Ao que foi possível apurar, é uma expressão que remonta à Idade Média, desde que, na Galiza, foi descoberto o sepulcro do apóstolo Sant'Iago. Desde então, milhares de peregrinos demandaram Compostela, séculos a fio, alojando-se em albergues que se situavam propositadamente ao longo do percurso – «Caminhos de Sant'Iago», como ficou conhecido até aos nossos dias. Eram albergues onde cabia lá de tudo um pouco: dos peregrinos-hóspedes até aos próprios animais com que se faziam acompanhar, mais os respectivos carregos. A característica desses albergues – «albergues espanhóis» na perspectiva dos que iam do lado de cá da Península – assentou arraiais para sempre como expressão corrente no vocabulário popular português. E derivou mesmo para conotações de teor político consentâneas com os nossos tempos. Por exemplo, quando se dizia que os movimentos de apoio à eleição e reeleição presidencial de Mário Soares (o MASP I e, depois, o MASP II) se assemelhavam a um «albergue espanhol», com esta figura de estilo ficava expressa a abrangência de alianças então envolvidas. Da esquerda à direita; católicos e ateus, membros da Maçonaria e da Opus Dei; socialistas, comunistas, sociais-democratas, democratas-cristãos, marxistas e antimarxistas. Por analogia, portanto, com os tais albergues medievos que alojavam pessoas, animais e provisões sob o mesmo tecto.