A Ciberescola da Língua Portuguesa e o sítio associado Cibercursos têm reforçado a sua proposta de ensino e aprendizagem, quer com os já aqui referidos cursos individuais em linha de Português Língua Estrangeira (cujas inscrições se mantêm abertas), quer pela expansão do leque de recursos em linha oferecidos – testes diagnósticos, exercícios, vídeos, aulas em videoconferência. Para compreender melhor o funcionamento desta plataforma de apoio ao ensino e à aprendizagem da língua portuguesa (materna e não materna), fazemos um convite à leitura da página de perguntas frequentes da Ciberescola, bem como deixamos um apelo à divulgação dos seus materiais e atividades, conforme se enumeram numa informação da rubrica Ensino.
Como foi aqui anunciado, o VI Congresso Internacional da África Lusófona e o I Encontro da África Global realizam-se em conjunto de 5 a 7 de novembro de 2013, em Lisboa, na Universidade Lusófona (Auditório Agostinho Neto). O programa destes dois encontros visa a discussão de questões atuais das sociedades africanas, lusófonas e não lusófonas, bem como de temas da sua historiografia.
Será que todos os estrangeirismos são um atentado à integridade da língua? Em artigo publicado na revista brasileira Língua Portuguesa, com o título Patriotismo linguístico, o etimologista Mário Viaro sintetiza a história do léxico português, para depois salientar o contributo das comunidades de imigrantes (italianos, espanhóis, alemães, sírio-libaneses, japoneses) para a sociedade multicultural do Brasil. A conclusão de Viaro surpreende por polémica, apesar de interpretável como apelo a uma norma mais refletida: «Conhecer essas múltiplas facetas da sociedade brasileira e descrever sua expressão linguística são passos metodológicos dos quais a etimologia da língua portuguesa não pode prescindir e algo muito mais interessante do que a pregação demagógica e irrefletida do normativismo, que, ao fim e ao cabo, se revela sem brilho, sem graça, estéril e niveladora.»
1. A propósito de notícias sobre a compra de direitos para a transmissão televisiva dos Jogos Olímpicos de 2016, novamente se tropeça na forma paralímpico. Acontece que, apesar de todos os pareceres* e explicações de especialistas, a forma correta paraolímpico não vingou a nível oficial, e o mundo desportivo ditou a imposição da forma paralímpico. É uma opção discutibilíssima do ponto de vista dos padrões tradicionais deste tipo de palavras, mas, ao que se sabe, imposta por questões intrínsecas ao funcionamento de certas organizações desportivas. Não é simplesmente o uso que naturaliza o erro – também conta a projeção institucional de quem faz esse uso.
* Recorde-se que, em 2005, foi o próprio Instituto Português do Desporto e da Juventude que procurou a ajuda de especialistas em estudos linguísticos, tendo pedido expressamente um parecer à Associação de Informação de Terminologia, que foi subscrito pela linguista Margarita Correia. A recomendação então feita, no sentido de promover o uso de paraolímpico, foi completamente votada ao esquecimento.
2. Os programas radiofónicos Língua de Todos (sexta-feira, 1 de novembro, às 13h45*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 9h00*) e Páginas de Português (domingo, 3 de novembro, às 17h00*, na Antena 2) centram-se na 2.ª Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, realizada nos dias 29 e 30 de outubro, em Lisboa. Dá-se especial relevo à elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) e à disponibilização do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira.
*Hora de Portugal continental.
3. A realidade muda e exige novas palavras, como é o caso de recreacionista, ou motiva a busca de outras que evitem certas conotações, como acontece com vendedora, que se despoja dos ecos populares de vendedeira. E as palavras que usamos, formam-se elas de outros elementos, ou vêm inteiras de outros idiomas para o nosso? São estas as questões abordadas em mais uma atualização do consultório.
4. Reiteramos o apelo à subscrição da campanha SOS Ciberdúvidas, com vista à manutenção deste serviço sens fins lucrativos, dedicado à divulgação, ao esclarecimento e ao debate à volta da língua portuguesa. Os nossos agradecimentos por todos os generosos contributos.
Como internacionalizar a língua portuguesa? De forma centralizada, como parece sugerir a história do funcionamento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)? Em comunicação enviada à 2.ª Conferência Internacional da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, realizada em Lisboa, Ataliba Teixeira de Castilho, conhecido linguista brasileiro e membro da equipa científica do Museu da Língua Portuguesa-Estação da Luz de São Paulo, não concorda e propõe uma política linguística assente no caráter multicêntrico da língua no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Para este especialista, a maneira mais adequada de gerir a identidade linguística dos países membros da CPLP passa pelo aprofundamento da descentralização do IILP, «reconhecendo as responsabilidades de cada comunidade de falantes do português».
Ainda no contexto deste acontecimento, recorde-se que, aparentemente fora dos temas centrais, também aí se discute a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, com uma sessão coordenada de Gilvan Müller de Oliveira, diretor executivo do IILP, para proceder a um balanço do processo de elaboração dos Vocabulários Ortográficos Nacionais e do Vocabulário Ortográfico Comum.
Voltamos a assinalar que, no referido encontro, Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, fala sobre o desenvolvimento deste projeto numa comunicação intitulada "Reconfiguração do ensino de línguas pela ação das novas tecnologias: um exemplo aplicado ao português".
A comunidade de falantes de língua portuguesa não para de crescer, estimando-se que dentro de dez anos alcance os 300 milhões. Acresce à dimensão demográfica a força económica de alguns dos países onde a língua se fala e tem estatuto oficial. São estas as perspetivas para o amplo debate promovido pela 2.ª Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, realizada em 29 e 30 de outubro, na Reitoria da Universidade de Lisboa. A preocupação dominante dos trabalhos é a afirmação do português em organismos internacionais, na divulgação científica e na comunicação digital. Este acontecimento foi registado em vídeo, por iniciativa do Observatório da Língua Portuguesa.
O aspeto das nossas cidades é atualmente marcado, ora com sentido estético, ora por puro vandalismo, pela presença de graffiti (ou grafitos) e murais nos espaços públicos. Em português se manifesta espontaneamente uma arte urbana que preenche as paredes de São Paulo, Maputo ou Luanda. E Lisboa não é exceção, como documenta uma reportagem da SIC Notícias, de 27/10/2013, sobre a homenagem que três cultores desta linha plástica decidiram prestar à língua portuguesa e à diversidade das culturas que nela encontram expressão.
Nas situações de contacto de qualquer comunidade com uma cultura e um idioma estrangeiros que sobre ela exercem algum tipo de hegemonia, surgem diferentes fenómenos de mistura de códigos, sendo o mais frequente a profusão de empréstimos, sobretudo vocabulares, mais ou menos adaptados à língua de acolhimento. No contexto da relação do português com o inglês, fala-se, por exemplo, do "portinglês"*, que tem presença insistente na área da moda, como evidencia Paulo J. S. Barata em mais um texto disponível no Pelourinho, a propósito dos anglicismos de uma reportagem televisiva transmitida em Portugal. De desvios linguísticos no português de Angola, discorre Edno Pimentel na rubrica O Nosso Idioma (texto original publicado no jornal angolano Nova Gazeta, de 24/10/2013), apresentando a forma incorreta "discutissão" (ou "discutição") que alguns falantes usam em lugar de discussão. Finalmente, no consultório, a sintaxe, a semântica, o léxico e a ortografia do português são os temas abordados nas sete novas respostas em linha desde esta data. Estes conteúdos estão disponíveis numa aplicação para smartphones.
*Tal como "portinglês", há outras designações pitorescas, ao que parece, nenhuma dicionarizada.
A riqueza da língua portuguesa reside também nas suas variações – quer sejam regionais, exclusivas de uma região do país, ou nacionais, alargadas a todo o país – dentro do espaço da lusofonia. As diferenças (sintáticas, fonéticas, lexicais…) entre a variedade europeia e a brasileira são talvez aquelas que mais vezes são mencionadas, mas deste facto resulta uma simplificação, por vezes rudimentar. Sírio Possenti, na revista brasileira Língua Portuguesa (disponível em linha), confirma estas diferenças, do ponto de vista de um falante brasileiro, procurando explicá-las (na imagem a célebre carta de Pero Vaz de Caminha sobre o "achamento" do Brasil).
No âmbito dos preparativos para a realização da 2.ª Conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, entre 29 de outubro e 1 de novembro, em Lisboa, o Jornal de Letras, no Encarte Camões de outubro, publica um artigo intitulado "Língua portuguesa, língua de ciência", da autoria de Ivo Castro, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Letras. Sem negar a evidência de o inglês ser hoje a língua-franca da comunicação, Ivo Castro considera que os lusofalantes não têm de descurar o papel instrumental da língua portuguesa em vários domínios científicos; e deixa uma observação que vale a pena reter:
«Há que ter em mente que não é só no mundo em que a língua inglesa é dominante que se passam as coisas; também há, entre os outros, um mundo emergente de países que comunicam em português e que não devem precisar de outra língua para as trocas de conhecimento que entre si efetuam.»
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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