As manhãs de quinta, 13, e sexta, 14, encheram-se de euro via rádio portuguesa. Ainda não há euro que se veja, ou se troque, nem sequer ninguém ainda sabe se os portugueses vão mesmo deixar o escudo para a tal moeda única europeia — mas o fantasma do euro já anda a fazer a cabeça dos portugueses.
Na manhã de quinta-feira, a TSF até lhe dedicou o seu habitual Fórum de quase três horas, euro para aqui, euro para ali, eles eram jornalistas, comentadores, especialistas e não especialistas. A meio, lá vinha de vez em quando um ouvinte anónimo e, também, um menos anónimo, todos repetindo o mote que começara logo de manhãzinha. Até à exaustão final: «eurô», «eurô», «eurô», «eurô»...
Todos falando como se fosse uma palavra francesa - sem o erre típico dos gauleses. Porque não «euró», ou mesmo «íuro», à inglesa? (Pelo menos não tem a terrível sonoridade do seu antecessor, o ecu - ou, como muitos falavam, o «écu».)
Segredam-nos aqui ao lado para não nos importarmos com a ignorância pedante do dito (assim) «eurô», que da morte certa ele não se livrará, mais cedo ou mais tarde. Basta mesmo que o euro desça da teoria de Maastricht até aos bolsos dos portugueses e eles comecem a tratá-lo à maneira. À sua maneira: o «o» de euro pronunciado como o «o» de alho, ou como o de milho. Ou como qualquer palavra portuguesa do género. Do género...europeu, euro-peu.
Pois é: mas, até lá, quem nos livra do horrível «eurô»? E se ainda nos impingem, outra vez, os primos «metrô» e «fotô», por exemplo?