1. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP25 tem início hoje, dia 2, em Madrid, e prolonga-se até dia 13 de dezembro. Trata-se de uma cimeira de importância crucial para a tomada de decisões relacionadas com as mudanças climáticas, que, segundo apontam diversos estudos, poderão ter consequências severas a médio e longo prazo, tais como a subida das temperaturas, a alteração dos padrões meteorológicos, a escassez de água e a subida do nível do mar, o que afetará severamente também os ecossistemas marinhos e terrestres (notícia aqui). Também neste âmbito, para o dia 3 de dezembro, está prevista a chegada a Portugal de Greta Thunberg, a jovem ativista sueca responsável pelo início da greve das escolas pelo clima, que participará numa sessão da Assembleia da República, seguindo depois para a cimeira COP25, onde fará uma intervenção (notícia).
O clima, na sua vertente linguística, tem merecido também a atenção do Ciberdúvidas nalgumas das respostas às questões colocadas no Consultório neste domínio, que se relacionam sobretudo com aspetos lexicais, desde a adequação dos termos às situações, à criação de novas palavras, passando pela polissemia dos termos: ««Alterações climáticas» ou «mudanças climáticas»», «Condições atmosféricas», «Climático», «As aceções do adjetivo temporal», «A formação da palavra edafóclimático», «Condições edafoclimáticas» e «Geoestratégico». A abordagem linguística do clima passa também pela sabedoria popular, com as suas máximas e provérbios, cuja adequação à realidade se analisou no artigo que aqui divulgámos.
2. A formação de um verbo pode associar-se a processos mais ou menos obscuros. Na nova atualização do Consultório, analisamos a formação do verbo desunhar, explicando por que razão não se trata de um caso de parassíntese. A utilização de dois verbos consecutivos numa frase determina, à partida, que estamos perante um complexo verbal ou poderá tratar-se de uma outra realidade? As soluções encontradas pela língua para referir as realidades colocam, por vezes, dificuldades de interpretação, como acontece com a sequência «faz girar» numa dada frase. Neste caso, qual será o estatuto do verbo fazer? Verbo principal ou verbo auxiliar? A natureza dos verbos determina o número e o tipo de constituintes que os acompanham e se estes são introduzidos ou não por preposição. Contudo, nem sempre é fácil avaliar as propriedades verbais, como se verifica na frase «ergueu os olhos para o céu». Não só os verbos como também os nomes e adjetivos podem reger preposições. A questão que se coloca, em determinadas ocasiões, é a de determinar qual a preposição correta. É correto «garfo a peixe» ou antes «garfo de peixe»? Para concluir, a interjeição ena é analisada sob o ponto de vista das suas possibilidades significativas.
3. O destaque que merece a língua portuguesa no atual momento justifica que aqui se divulgue um conjunto de vídeos que abordam a importância do português no mundo, dando uma visão do «tamanho da língua: como o português se espalhou pelo mundo», dos países onde se fala português (do programa Aqui se fala português), de documentários produzidos por oito países de língua portuguesa (notícia), não esquecendo o papel de jornalistas como o brasileiro Zeca Camargo, que visitou os países de língua portuguesa, descobrindo as tonalidades da língua e os cambiantes da cultura que a ela se associa (num programa de Fátima Bernardes).
4. Não longe da língua portuguesa está o galego, que partilha as suas raízes com o português. Duas línguas cuja proximidade é documentada pelo tradutor e professor universitário português Marco Neves, na sua crónica «Uma língua escondida por cima de Portugal» (divulgada no sítio do Sapo24).
5. Terá lugar na Universidade Lusíada de Angola um curso breve de esperanto intitulado “O Esperanto, língua pan-veicular, planeada, interétnica, neutra”. Orientado pelo advogado e esperantista luso-angolano Miguel Faria de Bastos, este curso destina-se a juristas, a profissionais da área do Direito em geral e do Direito linguístico em particular e compreenderá uma primeira parte de gramática integral e léxico essencial e uma segunda parte dedicada terminologia jurídica.
Imagem: Bandeira do esperanto
6. Já teve início a votação para a escolha da Palavra do Ano, um evento da responsabilidade da Porto Editora. Este ano, a escolha far-se-á entre as palavras desinformação, influenciador, jerricã, lítio, multipartidarismo, nepotismo, seca, sustentabilidade, trotinete e violência. Um conjunto de palavras associado a realidades que tiveram grande destaque no plano nacional e internacional, sobretudo do ponto de vista social e político. A sensibilidade dos votantes relativamente às situações evocadas determinará qual a palavra mais marcante.
Em Espanha, e por iniciativa da Fundéu BBVA, decorre idêntica iniciativa. Cf. Las candidatas a palabra del año 2019 de la Fundéu