Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Conceituado (= que é tido em certo conceito) já pode fazer pressupor uma avaliação positiva sobre alguém ou alguma coisa. Se lhe antepusermos o advérbio bem, então, fica desfeita qualquer margem de ambiguidade possível. Por isso, qualificar uma casa de alterne - ainda por cima num caso sob acusação de lenocínio, tráfico de mulheres estrangeiras para a prostituição e favorecimento da imigração cla...

 

Dez  novos estádios de futebol em Portugal, transbordando de shoppings e shopping centers, megastores e disc dances para aqui, health clubs e naming rights para acolá...

Péssimo futebol falado

O regresso do futebol jogado em Portugal trouxe também o futebol… falado. Pessimamente falado. Com as transmissões televisivas e os relatos da rádio, lá voltaram os "flash interview" – melhor: "/flashinteviú/", que é como se ouve chamar àquelas pequenas (ou curtas) entrevistas dos treinadores e jogadores na TV... –, a "prestação" (até há os que preferem "/prestáção/"...) e a "performance". É o futebolês no seu pior estilo: feio e nivelado por baixo (...)

Tendências de Verão

Os Média e a Ordem de Fénix

Vinte e um de Junho. Primeiro dia do Verão. Mais um "best-seller" à venda por todo o mundo: Harry Potter e a Ordem de Fénix - infelizmente, os locutores portugueses esqueceram a lição de Bagão Félix (/félis/ e não "felics") e caíram logo na esparrela, pronunciando "fénics" em vez de /fénis/. Ou "finics", à inglesa, como preferiu um locutor da SIC (...)

Se os serviços publicitados por certas empresas tiverem a mesma qualidade que tem a linguagem dos folhetos que os promove, então são certamente muito maus!
      Uma publicidade TELJORGE apresenta aos seus clientes grande número de opçoes e soluçoes. Desde os sofás Danubio e Tanger, passando pelo modelo chairlong, o louçeiro Clip e o quarto sem gavetoes, que se pode encontrar em cor cerejo. Para tanto basta...

    Não é preciso um grande esforço de atenção para nos apercebermos, nas mais diversas situações, dos maus tratos que a língua sofre no dia-a-dia, em serviços prestados quer por empresas privadas quer públicas.
Uma manhã destas, ao ouvir no noticiário da Antena 2 que o Grande Prémio da APE fora atribuído a Lídia Jorge, chamou-me a atenção um "vão haver menos espectáculos"...

"Destak" é o título de um jornal de distribuição gratuita nas estações dos comboios em Portugal. "Destak": assim mesmo, com aquele k a fazer de que – tal como o do anómalo Kinas. Aquele k no nome da estapafúrdica mascote do próximo campeonato/copa europeu/européia de futebol foi justificado como forma expedita de "passar" melhor o evento que se vai realizar em Portugal, em 2004 (...)

 

     Alguns exemplos destes metadiscursos:
     O fogo amigo. O que é "o fogo amigo"? "O fogo amigo" é referido sempre que um míssil apontado para um alvo iraquiano se mostra menos "inteligente" (outra subtileza linguística deste conflito…) e, em vez de atingir o "inimigo" pretendido, lança a morte nas suas próprias forças. Se as "baixas" (outro vocábulo ora muito em voga) não falassem inglês, o "fogo amigo" passaria a ..."danos colaterais".

O baixo nível do futebol português não se avalia apenas pelo exibido nos estádios, e que as imagens via TV ainda mais escancaram. Basta ouvir falar os chamados dirigentes (honra às excepções!), especialmente quando eles se pontapeiam verbalmente uns aos outros. Ou os jogadores, treinadores e, até, os comentadores do meio, que tratam a língua (honra também às excepções!) como nem à bola mais esfarrapada. Na exacta medida, afinal, do cartaz empunhado por um grupo de adeptos do falido Sporting Fare...

A Câmara Municipal de Albufeira acaba de seguir o exemplo da Prefeitura do Rio de Janeiro na penalização dos responsáveis pelos cartazes publicitários (e não só) com erros de Português. Ora aí está uma excelente iniciativa, e não apenas em prol desta tão maltratada Língua Portuguesa em locais públicos. Com tantos erros que grassam por aí, a senhora ministra das Finanças bem pode sorrir: para além das portagens, há outra forma de colmatar o défice das contas públicas...