Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos que versam sobre as variedades nacionais e regionais do português.

Volto a repetir que devo muito à minha mãe como uma educadora com visão e capacidade de planeamento e execução. Ela tinha muita consciência da importância de contactos sociais. Além de se dar bem com os vizinhos, ela tinha-se apercebido bem da mentalidade colonial de hipocrisia e compadrio para avançar na vida. Ela serviu-se em larga medida de mim para conseguir os seus objectivos sociais e económicos. O meu irmão mais velho não correspondia às expectativas da minha mãe nesse sentido.

 

H...

Era o início de Junho de 1952. Acabava o Verão e chegavam as monções do ano. Começava o ano lectivo e o meu primeiro contacto oficial com a língua portuguesa. A minha mãe levou-me para a escola primária. Não distava mais de meio quilómetro da minha casa. Era para inscrever-me no curso preparatório ou inicial. Mas passadas duas semanas a minha mãe viu que eu não aprendia nada, e eu disse-lhe que ninguém me atendia na escola. Eu não tinha razão para queixa nenhuma, porque divertia-me mais. A mi...

 

A minha mãe decidiu tirar-me da escola. Fiquei chateado por ter que abandonar os novos colegas de brincadeiras. A minha mãe não era uma pessoa para desistir, e para o cúmulo da minha desgraça decidiu levar-me nesse mesmo dia para a casa do senhor Caru Mashel (Caridade Maciel). Ele era já bastante conhecido na aldeia como um educador privado, e só aceitava treinar a quem ele quisesse. E desses poucos privilegiados, pouquíssimos perseveravam para além de uma semana ou duas.

A presença portuguesa não deixou somente marcas léxicas em Goa. Ficaram topónimos, embora raros. O bairro da aldeia de Moirá onde fica situada a minha casa ancestral é Povoação. Não pude ainda descobrir desde quando começou-se a utilizar esta designação. O bairro também retém a designação vernácula "gão", o que significa uma aldeia.

A presença portuguesa não deixou somente marcas léxicas em Goa. Ficaram topónimos, embora raros. O bairro da aldeia de Moirá onde fica situada a minha casa ancestral é Povoação. Não pude ainda descobrir desde quando começou-se a utilizar esta designação. O bairro também retém a designação vernácula "gão", o que significa uma aldeia.
Provavelmente assim se explica a tradição que lhe aponta como o primeiro povoado da aldeia, que depois se estendeu para novos bairros que se foram criando. O bai...

A especifidade literária indo-portuguesa inclui no seu vocabulário «chatim», «chatinar», «bouço»,«langotim», «cambolim», etc.   E a língua Concani dos goeses ficou com tantas outras palavras de origem portuguesa. A conversão para o cristianismo substituiu o templo pela «igorz», «vedi» pelo «altar», «bhôtt» pelo «padri», ao mesmo tempo que o outro lado da realidade humana assumia também uma forma indo-portuguesa com «merd», «fodrichó», «fuj-da-put», e «bonk» (bom cú)! 

A especifidade literária indo-portuguesa inclui no seu vocabulário «chatim», «chatinar», «bouço»,«langotim», «cambolim», etc.E a língua Concani dos goeses ficou com tantas outras palavras de origem portuguesa. A conversão para o cristianismo substituiu o templo pela «igorz», «vedi» pelo «altar», «bhôtt» pelo «padri», ao mesmo tempo que o outro lado da realidade humana assumia também uma forma indo-portuguesa com «merd», «fodrichó», «fuj-da-put», e «bonk» (bom cú)!
Já vos contei donde vem o m...

Palavras portuguesas na língua lingala
Uma das grandes línguas bantas africanas
Por Rui Ramos

Ananasi (ananás), bendele (bandeira), fulele (flor). Kristo (Cristo). loso (arroz), manteka (manteiga), pilipili (piripiri), sinema (cinema) e tomati (tomate) são alguns termos originários do português absorvidos pela língua do Norte de Angola, o lingala – enumerados neste apontamento da autoria do jornalista luso-angolano Rui Ramos

 

Será que só o malabarismo político ficou do nosso património dos Descobrimentos? Existem centenas de vocábulos que enriqueceram a língua portuguesa falada e escrita, como consequência dos contactos com o Oriente. Achei que algo desse património histórico-linguístico poderia ser recuperado através duma série de curtas narrativas histórico-biográficas. Se o meu vocabulário e o meu estilo têm muito de anacrónico, isso faz também parte da «diversidade» da lusofonia.

(...) Quando há uns meses o Secretário-Geral da Academia [Portuguesa da História], Revdo Pe. Henrique Rema, pediu-me para fazer a conferência comemorativa de hoje, eu pensei que talvez a minha origem indiana estivesse por trás do convite. Julguei também por um momento que fosse um desafio que se me lançava para testar o meu patriotismo em público. Poderia não ter sido nada tão conspiratório, e fez-me lembrar da paranóia e mal-entendidos que acompanharam o encontro de Vasco da Gama com o Orien...