Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
A praga do «é suposto»

Aos poucos, a moda do «é suposto» instalou-se. Não deixa de ser curioso verificarmos a rapidez com que se tem propagado esta expressão, cópia da construção inglesa «it’s supposed». Uma verdadeira praga! (...)

A moda dos sons aspirados à inglesa

Sobre a moda, em Portugal, de os "tês" e de os "dês" se dizerem à inglesa, neste apontamento do professor Carlos Rocha    .

Não estou a fazer nem a apologia nem a condenação do calão. Ele faz parte da língua. Aliás, ele faz parte da riqueza e da expressividade da língua. Quem nunca se socorreu do calão no momento certo, atire a primeira pedra!

Há até subterfúgios para o utilizar – melhor dizendo, sugerir – em locais inapropriados para o seu uso. «Diga arroz, que também tem dois erres», costumava ouvir-se na emergência de uma situação em que o calão se justificaria como válvul...

«Os "P[ô]lo" Norte estão de volta», anunciou o locutor da Antena 1/RDP, numa daquelas promoções para isto e para aquilo da rádio pública portuguesa.
     Foi com alguma dificuldade que percebi a frase. Levado pelo meu interesse pelo português antigo, até julguei que alguém estava de regresso "polo" norte, como se, subitamente, o locutor tivesse pretendido evocar o nosso passado galego-português. Bastava recordar que a contracção de por com o artigo definido mas...

Trata-se de um termo muito em voga actualmente, mas cujo uso me causa ainda uma certa estranheza e ao qual até hoje não consegui aderir.
     Ouvi há tempos uma conhecida entrevistadora perguntar ao seu interlocutor: «Sente que foi injustiçado?» Ao que ele respondeu: «Não, não me sinto vítima de injustiça.» Obviamente que esta personalidade possui uma sensibilidade para a língua que a entrevistadora não revela.
     O te...

Metade do país florestal consumindo-se nas chamas de mais um Verão só não igual aos anteriores porque, desta vez, nem casas de zonas urbanizadas escaparam a esta cadeia infernal de tudo se repetir sempre para pior, e a notícia da apresentação de Luís Figo no Inter de Milão até passaria despercebida. Mas como Figo até justifica maior relevância do que as trepidantes férias do desaparecido primeiro-ministro algures num safari africanista, houve mesmo aberturas com ele nos telejornais de sábado. Ta...

e átono no início de palavra, antecedido ou não de h e seguido ou não de r, tem valor de – e não, como se ouve tão frequentemente na televisão, na rádio, e, até, em algumas pessoas "cultas. pronunciarem 'Hêlena', 'êfectuar', 'êleição', 'êdição', 'êmissão', 'êxacto', 'êxame', 'êxemplo' 'hêrói', etc. etc. 

Logo na sua apresentação oficial, em Lisboa, como novo treinador do Benfica, o holandês Ronald Koeman1 deu nas vistas ao expressar-se num castelhano impecável. Na pronúncia como na fluência do vocabulário da língua de Cervantes. "Hablaba" a sua vivência de mais de dez anos em Espanha, como jogador do Barcelona. Melhor: "hablaba" o que em Espanha é uma obrigação natural para qualquer estrangeiro, trabalhe ele no ramo em que trabalhar. E nada tem que ver com a propalada inépcia dos espa...

A redundância do "há anos "atrás"", está visto, pegou de estaca. Começou por ser tique de linguagem. Depressa virou modismo generalizado entre políticos e comentadores televisivos. E, agora, até já foi adoptada por escritores… da moda. Dir-se-á que há tropeções na gramática bem mais lesivos para a língua portuguesa. Mas, convenhamos, o seu uso (e o seu abuso) não é propriamente o melhor certifi...

 

1Estado de Sítio é a empresa que produz esta revista, distribuída depois com o "Público", ao domigo.

2 Sem nomes, é assim a apresentação de quem faz a revista: "A KULTO [ora escrevem em maiúsculas, ora só na incial…] tem um corpo redactorial e de ilustradores próprio, composto por profissionais criativos com experiência comprovada na escrita e desenho infanto-juvenil e interesses partilhados com os seus leitores".