Pelourinho ... à "rúbrica" Outro caso de tantas vezes mal dito, e repetido, ainda por cima na televisão, é o substantivo rubrica. /Ru-brí-ca/, pronunciado assim mesmo, como palavra grave. Mas, na RTP, por causa da Assembleia-Geral do Benfica de sábado passado, lá voltou a ouvir-se "rúbrica", como se fosse uma palavra esdrúxula. É verdade que as contas do Benfica, como voltou a ver-se na final perdida da Taça de Portugal, na terça-feira, andam mais que gatadas. Mas para quê ar... José Mário Costa · 11 de junho de 1997 · 4K
Pelourinho Do idem, ibidem... Idem (o mesmo, também) e ibidem (no mesmo lugar, na mesma passagem) são expressões latinas, adjectivo a primeira e advérbio a segunda, muito utilizadas nas citações bibliográficas para se evitar a repetição do que acaba de se escrever. Nas citações bibliográficas e, por analogia, naquelas secções de jornais, por sinal muito lidas, tipo "Diz-se". Só que, nalguns jornais, quem o faz não sabe o elementar. E um erro várias vezes repetido, já se sa... José Mário Costa · 11 de junho de 1997 · 23K
Pelourinho Acordes da Expo O sr. Presidente também não faria mal, no entanto, se deixasse de dizer /acórdos/ e passasse a dizer /acôrdos/. Não é por nada, mas - mesmo não sendo da Beira Baixa e não pronunciando as terminações masculinas em e - ainda corre o risco de nos levar a imaginar que nos está a dar música, ou seja, acordes. João Carreira Bom · 6 de junho de 1997 · 3K
Pelourinho O verbo haver ao estilo rasca Geração rasca chamam-lhe. À dos estudantes que, nas universidades portugueses, baixaram ao nível mais pimba as bandeiras das suas reclamações. Mas se eles são de geração rasca, que dizer de quem, por sinal de uma geração anterior, falando deles e do autismo dessa sua luta contra a propina única, diz na rádio que "o PSD acha que 'devem' haver propinas"? Que dizer de quem diz assim o verbo haver, se ele se trata de um deputado, o deputado Carlos Coelho, que até foi secretário de Estado do Ensi... José Mário Costa · 21 de maio de 1997 · 2K
Pelourinho Tratamento discriminatório Faz parte das regras do jornalismo: as pessoas, todas as pessoas, têm tratamento idêntico. Idêntico no respeito individual de cada um, independentemente do seu estatuto, condição social, cultural, económica, política ou qualquer outra. Por isso, na imprensa, está há muito fora do uso a anteposição dos cargos ou dos títulos académicos, salvo em circunstâncias especiais - e nunca por razões de reverência. Mas o contrário também é regra. Ninguém deve ser tratado de forma depreciativa ou de algum ... José Mário Costa · 20 de maio de 1997 · 2K
Pelourinho Bilião reciclado 1 - Frederico Leal nunca disse, de facto, que era tradutor. "Mea culpa", extensível aos tradutores - que, até por razões de ofício, sabem que nesta questão da equivalência do bilião toda a prudência é devida. Precisamente porque lidam todos as dias com o divergente sentido das duas ordenações, mesmo em países como em Portugal onde o bilião é = 1 milhão de milhões, isto é, 10 elevado a 12. José Mário Costa · 16 de maio de 1997 · 3K
Pelourinho Erros de prestígio Há quem critique, e bem, a falta de cuidado no ensino da Língua Portuguesa. Diria mesmo ser assunto cómodo para conversas de circunstância - mas só até ao momento em que alguém comete a imprudência de apresentar exemplos. Aí, cuidado! O corrector pode acabar corrigido. Exemplos de efeito seguro são o «quêiramos», o «póssamos», o «supônhamos». Com eles, não há finaço doutor que não faça boa figura. São vícios ... João Carreira Bom · 16 de maio de 1997 · 3K
Pelourinho // Numerais Dezenas "de milhar", porquê? Se dizemos dezenas de mortos (ou de vivos, ou de feridos, ou de deslocados, ou de qualquer outra unidade, do que quer que seja), por que razão se há-de enunciar o milhar só no singular, quando o milhar tem plural? Dezenas de "milhar" de mortos em vez de milhares, porquê? O numeral cardinal milhar não funciona, aqui, como adjectivo (tal como em milhares de outras frases de semelhante analogia, fale-se de pessoas, de laranjas ou de carneiros)? José Mário Costa · 14 de maio de 1997 · 5K
Pelourinho «Sponsor»? Um prezado correspondente chamou a nossa atenção para o emprego indevido - por um notório político português - da palavra inglesa «sponsor», em vez das portuguesas patrocínio, patrocinar, patrocinador. O nome do político é secundário, porque nem nós vimos o programa televisivo onde isso aconteceu, nem o nosso correspondente nos pôde transmitir o contexto exacto em que a afirmação foi feita, e - mais importante - porque não é falha de um só r... João Carreira Bom · 9 de maio de 1997 · 3K