É um tanto difícil afirmar que o dicionário da Porto Editora está errado, porque se trata de um composto relacionável com um outro, subsidiodependente, que, suscetível de ocorrer como nome («os subsidiodependentes»), exibe o elemento subsídio- não em coordenação com dependente, mas antes como elemento com afinidades com as unidades prefixais1. O adjetivo subsidiodependente encontra, aliás, paralelo em lusodescendente2, que, por vezes também ocorre (discutivelmente) com hífen.
Acontece que as regras de escrita deste tipo de compostos estão por definir3.
No entanto, não configurando os compostos subsidiodependente e subsidiodependência casos de coordenação de dois elementos – como seria o caso de médico-cirurgião –, é mais coerente aceitar que as suas grafias não tenham hífen e se apresentem como sequências gráficas contínuas, à semelhança de toxicodependente/toxicodependência ou insulinodependente/insulinodependência (cf. a própria versão eletrónica do dicionário da Porto Editora na Infopédia). Nos três pares de compostos, o primeiro elemento nominal é parafraseável por um complemento do nome: «dependência de subsídio/insulina/(produto) tóxico».
1 No vocabulário ortográfico da Infopédia, da Porto Editora, também figuram as formas com hífen: subsídio-dependente e subsídio-dependência.
2 Convergente com esta análise é a resposta de Helena Figueira em 10/10/2011 na secção de dúvidas linguísticas do Flip.
3 Não se trata de uma situação criada pelo Acordo Ortográfico de 1990, mas, sim, de um caso, que, não tendo sido resolvido pelas normas anteriores, continua à espera da explicitação de um critério para a sua transposição ortográfica.