenha a função sintática de complemento oblíquo.
Disponha sempre!