1. Enquanto a covid-19 se mantém, pelo menos, em Portugal, e a guerra na Ucrânia não tem trégua, a atualidade dá destaque às eleições na França, onde, em 19 de junho, tem lugar a 2.ª volta das eleições legislativas, disputada entre a coligação Nupes, apoiante de Jean-Luc Mélenchon, e a Ensemble!, da linha política do presidente francês Emmanuel Macron. Neste contexto, fala-se em macronismo*, neologismo que já circula mediaticamente em Portugal – ver, por exemplo, "O macronismo, esse gigantesco bluff", artigo do historiador Manuel Loff, no jornal Público (14/06/2022). Recorde-se a propósito que a relação com o francês foi muito forte do século XIX até meados do século XX, como, sobre os estrangeirismos na língua portuguesa, assinala o filólogo Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989) na obra Estilística da Língua Portuguesa. No Ciberdúvidas, nas respostas e artigos em arquivo, ainda se faz eco dessa preocupação, embora muitos termos franceses se tenham entretanto enraizado, como são os casos referidos em "Detalhe: 'horrível galicismo'?, "O galicismo plafom", "Comprometer, um antigo galicismo" ou "Sobre o galicismo etapa". Vide, igualmente, o apontamento "À volta da cassete e dos empréstimos".
* Da mesma famíla: macronistas.
Na imagem, o Arco do Triunfo, em Paris (Unsplash, 17/06/2022).
Também em 19 de junho, têm relevo ainda as eleições na região autonómica da Andaluzia e as eleições presidenciais na Colômbia. Sobre a Andaluzia, consultem-se: "Al Andalus e Andaluz", "O termo flamenco”, "Topónimos de origem árabe", "Os 48 gentílicos de Espanha", "O aportuguesamento dos nomes das províncias espanholas" e "Trafalgar". No que toca à Colômbia, sugere-se a leitura de "Dos Açores à Colômbia", "O topónimo Antioquia, Colômbia", "O artigo definido e o nome dos países" e "Os países neolatinos".
2. Nos estudos linguísticos são recorrentes os termos variação, variedade e variante. Que significam ao certo? A resposta encontra-se no Consultório, juntando-se a outras seis a respeito dos seguintes tópicos: o termo circunglobal, a expressão interrogativa «a que título?», a sintaxe dos verbos agarrar e tocar, a diferença entre igualdade e equidade e a modalidade epistémica.
3. «A rir se castigam os costumes» é uma das traduções da máxima latina «ridendo castigat mores», sempre tão citada no estudo escolar da obra de Gil Vicente. Na rubrica Literatura, três autos vicentinos e os seus efeitos de cómico são pretexto para uma reflexão da professora Lúcia Vaz Pedro.
4. «Tenho encontrado inúmeros problemas relacionados tanto com a concordância nominal como com a concordância verbal», declara Inês Gama num apontamento em Ensino, no qual se aborda o tratamento da concordância no ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE).
5. Em O Nosso idioma fica disponível o documentário Além de Nós, da autoria da jornalista Anabela Saint-Maurice, emitido originariamente na RTP 1 em dezembro 2009, à volta da importância estratégica da língua portuguesa em Macau, em Xangai, na pequena cidade brasileira de Redenção e no Namibe (sul de Angola). E, na rubrica Diversidades transcreve-se um artigo publicado na revista de divulgação científica Horizon, sobre a investigação da surpreendente relação da faculdade da linguagem humana com o comportamento vocal dos símios.
6. O alfabeto latino é hoje hegemónico, mas uma viagem até à Geórgia revela uma surpreendente diversidade de sistemas de escrita, como conta o tradutor Vítor Santos Lindgaard em texto incluído no blogue Travessa do Fala-Só e também disponível em Diversidades.
7. A criação literária dos Açores volta a ser objeto de divulgação em 17/06/2022, pelas 18h00, na livraria Letras Lavadas, com o lançamento da Nova Antologia de Autores Açorianos, publicação coordenada por Helena Chrystello, membro fundador da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (ver Notícias).
8. Numa iniciativa do Laboratório de Competências Transversais e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, realiza-se em 12 de julho de 2022 a oficina "Emoção e criatividade através da escrita criativa". Trata-se de uma formação destinada à comunidade do ISCTE-IUL, da responsabilidade da professora Lúcia Vaz Pedro.
9. Conteúdos de três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica à língua comum:
♦ A descoberta do manuscrito da Clavis Prophetarum do Padre António Vieira, em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 17/06/2022, 13h20*).
♦ As relações entre o português europeu e o português do Brasil, em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 19/06/2022, 12h30*), programa que inclui ainda a crónica da linguista Edleise Mendes (Universidade Federal da Bahia).
♦ Os termos «combustíveis fósseis», «transição energética», descarbonização, entre outros da linguagem da energia, nas emissões de 20 a 24 de junho de Palavras Cruzadas, programa da Antena 2 realizado por Dalila Carvalho (segunda sexta, às 09h50 e 18h50).
*Hora oficial de Portugal continental.