Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Numa época em que a palavra directora já entrou no vocabulário normal de todas as empresas, é, no mínimo, estranho que o banco, com a fama e o proveito de ser tecnologicamente muito avançado em Portugal, demonstre tamanha alergia ao termo directora. Só se é por embirração de princípio de um grupo tão avesso, ainda há pouco tempo, à admissão de mulheres nos seus quadros...

     No último programa televisivo Viva a Liberdade, do canal português SIC, debatia-se a questão da educação e, principalmente, do domínio dos saberes, onde, naturalmente, se integra o português.
     A certa altura, Miguel Sousa Tavares, o moderador, alertava para um erro de ortografia do documento dado a conhecer dias antes pelo Ministério da Educação. Daqueles de palmatória, imperdoável num documento oficial. Onde deveria aparecer «assentar», significando basear, lia-s...

Por D.C.

O futebol em Portugal está cada vez mais sério e chato e longe vai o tempo em que só as pessoas menos educadas se zangavam por paixões clubísticas. Agora, a contratação de um jogador, um fora-de-jogo mal assinalado, uma declaração de um dirigente são pretexto para discussões intermináveis, artigos filosóficos, corte de relações, desafios para duelos e por aí fora.
     Talvez devido a esta enorme e maçadora carga dramática que atinge «o mundo da bola», o locutor da RT...

Por D.C.

Ao dar a notícia de mais um atentado da ETA no País Basco, a apresentadora do Jornal 2 (RTP2, Lisboa, Portugal) mostrou mais uma vez como vai o Mundo: cada vez mais anglófono. De facto, na vertigem do teleponto, ao ver o nome da cidade espanhola (basca, mais precisamente) de San Sebastian, saiu-lhe a pronúncia à inglesa. Não se acredita que tenha sido por falha cultural ou por uma confusão entre atentados da ETA e do IRA. É só um sinal dos tempos: na dúvida, vai-se para o inglês.

Na noite em que o Manchester United venceu o Porto por 4 a 0, o elemento mais patriótico não foi a táctica inadequada do sr. António Oliveira. Também não foram o azul e branco do campeão português (cores nacionais, sim, mas no tempo da monarquia). Patriótico foi o locutor da RTP: em vez de pronunciar à francesa o nome do futebolista gaulês ao serviço do Manchester, dizia: «Cantôna»! «Cantôna!» Como um locutor de Paris, para quem Pinto é «Pintô» e Eusébio, agora e sempre, «Êsèbiô». A pátria agrad...

Câmara de Lisboa com melhores acessos<br> e piores gramáticas
O interface, e não "a" interface

«A pobre da interface pode ser feia, mas não a tratem por masculino, por favor», reclama Amílcar Caffé neste apontamento.

Diogo Freitas do Amaral, o presidente cessante da Assembleia-Geral da ONU, deve ser hoje a figura com um discurso mais consensual na política portuguesa. Dizem as más línguas que não é nada inocente este estar-bem-com-tudo-e-com-todos do antigo líder da direita portuguesa, agora tão sensível também a alguns temas mais sintonizados pela esquerda, como a xenofobia ou o caso dos ciganos escorraçados de Oleiros, no Norte de Portugal.
     Basta ouvi-lo, como se ouviu no d...

Júnior, o conhecido e simpático jogador brasileiro de futebol, que durante anos encantou todos com a sua arte, recentemente passou a jogar Futebol de Praia e, obviamente, foi campeão mundial pela selecção do seu país. Numa entrevista à revista brasileira Veja, Júnior explica todas as virtudes da nova modalidade e do interesse que há em expandi-la. Mas fá-lo sob uma designação, no mínimo, curiosa: «beach soccer».
     Ao longo da entrevista, a expressão aparece quatro...

Quando se faz o melhor comentário político da televisão portuguesa, como acontece semanalmente com Paulo Portas, na SIC, notam-se mais os erros. No caso, um - repetido: «há anos 'atrás'». É modismo de políticos e alguns jornalistas (por exemplo, Clara Ferreira Alves), que insistem nesta redundância evitável. Na expressão «há dias», «há meses», «há algum tempo», a simples presença do verbo «haver» dispensa qualquer palavra que venha denotar tempo decorrido. Dizem tais figuras prezar o «bom gost...

As agências de publicidade são lugares por vezes simpáticos, onde se respira um cosmopolitismo que, convidando à criatividade, não deixa de convidar também à passividade perante os barbarismos. Uma reunião de publicitários chega a tornar-se atroz com o número de expressões inglesas que utiliza, quando, na sua maioria, têm equivalência em Português. «Target (destinatário, público-alvo)! Clipping (recorte, análise ou monitoragem de informação)! Costumer (cliente)! Manager (director, administrador,...