Práticas consagradas de um lado e de outro do Atlântico
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Práticas consagradas de um lado e de outro do Atlântico
1. Velha, a querela à volta da conversão para português de expressões de medida – como, por exemplo: «dois litros» vs. «dois litro» ou «dezenas de milhares» vs. «dezenas de milhar» – é, de novo, retomada, agora a propósito do texto do jornalista Wilton Fonseca, "Zero: com (ou sem) plural". Publicado na sua crónica semanal no diário português i, e que fica disponível na rubrica O Nosso Idioma, é ele próprio uma reabordagem a práticas consagradas de forma...
Errar é linguístico?
Em matéria de língua, o que é um erro? Intuitivamente, parece fácil responder: um desvio às regras da norma-padrão, que é um produto histórico-cultural, não exclusivamente linguístico. E um erro é sempre um erro onde quer que se fale o português? A resposta já não é tão direta, porque o português não tem sido codificado da mesma maneira no Brasil e em Portugal, nem, mais recentemente, em Angola ou Moçambique. E será possível definir uma lista de erros comum a essas variedades nacionais? Impossível, não é, apesar dos diferentes juízos...
Oliveira é latim, mas azeitona é árabe
Usamos palavras que evidenciam constantemente a matriz latina da língua, enriquecida pelo legado medieval do árabe. Com efeito, já o filólogo e linguista português Lindley Cintra nos revelara que os dialetos de Portugal se repartem por duas áreas lexicais: a noroeste, a ruralidade mantém a velha terminologia latina e pré-romana; caminhando para o interior e para sul, a marca árabe intensifica-se no campo e na cidade. Há também situações de síntese, como acontece com oliveira e...
A raia em português e galego
Que laços se mantêm hoje entre o português e o galego? Que fatores intervieram na separação do galego-português? E que semelhanças e contrastes linguísticos se detetam atualmente na raia entre Portugal e a Galiza? Com o propósito de debater estas questões, o Instituto da Língua Galega realiza, de 28 de novembro a 3 de dezembro de 2013, em Santiago de Compostela, o simpósio Língua e Identidade na Fronteira Galego-Portuguesa. Da apresentação desta iniciativa, transcreve-se a seguinte passagem:
«A raia atravesou as terras do...
O português torna-se prioridade no Reino Unido
O português surge entre as dez línguas mais importantes para o Reino Unido num relatório elaborado pelo British Council. A notícia ganhou algum relevo em Portugal, onde o Instituto Camões e a comunicação social salientam o facto de tal lista (ou, para usarmos um anglicismo, ranking) se basear em fatores económicos, geopolíticos, culturais e educacionais, sem esquecer as necessidades das empresas britânicas quanto aos seus negócios no estrangeiro, as prioridades diplomáticas e de segurança e a relevância na...
Obrigado, vírgula, Portugal
1. O apuramento da seleção de futebol portuguesa para o campeonato do mundo da modalidade de 2014, no Brasil, foi assinalado com um vídeo de agradecimento pelo apoio dos adeptos portugueses aos jogadores da sua representação nacional. Disponível no YouTube e largamente difundido na Internet e por diversos sítios informativos, o vídeo traz como título: "Obrigado [sem vírgula] Portugal" – em vez do que manda a regra da pontuação, com a indispensável vírgula entre a expressão de agradecimento e o...
Como (não) pronunciar Ronaldo em Portugal
Com o apuramento da seleção portuguesa de futebol para o Campeonato do Mundo no Brasil, graças à vitória de 19/11/2013 na Suécia, que tanto deve aos golos e à exibição de Cristiano Ronaldo, as televisões e as rádios de Portugal não foram capazes de evitar a forma “Rònaldo”, que foi a que mais se ouviu. De novo procurando não ouvi-la, vale a pena recordarmos a pronúncia recomendada em português lusitano:
As diferentes pronúncias de Ronaldo, Rolando, Rodrigo, Rodrigues,...
Grafias rebeldes
Há topónimos cuja escrita escapa totalmente ao controlo da norma nacional por questões de identidade e política regionais. Em Portugal, ficou famoso o caso de Rans, antes Rãs, freguesia de Penafiel, no distrito do Porto, recuperando uma forma anterior à implantação da República, à revelia da ortografia mais recente. E no Brasil? Há casos muito mais notáveis, sendo um deles Bahia: o Formulário Ortográfico de 1943 abria uma exceção para esta grafia, que, mesmo...
O caprichoso aportuguesamento de (mass) media
A expressão mass media, normalmente reduzida a media, provém do inglês norte-americano, onde surgiu com base no latim media (neutro plural de medius, a, um) para designar os meios de comunicação de massas (Dicionário Houaiss). No Brasil, impôs-se o aportuguesamento ortográfico mídia (singular feminino: «a mídia») como reprodução aproximada da pronúncia anglófona, que se enraizou «graças ao seu maciço poder de cultura, comércio e...
Cabo Verde, sem tradução
O governo da República de Cabo Verde decidiu que o nome do país não será traduzido na correspondência que envie em língua estrangeira, o que significa, por exemplo, que Cape Verde ou Cap-Vert sejam sempre Cabo Verde nos textos oficiais cabo-verdianos elaborados em inglês ou francês. Esta prática não é imposta à diplomacia internacional, mas, pelo mundo fora, há casos de radicalismo em matéria da definição dos nomes nacionais. Lembremos a Costa do Marfim, que, de modo a pôr cobro à...
