Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

     Em declarações1 ao enviado da RTP-1 que acompanha a visita do Presidente da República português à Índia, Cavaco Silva, falando em Goa, referiu-se à flexissegurança (o conceito de mobilidade do mercado de trabalho sem desproteger os trabalhadores), tendo aquela palavra aparecido escrita em legenda da seguinte forma:fexis...

Já vimos que o discurso publicitário recorre frequentemente a “charadas gráficas”, a combinações de símbolos que exigem decifração e que apelam ao lado visível e auditivo das palavras.

Veja-se o exemplo: «i9 (produto TMN). Condensa-se aqui a instigação a uma atitude muito valorizada socialmente: «inove». Capta-se o interesse do consumidor através de uma criação inusitada e divertida.

«Filipa tem chamado à atenção do marido para o peso excessivo», escrevia-se no jornal 24 Horas, de 9 de Janeiro p.p.

Escrevia-se mal: chamar alguém à atenção é uma forma de dizer que se chama alguém para que preste atenção; e pode também significar repreender, advertir, admoestar. 

«A economia portuguesa ainda funciona de uma forma tradicional (…); são empregos de âmbito tradicional e não vão de encontro às novas licenciaturas».

Fátima Campos Ferreira, a apresentadora do programa “Prós e Contras” da RTP-1 (8 de Janeiro de 2007), ainda confunde o inconfundível: de encontro a significa «contra» («Ele foi de encontro à parede»), enquanto ao encontro de significa «em consonância com», «de acordo com» («a proposta veio ao encontro dos meus desejos (...)

Chegados ao Natal e Fim de Ano, somos confrontados com as tristes notícias sobre acidentes rodoviários, feitas fundamentalmente com base em balanços do número de mortos e feridos graves nas estradas portuguesas.

Daqui é possível retirar breves exemplos de como o discurso dos “media”, muitas vezes, em vez de actualizar a norma padrão da língua e o registo corrente, ora se tenta aproximar do discurso da ciência (sob a égide do rigor e da objectividade), ora é permeável a dizeres perfeitam...

No programa Dança Comigo da RTP1 de Domingo, 31 de Dezembro de 2006, a apresentadora, Catarina Furtado, referiu-se assim à dança espanhola "paso doble": «Embora os mais conhecidos "paso dobles" sejam os de temática tourina, a verdade é que também existem outros tipos de "paso doble": os marcha, os de concerto e os regionais.»

(...)

No endereço indicado, oferece-se, gratuitamente, uma forma de se saber, a qualquer momento, a velocidade do acesso à Internet. Pela experiência o velocímetro até é bom. O problema é mesmo o português: verdadeiramente macarrónico.

 

 

     «Sabe quanto pesa a alma?» – perguntava José Carlos Malato a um concorrente, no programa “Um Contra Todos” (RTP-1) de 20 de Dezembro p.p. E, à resposta do concorrente («Nada.»), o apresentador contrapôs: «Vinte e uma gramas».
     Asneira do apresentador: grama, relativa a peso, é do género masculino; o grama nada tem que ver com a grama.
     Logo: [A alma pesa] «vinte e um gramas».

Outro erro recorrente nos “media” portugueses tem que ver com o Madail. Foi o que voltou a ler-se no jornal “24 Horas” de 20 de Dezembro p.p.: Madaíl, com acento na vogal i.
     A acentuação só deve ocorrer em português quando é necessária, e as palavras agudas terminadas em...

«Realmente, o Governo interviu numa decisão de uma entidade reguladora, independente. Se o Governo não tivesse intervido e os preços da electricidade subissem 15%, neste momento todos os deputados da oposição, que ouvimos ali, estavam a protestar por o Governo não ter intervido»