Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Qual é o português que não conhece bem o significado e a pronúncia de palavras como bobo, chopinho, carona, maiô? Qual o português, nascido e criado em Portugal, que não reconhece imediatamente a originalidade e a melodia de expressões como dar mancada, encher o saco, botar pra quebrar?

Mudança de turma deve ocorrer no início do próximo ano

 

As aulas poderão em breve voltar a preencher os dias de Miguel, uma criança com doença oncológica que deixou de ir à escola para escapar ao bullying. A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), em concertação com o conselho executivo da escola, propõe enviar professores a casa até ao final do ano lectivo e, desde já, sensibilizar o estabelecimento de ensino a recebê-lo bem em Setembro.

Correm pelas salas de cinema portuguesas — de cinema e na TV, já agora — traduções e legendagens bem piores. Ao menos, neste filme1, que se tenha reparado, não há os “houveram” nem os “puderam haver” tão habituais no meio.

Mas há, tinha de haver, a redundância da moda do há anos “atrás”. Por várias vezes.

Por várias vezes também, aparece com duplo hífen (!) a 1.ª pessoa do plural de verbos na conjugação pronominal, tipo “faça-mo-nos”, “fala-mo-nos”, etc.

Referência no Jornal 2 (RTP 2, 21 de Maio de 2007) sobre uma sondagem acerca do futuro aeroporto da Ota: «55% dos portugueses considera que o investimento no novo aeroporto não deve ser prioridade para o país (…), 19% não sabe ou não responde (…), apenas 16% aplaude a escolha do Governo.»

«Não queremos provendas nem queremos mordomias, mas seremos uma força de estabilidade (…)», referiu* o líder do CDS/PP, Paulo Portas, na apresentação do candidato do seu partido nas eleições antecipadas da Câmara de Lisboa.

Prebendas é o que devia ter sido dito. Prebenda significa «emprego rendoso e de pouco trabalho», enquanto provenda é um termo antigo que designava «provisão de mantimentos».

* in Telejornal, RTP 1, 19 de Maio de 2007

Diário Digital (7/5/07): «(…) às 21:30, tratam-se de "obras recentes e estreias actuais"». Devia estar: trata-se.

O Jogo (4/5/07): «Faltam decidir três subidas e quatro descidas na 2ª e 3ª Divisões». Devia estar: falta decidir; e 2.ª e 3.ª Divisões.

Lusomotores (19/4/07): «Trabalhadores belgas páram fábrica da Opel». Devia estar: param.

«Terá sido contactado há algum tempo por Robert Murat, para fazer um site na Internet ligado ao negócio mobiliário

Como esta informação* foi ilustrada com imagens de locais e apartamentos, a palavra a utilizar deveria ter sido imobiliário («negócio imobiliário»).

Mobiliário significa «relativo a móveis (a mobília)», «referente a bens móveis», enquanto imobiliário se utiliza para designar bens imóveis, não susceptíveis de ser deslocados, como é o caso de casas ou terrenos.

Rubrica («título ou entrada que constitui indicação geral do assunto, da categoria», «assinatura abreviada») é uma palavra grave – pelo que a sua sílaba tónica é a penúltima (bri), e não a antepenúltima, não tendo, portanto, nenhum acento. Palavra grave – e não esdrúxula, como se ouve frequentemente no audiovisual português.

«Mas caso o italiano deixe o comando dos merengues, o eleito deverá ser o alemão Bern Schuster.»
«É que se se os londrinos não perderem, igualam a marca do Liverpool (…).»*

«Caso o italiano deixe o comando dos merengues» e «se os londrinos não perderem» são orações introduzidas no meio de outras, pelo que deverão ficar entre vírgulas. Na primeira frase, a oração inicial é «mas o eleito deverá ser o alemão Bern Schuster»; na segunda, «é que [os londrinos] igualam a marca do Liverpool».

Notícia* sobre o aniversário da menina inglesa desaparecida no Algarve: «Os pais apelaram à intensificação dos esforços para localizar a filha, enquanto a população local multiplicou-se em iniciativas de solidariedade.»

«(…) enquanto a população local se multiplicou em iniciativas de solidariedade» — assim deveria ter sido dito, com o pronome a preceder a forma verbal, dado o facto de pertencer a uma oração temporal (iniciada por enquanto).