Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

A língua portuguesa vale 17 por cento da economia. A headline vem no “Público” que, desenvolve o assunto, num article a páginas tantas, lá mais inside, no miolo do newspaper. A revelação (revelation?) já mereceu a lot of stories e essays na press. Este milagre deve ser o result de algum upgrading dos magnifícos and magnificents advisores que o Cabinet está sempre a contratar. Ainda agora foram mais seis...

Equívocos à volta do uso dos termos racionalização e racionamento (na medicação de doenças particularmente graves) e de devolução e reposição (de subsídios cortados). Com uma recomendação para o recurso – «intensivo, quando não obrigatório» – ao Ciberdúvidas. In jornal i de 29/09/2012.

 

(...) É consabido que o português é uma língua difícil e traiçoeira e, por isso, convém que quem a usa publicamente o faça com grande rigor. Duas situações recentes [em Portugal] são particularmente ilustrativas.

«Como flagelo que será motivo de muitíssimas notícias no futuro, o desemprego já deveria estar a ser tratado com respeito e consideração […] Para fazer referência à taxa, o jornalista pode dizer “a taxa do desemprego em Portugal é elevada, se comparada com a taxa europeia”; mas não pode deixar a taxa de lado e dizer “o elevado número do desemprego”, para significar o elevado número de desempregados.» alerta Wilton da Fonseca na sua crónica no jornal português <a href="http://www.ionline.p...

«Um disse “modelar”, o outro disse “modular” […]. Apesar de pouco exigentes – na escolha dos seus governantes e dos jornais que compram – os leitores sabem que com “modelação” ou com “modulação” vão acabar por abrir o bolso ainda mais e continuar a ser servidos por quem não tem respeito pela língua portuguesa.» Os equívocos à roda do uso dos dois verbos são tema da crónica do jornalistas  Wilton Fonseca,  publicada no jornal i de 24 de setembro de 2012.

 

A resistência às <i>manifes</i> e o vezo às

A resistência às manifes e o vezo às “manifs” voltaram a emergir, um pouco por todo o lado, nos registos jornalísticos das grandes manifestações de 15 de setembro, contra a austeridade e as medidas recessivas em Portugal e por toda a Europa, em geral. E, claro, nos comentários e escritos deixados na blogosfera, por regra ainda mais descuidados. É repetido, mas não custa nada lembrar o que Carlos Rocha já clarificara no anterior apontamento "Manifs" e manifes:

Evacuação

«”Deflagrar”, “lavrar”, “consumir”, “prejuízos incalculáveis”, “cortina de fumo” estão no “top ten” dos jornalistas quando há incêndios», lembra o ex-diretor da agência Lusa, neste apontamento à volta do recorrente mau emprego do verbo evacuar nos media portugueseses. In jornal i de 10 de setembro de 2012.

«… o resultado foi devastador: água por todos os lados, tiros certeiros na gramática e a língua a pique, tendo surgido, aos borbotões, “emersões” e “imersões”, “emergíveis”, “imersíveis” e “imergíveis”». Texto publicado no jornal “i” de 27/08/2012, na coluna do autor “O ponto no i”.

 

Uma moral fortemente abalada

«Todos sabemos que não é só nos Jogos Olímpicos que Portugal fica aquém das metas e longe das medalhas. Mas se no desporto essas falhas têm sobretudo consequências para a moral nacional, na economia costumam ter preços bem mais altos.» Editorial do jornal Público de 24 de agosto de 2012, sob o título "Falta saber o preço de não atingir a meta".

 

Um <i>h</i> pela medida grossa

Medidas até podia havê-las, para o caso em apreço (o “vapor” «que vai faltando» à publicidade nos media portugueses, na televisão em particular). Não as havendo, o “h” naquele há medida que só mesmo pela medida grossa.

«Quem puder que estabeleça a fronteira entre a javardice e a arte urbana, entre o irrelevante e a contravenção, entre o vandalismo e o respeito pela propriedade alheia, entre um italianismo e o seu aportuguesamento». Texto publicado no jornal "i" de 13 /08/2012.