A língua portuguesa sofreu influência de vários idiomas ao longo da sua existência. O estrato da língua é o latim, mas, apesar disso, verifica-se a interferência de outras línguas, tanto em termos de substrato como de superestrato. Os vocábulos de origem germânica são escassos, porque os invasores pertenciam a castas militares de pouca cultura. Foram os visigodos aqueles que, entre os povos germânicos, mais contribuíram com vocábulos para a língua portuguesa. Estes latinizaram-se e acabaram por se acomodar às regras gramaticais latinas.
No plano militar, temos os termos: guerra, bando, bandeira, dardo, estribo, esporas, elmo, arauto, esgrimir, marechal, etc.
No que diz respeito às instituições políticas, judiciárias e sociais: bedel, feudo, bandido, embaixada, guisa, rico, etc.
No concernente aos nomes respeitantes à vestimenta, casa e utensílios: albergue, fralda, casa, loja, banco, canivete, roupa, gastar, agasalhar, marta, garbo, etc.
Os nomes próprios: Álvaro, Adolfo, Afonso, Elvira, Ildefonso, Ramiro, Ramalde, Recaredo, Recarei, Ermesinde, Gondomar, Baltar, Sendim, Ourique, Guimarães, etc, também têm origem germânica.
Outros: aleive, boca, branco, brandir, britar, coifa, escanção, espia, estala, feltro, fresco, guardar, guarnecer, harpa, jardim, laverca, luva, orgulho, rico, roca, roubar, sala, sopa, toalha, trégua, trotar, ufano, venda.
De notar, contudo, que alguns termos germânicos que a língua portuguesa assimilou não foi por via direta, mas indireta, nomeadamente por via frâncica na época do feudalismo: bastir, elmo, estala, guerra, guardar, guarnecer, jardim, rico, sala, trégua, venda.
Estima-se que as palavras de origem germânica sejam cerca de trezentas e representem cerca de 8 por cento da totalidade do léxico português. O facto de existirem tão poucas prende-se com a falta de obras literárias deixadas por estes povos.
Para consulta de termos germânicos na língua portuguesa, sugere-se o Dicionário de Anglicismos e Germanismos na Língua Portuguesa, de Jurgen Schmidt-Radefeldt e Dorothea Schurig, TFM, Frankfurt/M, 1997.
Mais correntemente, o léxico português assinala vários empréstimos chegados do alemão, mais recentemente. Entre outros casos, é o que se assinala nestes registos acessíveis no arquivo do Ciberdúvidas: Alzheimer + búnquer (Bunker), chucrute (Sauerkraut), horneblenda (Hornblende), hertziano (do físico alemão Hertz), hegeliano (do filósofo alemão Hegel) + brida, «a toda a brida» + diesel + Doberman + drusa + Leitmotiv + loca + Kitsch + Rudolfo + máscara.
Cf. ainda: Lá vem o alemão: palavras alemãs no português + Dicionário de Estrangeirismos + Palavras alemãs no português + Palavras alemãs no cotidiano brasileiro + 30 000 palavras alemãs na língua portuguesa (de origem germânica)