O lingala é uma das grandes línguas bantas africanas, falada nos dois Congos (onde é idioma nacional) e nos países fronteiriços. Formou-se a partir do dialecto bobangi e de outras pequenas línguas congolesas. A partir de 1929 transformou-se na língua das forças armadas, da polícia da administração, das religiões, política, escolas e imprensa do então Congo Belga, sendo enriquecida com palavras em inglês, swahili, francês e português.
O contributo do português para este importantíssimo idioma africano – no qual são cantadas as mais belas músicas do continente africano – é surpreendente quando se sabe não ter havido um contacto directo entre os dois idiomas. Para essa «creoulização» deve ter sido relevante, no entanto, a presença de missionários portugueses.
Depois da independência de Angola, com a entrada no país de centenas de milhares de pessoas vindas do Zaire, o lingala expandiu-se, tendo um estatuto próximo de língua nacional. Também hoje em Portugal, devido à já considerável imigração de zairenses (agora de novo congoleses), não é raro ouvir-se conversações em lingala.
Enumeram-se a seguir alguns chamando-se a atenção, no entanto, para o facto de haver dúvidas quanto à origem portuguesa ou francesa de algumas dessas palavras.
A
ananasi (ananás)
B
batisimu (baptismo)
bendele (bandeira)
F
felo (ferro de engomar)
fulele (flor)
K
kamela (camelo)
kaminyo (camião)
kazaka (casaco)
kopo (copo)
koyekola (estudar)
Kristo (Cristo)
kuruse (cruz)
L
lomingo (domingo)
loso (arroz)
M
makako (macaco)
manga (manga/fruto)
makuta (dinheiro)
manteka (manteiga)
matabisi (matabicho, gorjeta)
mesa (mesa)
mosantu/basantu (santo/santos)
mosikitele (mosquiteiro)
P
pilipili (piri-piri)
S
sabala (sábado)
saboni (sabão)
saki (saco)
sapato (sapato)
satana (satanás)
sefu (chefe)
sinema (cinema)
sukali (açúcar)
T
tomati (tomate)
tribunali (tribunal)
tumbako (tabaco)
V
vinu (vinho)
W
wolo (ouro)
Cf. Expressões de Angola + Kwadi: uma língua perdida de Angola com uma história para contar