Infelizmente não existem testes 100% seguros para fazer a distinção em apreço. Começo por dizer que tanto complementos como adjuntos são opcionais (cf. Adeilson Pinheiro Sedrins, "A estrutura do sintagma nominal e as propriedades sintáticas de distinção das funções de adjunto e complemento do nome", in Clemilton Lopes Pinheiro, Ensaios sobre Língua e Literatura, Maceió, Edufal, 2006, págs. 11-62), o que torna a tarefa de os distinguir mais difícil do que acontece com a identificação de complementos verbais. Por exemplo, recorre-se muitas vezes ao teste da omissão de constituinte para mostrar que um complemento verbal não pode ser suprimido sem afetar o sentido global da frase: assim, em «ele fez um filme», o constituinte «um filme» é complemento verbal, pois a sua omissão produz uma frase agramatical (*«ele fez»). Não é isto que se verifica com o complemento do nome: perante a frase «a construção do edifício foi embargada», é possível omitir o complemento «do edifício» e obter uma frase gramatical (OK «a construção foi embargada»).
Dito isto, convém dizer que podemos identificar o complemento do nome com base nas suas propriedades e, para isso, recomendo a leitura da resposta "O complemento e o modificador restritivo do nome", de Edite Prada. Quanto a testes de identificação, nalguns estudos de sintaxe também se aceitam critérios mínimos que podem, no entanto, deparar-se com exceções (Sedrins, op.cit, pág. 43):
1. Ordem:
Um jogador de futebol do Benfica
*Um jogador de Benfica de futebol
um estudante de linguística da Universidade de Lisboa
*um estudante da Universidade de Lisboa de linguística
2. Os complementos não constituem predicação autónoma:
O João é um jogador de futebol e é do Benfica.
*O João é jogador do Benfica e é do futebol.
3. os complementos podem ser extraídos do grupo nominal a que pertencem, enquanto os modificadores não evidenciam essa possibilidade:1
Vimos a queima dos fogos?
OK De que (é que) vimos a queima?
O João comeu o bolo de chocolate.
*De que comeu o João o bolo?
1 No entanto, este teste não é operante com complementos de nomes concretos como estudante ou jogador:
Ela conhece o jogador de futebol do Benfica.
*De que conhece ela o jogador do Benfica?