Notícia da SIC do dia 20-04-2007, com o jornalista em directo, do Porto: «Hoje, ao final da tarde, José Sócrates já falou quando contratou 1000 novos doutorados para investigação».
O tempo verbal usado é o pretérito perfeito do indicativo: contratou.
Volta e meia, emerge o erro na concordância do verbo em frases com expressão «um dos que…». Foi o que aconteceu nesta a notícia do "24 Horas" (de 26 de Abril p.p.p) sobre o facto de o Presidente da República Cavaco Silva ter questionar a forma como se comemora o 25 de Abril, em Portugal: «(…) A fraca participação dos mais novos na actividade política é um dos assuntos que mais o preocupa.»
Excerto do discurso do deputado do PSD Paulo Rangel, na sessão de comemoração do 33.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República1: «(…) do ponto de vista dos valores processuais, da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos aqui e agora — ai de nós! — num tempo de verdadeira claustrofobia constitucional, de verdadeira claustrofobia democrática» [tendo pronunciado a vogal o da sílaba tro de claustrofobia como se fosse um u].
Nenhum reparo ao conteúdo do artigo1 que se transcreve a seguir; muito pelo contrário. Só foi pena Pina Moura ter ficado tão mal refogado2…
1in Diário de Notícias de 24 de Abril de 2007
2 do particípio passado do verbo refogar [re + fogo + sufixo -ar] ≠ de refugar [«pôr de lado»; do latim refugare, «pôr em fuga»]
SIM, ESCOLHER PINA MOURA É UMA POUCA-VERGONHA
João Miguel Tavares
Jornalista
Ao contrário do que continua a ver-se*, a palavra juiz não leva acento na vogal i.
A regra é a seguinte: tem acento gráfico a vogal i em posição tónica, quando precedida de vogal que com ela não forma ditongo, mas exceptuam-se as situações em que esse i é seguido de consoante (diferente de s) que com ele forma sílaba ou seguido do grupo consonântico nh.
Simultaneidade, e não “simultaniedade”*, muito menos “simultanidade”, como também se vai ouvindo e lendo por aí.
Simultaneidade – palavra derivada de simultâneo: simultâneo + -i- + -dade.
* Como se ouviu na notícia do <span style="font-style:...
«Passavam pouco das 22 horas, quando o agente de guarda ao bairro deu o alerta para a central da PSP», escrevia-se numa notícia do jornal 24 Horas de 23 de Abril p. p.
Escreveu-se mal: o verbo passar tem de ficar na terceira pessoa do singular, concordando com o seu sujeito («pouco»): «pouco passava das 22 horas», «passava pouco das 22 horas»: Outro exemplo: «Quando ele chegou, já passava muito das 8 horas.»
Pergunta da repórter da RTP 1*, sobre o estado de saúde de Eusébio: «E quanto à possibilidade de [Eusébio] sair dos cuidados intensivos para o piso de medicina, após os exames que ainda faltam fazer, poderá equacionar-se essa possibilidade?»
«Após os exames que ainda falta fazer»: assim deveria ter sido dito. Com efeito, o sujeito do verbo faltar é «fazer os exames», um sujeito oracional que leva o verbo para o singular: «Ainda falta fazer os exames», «após os exames que ainda falta fazer».
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