Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Legenda no Telejornal da RTP 1 (5 de Maio de 2007), a propósito das eleições presidenciais em França, traduzindo-se uma interrogação retórica a respeito da vitória de um dos candidatos: «Por que não? Por que não?»

Devia ter sido utilizado o advérbio interrogativo porque: «Porque não? Porque não?»

Este advérbio, que significa «por que motivo», «por que razão», nunca tem os seus constituintes separados.

Numa notícia do matutino 24 Horas, de 6 de Maio de 2007, sobre uma corrida relacionada com a luta contra o cancro, podia ler-se, a terminar: «Maria José Rita, que estava prevista participar na iniciativa, acabou por não poder comparecer.»

Esta frase está deficientemente construída, pois não é a pessoa que «está prevista», mas a sua participação. Uma alternativa seria: «Maria José Rita, cuja participação na iniciativa estava prevista, acabou por não poder comparecer.»

Xaropada

A PT lançou agora um anúncio com o slogan escrito assim: «XAMADAS A ZERO XÊNTIMOS PARA TODAS AS REDES FIXAS.»

Uma das estratégias actuais do discurso publicitário é alterar a forma convencional de escrever as palavras para, criando uma analogia inusitada entre grafia, fonia e sentido, causar surpresa e provocar o riso.

Uma vez definida bem a fronteira entre jogo e erro ortográfico, as charadas gráficas da publicidade em nada ferem o respeito pelas regras do código da escrita.

<b>A</b>correr à <b>o</b>corrência

2007-05-03 - 02:00:00

IC17: Colisão mata mulher e fere três

Uma mulher de 26 anos morreu ontem numa colisão entre cinco veículos no IC17, perto do Odivelas Parque.

O acidente, que fez mais três feridos graves, deu-se por volta das 16h00. Ocorreram ao local os Bombeiros Voluntários da Amadora, com cinco veículos e 13 elementos.

 

Três exemplos da utilização do advérbio melhor em vez da locução mais bem:

1) [Notícia do Jornal da Tarde da RTP 1, de 3 de Maio de 20007, sobre as eleições intercalares para a Câmara de Lisboa] «O PS encomendou uma sondagem para saber quem está melhor colocado

Peça no Jornal da Noite da SIC (30 de Abril de 2007), sobre  a mobilização do príncipe Harry de Gales1 para o Iraque: «[Uma] corrente de opinião defende o envio de Harry como uma forma de aumentar a moral das tropas britânicas, numa fase em que o conflito em território iraquiano parece cada vez mais longe de uma vitória.»

«Diz-se que os donos construíram-na aqui para que fosse possível avistá-la todos os dias sem

Notícia da SIC do dia 20-04-2007, com o jornalista em directo, do Porto: «Hoje, ao final da tarde, José Sócrates já falou quando contratou 1000 novos doutorados para investigação».

O tempo verbal usado é o pretérito perfeito do indicativo: contratou.

Volta e meia, emerge o erro na concordância do verbo em frases com expressão «um dos que…». Foi o que aconteceu nesta a notícia do "24 Horas" (de 26 de Abril p.p.p) sobre o facto de o Presidente da República Cavaco Silva ter questionar a forma como se comemora o 25 de Abril, em Portugal: «(…) A fraca participação dos mais novos na actividade política é um dos assuntos que mais o preocupa.»

Excerto do discurso do deputado do PSD Paulo Rangel,  na sessão de comemoração do 33.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República1: «(…) do ponto de vista dos valores processuais, da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos aqui e agora — ai de nós! — num tempo de verdadeira claustrofobia constitucional, de verdadeira claustrofobia democrática» [tendo pronunciado a vogal o da sílaba tro de  claustrofobia como se fosse um u].