Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

     Frase do dirigente do CDS-PP para o primeiro-ministro português José Sócrates, no debate na Assembleia da República, no passado dia 12 de Julho: «V. Ex.ª fala do dever dos contribuintes para com o Estado, mas, claro, o mesmo princípio não se aplica ao Estado nas suas obrigações para com os cidadãos e as empresas que o financiam. E há-de convir que isso retira muita credibilidade ao seu ar decidido com que aparec...

Ainda no mesmo jornal 3: «Ouro. Uma grama por dia, à espera que a mina volte a abrir».

Pela enésima vez: grama, a milésima parte da massa do quilograma-padrão, é masculino. Nada tem que ver com a grama, de gramado.

 

3, “Público” de 10 de Julho p.p.

     Outra dificuldade crescente parece ser mesmo a conjugação dos verbos no conjuntivo [subjuntivo]. Veja-se esta notícia recente no “Público”:

«Crise do lançamento de mísseis
Tóquio não exclui ataque preventivo à Coreia do Norte


O Japão reserva-se o direito de atacar preventivamente a Coreia do Norte em caso de ameaça nuclear directa, com o object...

     «Pelos vistos, uns senhores em Lisboa decidiram-se por, na secretaria, tentarem condicionar e conseguir aquilo que, de outra forma, no caso concreto, de Braga, nunca conseguiram eleitoralmente. É uma enormidade, para não adjectivar de outra forma».
     Três erros nesta frase, dita1 pelo líder da distrital do CDS-PP...

Chumbos, reprovações, retenções ou exclusões são fruta da época.
     Em rigor, são os alunos (ou todos aqueles que se submetem a uma avaliação) que são chumbados, reprovados, retidos ou excluídos. São eles sujeitos passivos de um agente mais ou menos implacável que os chumba, reprova, retém ou exclui.
     Chumbar, reprovar, reter ou excluir são, em termos gramaticais, verbos transitivos directos, quer dizer,...

É cada vez mais frequente, entre quem fala e quem escreve nos “media” portugueses, o desconhecimento do conjuntivo. Veja-se esta frase, proferida há dias, na SIC, pelo jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho:
     «Não deixa de ser curioso que a federação inglesa, assim que terminasse o jogo, tente que Figo seja castigado. Não deixa de ser curioso que...

«Fica connosco Sócrates!”», titulava o jornal “24 Horas” na sua edição de 22 de Junho p.p., numa referência ao primeiro-ministro português.

Faltou a vírgula entre as palavras «connosco» e «Sócrates», pois a palavra «Sócrates» é um vocativo. Um dos casos de utilização obrigatória da vírgula é precisamente aquele em que ela tem a função de isolar o vocativo: «Meninos, viram onde eu pus o relógio?», «Vem connosco, Maria.», «Minha querida mãe, que bom ouvir as tuas palavras!»

«Eu fui um dos que desapareceu (…)»,contou o que lhe acontecera num programa de ilusionismo José Carlos Malato, o apresentador do concurso da RTP 1, “A Herança.”1
     O apresentador foi um daqueles que desapareceram. Desapareceram vários, e ele foi um deles. A expressão «um dos que» pede uma forma verbal no plural, pois o sujeito é o pronome “que” relativo a “dos” (de + os = daqueles): «Eu fui um dos que desapareceram (…)».

«Os remédios na farmácia (…) saiem mais caros do que no Continente.»2
     Saem: assim se escreve correctamente a 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo sair. É frequente este erro, devido à tentativa de representação escrita do que se ouve. Outras formas verbais com o mesmo tipo de terminação: caem, atraem, contraem, distraem, subtraem, traem.


«Moscovo apelou aos sequestradores de quatro russos para não os executar1
     A utilização do infinitivo pessoal ou flexionado (executar eu, executares tu, executar ele, executarmos nós, executardes vós, executarem eles) é objecto de alguma dificuldade. Para a ultrapassar, veja-se a regra geral: no caso de uma frase em que haja duas acções, se o sujeito for diferente, deverá usar-s...