Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
/Félis/, tal como quer e diz, sempre, António Bagão Félix
Erro recorrente nos "media" portugueses

A incorreta pronúncia do apelido atleta portuguesa Dulce Félix  voltou a ouvir-se, apropósito da sua vitória na pova dos 10 000 metros dos Campeonatos  Europeus de Atletismo, em Helsínquia

Um superlativo <b>mais bem estudado</b>, convinha...

Qualquer bom aluno sabe que a forma melhor do advérbio bem não se utiliza antes do particípio passado dos verbos usados com valor adjetival, mas, sim, a forma analítica mais bem (mais bem feito, mais bem estudado, etc.).

Não é, manifestamente, o caso ao lado assinalado1. Um caso, de tão repetido, que justificava, pois, uma melhor preparação. Era só o assunto estar mais bem estudado no jornal que erigiu o Acordo Ortográfico como fonte de todos os maus tratos à língua portuguesa.

 

A confusão entre os substantivos descrição e discrição é muito comum nos jornais portugueses, pouco atentos a estes dois casos de palavras parónimas. Desta vez foi A Bola que, na sua edição online de 12 de junho de 2012, ao transcrever o comunicado de demissão do vice-presidente do Sporting, Paulo Pereira Cristóvão, referia:

«Essa situação era do conhecimento de um grupo restrito de pessoas, às quais, desde já, agradeço a descrição mantida durante esse período.» (A Bola)

Um

Nada a fazer: o modismo do "Rónaldo", com o o artificialmente aberto, pegou de estaca no audiovisual português.

A confusão entre os verbos vir e ver é recorrente mesmo na comunicação social escrita. Desta vez foi o Diário de Notícias (DN) que errou ao referir, numa pequena notícia sobre a proibição de as mulheres iranianas assistirem, em ecrãs gigantes, às transmissões públicas dos jogos do Euro 2012:

«Os homens quando vêm futebol ficam excitados, tornam-se vulgares e até dizem piadas porcas» (DN, n.º 52 292, de 12 de junho de 2012, p. 35).

Há uns dias numa entrevista ao jogador do Sporting Fito Rinaudo podia ler-se:

«Eles vivem as coisas assim, com pressão mas para mim isso não tem pressão alguma. Se jogo uma final riu-me , pois já joguei no inferno, temos que nos adaptar.» (A Bola, 4 de junho de 2012).

No semanário Expresso(Primeiro Caderno, n.º 2064, 26 de maio de 2012, p. 25), numa notícia sobre uma parceria entre a Cáritas e o Banco Espírito Santo, escreve-se:

«Muitas das solicitações que chegam à organização “são para arranjar emprego”, conta Eugénio Fonseca. “Daí que haja uma componente de empregabilidade na pareceria com o Banco Espírito Santo" […]».

Dracma “ele”, escrevem uns jornais, dracma “ela”, escrevem outros, a propósito de a Grécia sair ou não do euro. Texto publicado no jornal i de 25/05/2012.

 

A Grécia sai do euro ou não sai? O euro e a Europa sobrevivem? Em meio a ciclópicas indefinições e labirintos de incertezas, saber se “dracma” é “ele” ou “ela” não parece importante. Mas convinha que os jornalistas estivessem de acordo. É uma questão de fé.

Numa entrevista publicada no Diário de Notícias (n.º 52 267, de 18 de maio de 2012, p. 56) e a propósito de uma eventual participação de árbitros estrangeiros na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o antigo árbitro António Garrido afirmava:

«Sou favorável a que esses intercâmbios abranjam países como Itália, Espanha, Inglaterra… Mas atenção: o intercâmbio tem de ser mútuo, árbitros estrangeiros em Portugal e árbitros portugueses no estrangeiro.»

O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) publicou no Expresso (Primeiro Caderno, n.º 2063, 12 de maio de 2012, p. 31) um anúncio com o seguinte texto:

«Quem tem uma média acima da média merece o nosso reconhecimento.

Quadro de Honra* do ISEG

[Seguem-se os nomes]

*Licenciados com media igual ou superior a 16 valores entre 1915/1916 e 2010/2011.