Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Outros Diversidades A Galiza e o galego
Textos que versam sobre as variedades nacionais e regionais do português.
«Há um vírus que está a matar o galego»
Entrevista com escritor e professor universitário Carlos Quiroga

«O mercado dos livros, o escrever para o público, no caso galego é servir uma norma, servir uma ideologia que está a acabar com a língua, com uma cultura que se exprime em galego.» – opina o escritor Carlos Quirogareintegracionista e defensor do «galeguismo histórico» na sua ligação a Portugal, numa entrevista conduzida pelo jornalista Artur Cassiano e publicada no Diário de Notícias em 18 de junho de 2022. O entrevistado, que é professor na Universidade de Santiago de Compostela, fala da sua atividade literária e tece algumas considerações sobre o futuro da língua galega.

 

Qual é a distância entre o galego e o português?
Uma métrica para a variação intra e interlinguística

«[...] na escrita, a distância entre o português actual e o português do tempo de Camões é apenas ligeiramente inferior à distância, na actualidade, entre o galego e o português. Aproveitemos a proximidade — afinal, se conseguimos ler Os Lusíadas, também conseguimos ler em galego.»

O professor universitário, divulgador de temas linguísticos e tradutor Marco Neves apresenta um método – o da métrica da Perplexity Language Distance (Distância Linguística da Perplexidade) – para avaliar objetivamente a distância entre línguas e as suas variantes internas. As conclusões a que chegou um grupo de investigadores galegos é que o português e o galego evoluíram de maneira divergente a partir do século XV, até ao século XIX, para depois convergirem com o castelhano, que tem, desde cedo, importante interferência em ambos, mas de forma diferenciada. Transcreve-se com a devida vénia o presente artigo, mantendo a ortografia de 1945 adotada pelo texto original.

As consequências do franquismo para o galego
Passado recente e perspetivas futuras da situação linguística da Galiza

«O franquismo deixou um desprestígio do galego e é um entrave que continua hoje» – afirma o filólogo e linguista Henrique Monteagudo, vice-secretário da Real Academia Galega (RAG) e professor da Universidade de Santiago de Compostela, numa entrevista conduzida pela jornalista Montse García e incluída em La Voz de Galicia em 31 de janeiro de 2022. São declarações do especialista a propósito do seu novo livro – O idioma galego baixo o franquismo. Da resistencia á normalización (Editorial Galaxia) –, no qual se analisa a política linguística durante a ditadura franquista em Espanha e se foca o papel da resistência galeguista. Além disso, o autor comenta as perspetivas (nem sempre risonhas) que atualmente se abrem à língua galega.  Tradução/adaptação do texto original em galego (este conforme as normas da RAG).

«A língua portuguesa tem de ser ensinada,  <br>ouvida e lida na Galiza»
Reclama o presidente da Associação Galega da Língua

O reintegracionismo galego, ainda pouco conhecido em Portugal, luta para que o galego, língua cooficial no território da Galiza, deva convergir com o português, principalmente adotando a sua ortografia, por razões históricas e também para garantir o seu futuro. Entrevista* a Eduardo Maragoto, presidente da Associação Galega da Língua.

 

* in jornal eletrónico Esquerda.net, de 11 de outubro de 2020, a seguir transcrita com a devida vénia.

Primeira imagem: Eduardo Maragoto. Imagem Nós Televisión

O galego vai salvar-se no português?
A situação linguística na Galiza

Em 17 de maio comemora-se na Galiza o Dia das Letras Galegas, cada ano dedicado a uma figura notabilizada pelo contributo da sua obra para o vernáculo galego. Em 2020, a celebração teve como homenageado Ricardo Carballo Calero, também conhecido como Carvalho Calero, destacado filólogo e grande defensor da aproximação do galego ao português, numa posição que tem adeptos na Galiza e se tem denominado reintegracionismo ou lusismo. Mas que justificação terá a convergência linguística desta região autonómica do Estado espanhol com o mundo de língua portuguesa? Para responder à questão e assinalando também esta festa galega, o jornalista português Ruben Martins desenvolveu o trabalho que, com a devida vénia, adiante se transcreve, do suplemento P2 do jornal Público de 17 de maio de 2020 (manteve-se a ortografia original, anterior à norma vigente).

É correto o uso do termo <i>desescalada</i> em galego?
Em Portugal, apesar de estar recolhido, não se emprega a respeito do desconfinamento
Por Irene Pin

Em Espanha, circula o termo desescalada para designar o processo que se chama desconfinamento em Portugal. Na Galiza, o jornal galego Nós, na sua edição de 26 de abril de 2020, dá conta das dúvidas sobre a introdução do termo espanhol na língua galega e interroga alguns especialistas sobre a correção do mesmo, num confronto com outros idiomas, incluindo o português.

Adaptaram-se o título e o subtítulo originais, mas manteve-se o texto em galego (na ortografia aprovada pela Real Academia Galega). As palavras suscetíveis de incompreensão são seguidas do seu equivalente em português corrente entre parênteses retos. Na imagem, aspeto da famosa Praça do Obradoiro em Santiago de Compostela durante a crise sanitária de abril de 2020 (Fonte: Galicia é, 14 de abril de 2020/Agência EFE).

Aprenda num minuto a colocar pronomes
Regras gramaticais comuns ao galego e ao português
Por Carlos Amado e Esther Estévez

Um resumo das principais regras de colocação do pronome átono em galego, que são muito semelhantes, se não idênticas, às do português europeu. Um vídeo da série #DígochoEu (o mesmo que "digo-to eu"), um projeto de Carlos F. Amado e Esther Estévez Casado* produzido pela Televisão da Galiza (TVG).

* Episódio emitido em 15 de fevereiro de 2020. Sobre este projeto, veja-se a entrevista dada pelos seus responsáveis  em A revista fin de semana, TVG, 25/01/2020.

 

 

Porque querem os galegos ver televisão portuguesa?
Uma reclamação bem antiga
Por Marco Neves

A emissão canais de rádio e televisão portugueses na  Galiza faz parte do acordo de governação em Espanha entre o PSOE e o Bloco Nacionalista Galego. Como escreve neste artigo* o professor universitário e tradutor português Marco Neves autor do livro O Galego e Português são a mesma Língua?  trata-se de uma reclamação antiga do parlamento  galego que em 2014 aprovou  uma lei que incentivava o ensino do português e a recepção das televisões portuguesas no território. Na imagem a desembocadura do rio Minho e a margem portuguesa vistas do Monte de Santa Tecla, na Guarda, Galiza (fonte: buscarutas.com).

* No blogue do autor Certas Palavras.

A nossa língua no mapa de Espanha?
A relação dos portugueses com a situação linguística da Galiza

As listas de nomes de lugar associadas aos mapas de Espanha podem tornar-se desconcertantes para qualquer falante de português, porque nelas se encontram topónimos com pouco ou nada de castelhano, como «O Barco», «A Guarda», «Gondomar», «A Lagoa», «Cabana Moura» ou «O Reino». Será que a cartografia espanhola mostra especial deferência com a chamada lusofonia? Longe disso. A abundância de nomes "portugueses" deve-se à Galiza, onde existe um rico património linguístico que está na origem da própria língua portuguesa. Esta e outras surpresas galegas constituem o tema do texto a seguir transcrito com a devida vénia, da autoria do tradutor e professor universitário Marco Neves, que o publicou em 22 de outubro de 2017 no Sapo 24 (manteve-se a ortografia, anterior à norma de 1990).

Na imagem, a placa toponímica do lugar de A Igrexa (= igreja), na paróquia de Calo, no concelho de Teo (Santiago de Compostela, Galiza). Fonte: GaliciaPress.