Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

As agências de publicidade são lugares por vezes simpáticos, onde se respira um cosmopolitismo que, convidando à criatividade, não deixa de convidar também à passividade perante os barbarismos. Uma reunião de publicitários chega a tornar-se atroz com o número de expressões inglesas que utiliza, quando, na sua maioria, têm equivalência em Português. «Target (destinatário, público-alvo)! Clipping (recorte, análise ou monitoragem de informação)! Costumer (cliente)! Manager (director, administrador,...

Num Telejornal da portuguesa RTP1, o novo comissário da Expo 98, engenheiro Torres Campos, anunciou que vai ter um «controller»!!! Assim mesmo. Na "ecspô" que já tínhamos (ou será na "ecspó" como mais gostam outros locutores e políticos da praça?...), vamos ter agora um «controller».
     E que será um «controller», perguntaria um humilde falante de Português, pouco versado em economês anglo-saxónico de alto coturno? Será um «controleiro» político, tipo caça-laranjinh...

As manhãs de quinta, 13, e sexta, 14, encheram-se de euro via rádio portuguesa. Ainda não há euro que se veja, ou se troque, nem sequer ninguém ainda sabe se os portugueses vão mesmo deixar o escudo para a tal moeda única europeia — mas o fantasma do euro já anda a fazer a cabeça dos portugueses.
     Na manhã de quinta-feira, a TSF até lhe dedicou o seu habitual Fórum de quase três horas, euro para aqui, euro para ali, eles eram jornalistas, comentadores, especialist...

O jurista português Pedro Santana Lopes, reputado orador nos congressos do PSD, detesta o verbo «haver». Nos «Donos da Bola», nos telejornais, seja onde for, não o poupa. A última manifestação de ódio ao infeliz verbo foi na estação de TV privada SIC, no «Jornal da Noite» de 8 de Fevereiro, quando o supliciou com um «apesar de não haverem desafios...». É um «ódio de estimação». O dr. Santana Lopes sabe muito bem que o verbo haver só se conjuga no plural quando substitui, como auxil...

A Êispu 98 está a ser um êxito: os políticos e os jornalistas da televisão portuguesa gostam tanto dela, que já encontraram formas personalizadas de lhe pronunciar a abreviatura. Cada um tem a dele! No jornal das 22 horas da TV2, na quinta-feira, a jornalista Isabel Silva Costa abriu bem o «concurso», com Êis... mas concluiu-o mal, com . A montagem poupou o ministro António Vitorino e o comissário Torres Campos, citando-os em passagens que os não expunham à pronúncia da fu...

Nos últimos decénios, os filmes da Walt Disney têm ajudado muito na divulgação universal dessas histórias. Mas tal «universalidade» tem limites.

É o caso do filme produzido sobre Aladino e a Lâmpada Mágica, que recebeu em Portugal (e calculamos que também no Brasil) o título de «Alladin», cuja pronúncia é mais ou menos esta: «aleidine».

Erros de Português todos damos, mas, se há abusadores, são os legendistas/tradutores dos filmes que passam na televisão portuguesa. No sábado à tarde, numa fita que tratava do amor à primeira vista, na SIC, lá estava o «houveram» coisas. Raro é o filme em que as legendas saem limpas de erros elementares, próprios de quem não tem a instrução primária. O pior é que esta doença dos «houveram» é maleita contagiosa: pelo menos na TV (e na rádio), lá vem, frequente, a calinada.

Com a ênfase própria da SIC, o «narrador» anunciou que o canal do dr. Balsemão estava a transmitir o Barcelona-Real Madrid «desde» o Camp Nou, na capital da Catalunha. Assim utilizada, a preposição «desde» é um castelhanismo dispensável, mas muito apreciado pelos profissionais da rádio e televisão. Fere o ouvido. Sobretudo quando «nós», «narradores», estamos a fazer os comentários em Carnaxide.

Senhor Primeiro-Ministro (de Portugal),

Faça-me um favor: respeite um pouquinho só a gramática. No famoso Dia D contra a droga, o senhor esteve numa escola e durante a sua intervenção - na parte que, por azar, foi filmada pela TV - soltou um estrepitoso «enquanto que». Doeu-me. Fiquei intoxicado e não ouvi mais nada. Lembro-lhe: «enquanto» não leva «que». Já o tem.

A RDP-Antena 1 está hoje no pelourinho por um motivo muito pior do que descurar a formação linguística dos jornalistas que, em vez de «êispu», insistem em pronunciar (como ouvimos no noticiário de hoje de manhã), à maneira do dr. António Vitorino, «ecspò» e «ecspô» (Expo 98). Sejam coerentes e digam também: «livrô» em vez de «lívru» (livro) e «milhò» em vez de «mílhu» (milho). Mas isto são trocos. Pior, bem pior, é a política de «recursos humanos» da RDP, que com uma carta despediu, deixando-o s...