DÚVIDAS

«Diesel», novamente

Agradeço a V. resposta a questão anterior sobre o mesmo assunto, em que explicavam que "diesel" era um substantivo comum (ou adjectivo) e portanto deveria grafar-se com inicial minúscula.
Tenho intenção de escrever um livro técnico sobre motores, daí a minha pergunta. Creio que os nomes de leis aparecem com inicial maiúscula (lei de Ohm) e provavelmente os nomes de ciclos levarão também maiúscula (ciclo de Carnot). Quando se fala de «motor Diesel», o que se quer dizer é: «motor de ciclo de Diesel». Do mesmo modo, motor Stirling é um motor que funciona segundo o ciclo de Stirling. Assim gostaria que me respondessem às seguintes questões:
1 – Deverei usar estes nomes iniciados por maiúscula (Carnot, Diesel, Stirling) quando me refiro ao motor e/ou ao ciclo?
2 – Será mais incorrecto escrever «ciclo Carnot» em vez de «ciclo de Carnot»? (por vezes soa melhor, tal como «ciclo Diesel» em vez de «ciclo de Diesel»)
3 – O que será mais correcto, escrever «ciclo a vapor» ou «ciclo de vapor»? (este ciclo funciona usando vapor como fluido operante)

Resposta

Como o senhor Professor reconhece, as leis em que se faz referência às pessoas que as estabeleceram devem normalmente ter o nome próprio em letras maiúsculas (ex.: `lei de Ohm´, `ciclo de Carnot´, etc.).
«Diesel» já tem o sentido de nome comum: `motor «diesel»´ (ou de gasóleo, como um nosso consulente prefere, mas que eu não exigiria: «diesel» é o processo, gasóleo é o combustível). «Diesel» tem nesta expressão meramente o valor de adjectivo (já dicionarizado como tal, com proposta de adaptação para dísel, como já referi, pela Academia Brasileira de Letras, de 1998). Não encontrei «carnot» (`ciclo «carnot»´) dicionarizado em língua portuguesa, nem mesmo no completo vocabulário da ABL, 1998.
Na minha opinião, em `motor de Stirling´ estamos a invocar um nome; e sempre que o antecedermos da preposição (o motor de).
Os puristas condenam expressões do tipo `ciclo a vapor´, preferindo `ciclo de vapor´. Mas também nesta exigência eu não vou tão longe. Há mesmo já expressões deste tipo que há muito entraram nos hábitos linguísticos, como `máquina a vapor´, `avião a jacto´, etc., que não se conseguem corrigir. Nem vale a pena: derivam duma língua irmã românica e enriquecem a nossa. No tempo em que havia a moda da invasão de termos e expressões francesas, compreendia-se a resistência, mas agora o risco de deturpação é outro e mais grave…
Os meus cumprimentos,

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa