Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Agrada-me sempre ser surpreendido pela língua viva falada ou escrita. Foi o que aconteceu ao ler o artigo de Pedro Falcão, Vamos "greciarizar" Portugal?, publicado no Diário de Notícias, de 4 de Abril de 2011. A razão da surpresa é aquele verbo, "greciarizar", desde logo colocado entre aspas pelo seu autor. Ass...

Num dia destes, dei comigo a reflectir sobre o anúncio de uma empresa do ramo imobiliário denominada Orchidea – Esphera Imobiliária, publicado no Metro de 9 de Março, no qual se publicita um empreendimento denominado Panoramic Parque das Nações. É que simultaneamente à...

Num artigo intitulado Nova York, publicado no Diário de Notícias (3 de Março de 2011), Maria José Nogueira Pinto grafa assim aquela cidade norte-americana, referindo-se aos seus habitantes como "novayorkinos". Confesso que o...

Já há pelo menos três anos que reparo que, nos postos de abastecimento da BP, surge, no pequeno visor do terminal portátil de pagamentos por multibanco, a seguinte mensagem, enquanto se espera pela conclusão da operação, depois de se marcar o código pessoal: «Seja bem-vindo "á" BP.» Ainda há dias, quando fui abastecer o meu veículo, reparei nesta incontornável frase. Ganhei coragem e resolvi ir mais longe — cronometrei o tempo de espera...

Os regressados autocarros de dois andares no Porto, 20 anos depois, levam o indicativo My Bus1. My Bus porquê?! Quem optou pelo nome em inglês – a empresa municipal de transportes colectivos da segunda cidade portuguesa – ter-se-á imaginado com a novel carreira noutro qualquer país que não Portugal?

1 Ver A origem da palavra bus

 

Acerca da linguagem relativa ao trânsito automóvel em Portugal, o escritor Miguel Esteves Cardoso critica a falta de economia e a artificialidade do "pretensês", ou seja, da pretensão de falar bem.

Nas auto-estradas vem o aviso: «Com chuva/Modere velocidade.» Porque é que estes sinais não conseguem falar português? Português é a língua como se fala ou como se escreve, quando se quer ser entendido.

A versão online do Diário Económico (de 18/02/2011), na notícia Ministério do Trabalho em risco de extinção, apresenta a seguinte frase:

«O Bloco de Esquerda organiza uma pantomina em torno de uma pertença moção de censura ao Governo do PS […]»

Tenho reparado que começa a ser preocupantemente corriqueira, na língua portuguesa, a utilização de conjunções e locuções subordinativas concessivas — como embora, ainda que, mesmo que — com o modo verbal indicativo, e não com o conjuntivo, como o seu uso, na maior parte das vezes, exige.

Para provar o que acabo de referir, aqui transcrevo dois exemplos recentes da autoria de dois jornalistas bastante conhecidos e de quem tenho, aliás, a melhor opinião.

Uma notícia publicada no caderno Economia do Expresso (n.º 1998, de 12 de Fevereiro de 2011) aborda a questão dos rótulos e instruções que constam nos produtos de origem chinesa comercializados em Portugal, dando alguns exemplos grosseiramente caricatos.

Assim, numa lanterna pode ler-se:

Pode-se até aceitar que empresas multinacionais estabelecidas em Portugal, empresas estrangeiras a operar em Portugal ou empresas portuguesas a operar no estrangeiro, que recrutem em Portugal quadros para trabalhar maioritariamente em/com mercados externos, coloquem anúncios de emprego bilingues, em inglês/português! Mas fará algum sentido que, em Portugal, num jornal português, dirigido sobretudo a portugueses, se redijam anúncios de emprego exclusivamente em inglês?! Ou se redijam em portug...