Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Ténis é um exemplo de palavra que surge por extensão de um determinado conceito.
     Do desporto (o ténis) e dos sapatos próprios para o praticar (sapatos de ténis), a palavra estendeu-se aos sapatos que servem para praticar desporto em geral, a que normalmente chamamos "ténis".
     Portanto, quando dizemos «tenho uns ténis novos», no fundo estamos a omitir uma parte da expressão «tenho uns (sapatos de) ténis novos». O mesmo acon...

«Palavra dada, escritura assinada», «a resposta branda, a ira quebranta» são dois exemplos de ditados populares que revelam a força dos palavras. A sabedoria popular consagra também que «palavras leva-as o vento». Como as palavras são muitas, há-as para todos os gostos as que se perdem e as que têm, ou são ditas como se tivessem, efeitos na acção. Estes podem ser visíveis na acção de outrem, mas também podem delimitar quadros de pensamento. Um ministro francês, Nicolas Sarkozy, falou em escumalh...

Erros primários de concordância (e logo na primeira página): «Os cavalos Przewalski, a única espécie equina actual que reúne características primitivas, pode voltar ao Côa.» Ou: «Para o catedrático, boa parte destes problemas têm origem na sobreposição de situações de exclusão social, de segregação residencial e de fenómenos de rejeição de origem nacionalista e/ou racista (...)». Ou, ainda, gralhas impensáveis (na última página, em corpo de letra avantajado): «Acha que os pifese...

A infanta Leonor de Espanha nasceu com 3 540 g (por extenso, três mil quinhentos e quarenta gramas).

     O locutor de serviço, na RTP, ao transmitir a notícia, contornou airosamente a leitura do peso, não fosse o diabo tecê-las, e arredondou-o para 3,5 quilos. Já a repórter que nos falava de Madrid foi menos cautelosa… e lá vieram as quinhentas gramas…

     Pois é, à semelhança das outras unidades de medida, como ...

O ser humano, enquanto falante e enquanto escrevente, usa, muitas vezes, de forma inadequada determinadas palavras. Ou então pronuncia-as ou escreve-as incorrectamente.

Com as novas tecnologias consagram-se, muitas vezes, lapsos antigos ou surgem outros novos.
Perguntaram-me, há dias, o que significava a palavra "fornia". Depois de pesquisar em todos os dicionários a que tive acesso e nada ter encontrado, recorri à Internet e verifiquei que, em português, a palavra tinha uma utilizaç...

A recente campanha eleitoral autárquica [em Portugal] afinal sempre nos trouxe uma boa novidade. Uma palavra nova que de um momento para o outro entrou no nosso vocabulário. Trata-se da palavra «arruada», que não conhecia.

De repente, a dita «arruada» aparece repetida até à exaustão em todas as televisões. Assim é o mimetismo dos meios de comunicação social dos dias de hoje. Um diz e os outros copiam. Mesmo que não saibam muito bem o que é. Adiante. Interessa é alinhar com a moda. E achar...

A praga do «é suposto»

Aos poucos, a moda do «é suposto» instalou-se. Não deixa de ser curioso verificarmos a rapidez com que se tem propagado esta expressão, cópia da construção inglesa «it’s supposed». Uma verdadeira praga! (...)

A moda dos sons aspirados à inglesa

Sobre a moda, em Portugal, de os "tês" e de os "dês" se dizerem à inglesa, neste apontamento do professor Carlos Rocha    .

Não estou a fazer nem a apologia nem a condenação do calão. Ele faz parte da língua. Aliás, ele faz parte da riqueza e da expressividade da língua. Quem nunca se socorreu do calão no momento certo, atire a primeira pedra!

Há até subterfúgios para o utilizar – melhor dizendo, sugerir – em locais inapropriados para o seu uso. «Diga arroz, que também tem dois erres», costumava ouvir-se na emergência de uma situação em que o calão se justificaria como válvul...

«Os "P[ô]lo" Norte estão de volta», anunciou o locutor da Antena 1/RDP, numa daquelas promoções para isto e para aquilo da rádio pública portuguesa.
     Foi com alguma dificuldade que percebi a frase. Levado pelo meu interesse pelo português antigo, até julguei que alguém estava de regresso "polo" norte, como se, subitamente, o locutor tivesse pretendido evocar o nosso passado galego-português. Bastava recordar que a contracção de por com o artigo definido mas...