Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

«O meu sentimento, como é natural, é de um grande reconhecimento e de agradecimento à decisão que o senhor presidente da República tomou em querer-me agraciar.»1

Nesta frase há dois aspectos a considerar: primeiro, não se agradece a uma decisão, agradece-se a alguém; segundo, o pronome se deverá estar ligado ao verbo ao qual diz respeito (agraciar), e não ao auxiliar (querer).

«Aeroporto de Beja poderá atingir 1,8 milhões de passageiros em 2020»  era o título da seguinte notícia do jornal Público de 3 de Janeiro p. p.:

«O aeroporto de Beja prevê atingir, entre partidas e chegadas, uma média de 178 mil passageiros em 2009, que poderão aumentar até 1,8 milhões em 2020, segundo as previsões da empresa responsável pelo projecto.»

Será que o aeroporto de Beja prevê fazer concorrência à taróloga Maya?

Recentemente, o primeiro-ministro declarou: «Em 2010, 10% do total de combustível gasto nos transportes deverá ser biocombustível» (Visaoonline, 24-1-07). Afirmou também, a respeito do aeroporto em Beja: «As obras deverão estar concluídas em menos de dois anos» (TSF: 28/1/07).

«É evidente que Portugal tem que apostar cada vez mais num modelo assente em trabalho cada vez mais qualificado e, portanto, melhor remunerado.»1

Duas incorecções nesta frase:

Em primeiro lugar, embora esteja generalizado o uso de «ter que» em vez de «ter de», é bom lembrar que «ter de» é a locução adequada quando se pretende referir um dever, uma obrigação: «Portugal tem de apostar cada vez mais num modelo assente em trabalho qualificado.»

Os limites do seu uso

Os estrangeirismos que  percorrem todas as secções dos jornais portugueses, nesta crónica  das professora Ana Martins, pulicado no semanário Sol de 

O recorrente tropeção em dignatários assinalado neste apontamento da professora Maria Regina Rocha, a prpósito do que se ouviu numa entrevista ao primeiro canal da televisão pública portuguesa. 

Está em voga dizer uma poeta portuguesa. Ainda esta semana isto se ouviu e leu, no programa Os Grandes Portugueses, da RTP-1. 

No entanto, a forma poeta, como nome capaz de designar género masculino e género feminino, não se encontra registada em nenhuma gramática ou dicionário. Aprendemos todos na escola que o contraste de género, para além do recurso a formas terminadas em - a (pintorpintora</...

     Em declarações1 ao enviado da RTP-1 que acompanha a visita do Presidente da República português à Índia, Cavaco Silva, falando em Goa, referiu-se à flexissegurança (o conceito de mobilidade do mercado de trabalho sem desproteger os trabalhadores), tendo aquela palavra aparecido escrita em legenda da seguinte forma:fexis...

Já vimos que o discurso publicitário recorre frequentemente a “charadas gráficas”, a combinações de símbolos que exigem decifração e que apelam ao lado visível e auditivo das palavras.

Veja-se o exemplo: «i9 (produto TMN). Condensa-se aqui a instigação a uma atitude muito valorizada socialmente: «inove». Capta-se o interesse do consumidor através de uma criação inusitada e divertida.

«Filipa tem chamado à atenção do marido para o peso excessivo», escrevia-se no jornal 24 Horas, de 9 de Janeiro p.p.

Escrevia-se mal: chamar alguém à atenção é uma forma de dizer que se chama alguém para que preste atenção; e pode também significar repreender, advertir, admoestar.