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1. As estratégias que as diferentes línguas adotam para expressar os números podem constituir um desafio à aprendizagem e à compreensão. Com efeito, nem todos os sistemas linguísticos organizam a comunicação dos números usando as mesmas estratégias, ainda que o pensamento de base decimal, linear ou adaptado, seja dominante. Assim, em português, o número 92 diz-se somando o número maior (noventa), que surge em primeiro lugar, ao número menor (dois), apresentado em segundo lugar. O mesmo sistema é adotado, por exemplo, em línguas como o espanhol, o italiano ou o inglês. Um caso particular é o da língua francesa, que, embora adote também um método decimal, a partir do número 70 verbaliza os números segundo uma estrutura vigesimal, ou seja, de base 20. Deste modo, 70 diz-se soixante-dix («sessenta-dez»),  80, quatre-vingts («quatro vintes») e 92, quatre-vingt-douze («quatro-vinte-doze). Encontramos, todavia, línguas que adotam outros padrões de comunicação dos números, como é o caso do esloveno, que, seguindo uma base decimal, adota uma ordem diferente, apresentando, em primeiro lugar, o número mais baixo. Assim, 92 diz-se, em esloveno, dvaindevetdeset, uma palavra complexa que inclui os seguintes elementos dva («dois»); in (e); devetdeset (90, à letra «nove-dez», ou seja, 9 vezes 10). Em alemão, identificamos também a adoção da ordem «unidade-dezenas». Com efeito, os números entre 21 e 99 são ditos segundo esta ordem. Por exemplo, 92 diz-se zwei­und­neunzig, que se decompõe nos elementos zwei («dois»), und («e») e neunzig («nove-dez»). Deste modo, diz-se, à letra, «dois e nove-dez». Por fim, mencionemos o sistema dinamarquês, que assenta igualmente na base decimal, mas apresenta algumas curiosidades que lhe trazem complexidade. A partir do número 50, diversas construções assentam no sistema vigesimal, tal como acontece no francês, mas incluindo formas arcaicas truncadas. Assim, 50 diz-se halvtreds. A palavra integra o elemento halv, que colocado antes de um número o reduz em 0,5. Por exemplo, se for colocado antes do número 3, redu-lo para 2½ (dois e meio). Deste modo, halvtreds, que tem como forma longa halvtredsindstyve, inclui os seguintes elementos: halv (meio ou metade), treds («terceiro», de tredje, que corresponde ao número 3), -ind(s) (sufixo que vem de uma forma antiga de multiplicação: -sind, que significa vezes) e tyve (vinte). Desta forma 50, diz-se, à letra, «2½ × 20». Já 92 dir-se-á tooghalvfems, ou seja, to («dois»), og («e») e halvfems («noventa»). O elemento halvfems é a forma abreviada de halvfemsindstyve, que significa literalmente «quatro e meio vezes vinte», ou seja "4½ × 20" (= 90). A forma como a língua evidencia as conceções da realidade é um domínio extraordinário, que permite compreender como os humanos resolveram problemas relacionados com a referência à realidade, de forma diferente, usando, ainda assim, os mesmos instrumentos linguísticos. 

2. Ainda no rescaldo da eleição do papa Leão XIV, a consultora Inês Gama vem explicar o significado, a formação e a história ligada à expressão «sumo pontífice», um conjunto de curiosidade disponíveis num apontamento divulgado na rubrica O Nosso Idioma. Por seu turno, o professor universitário e linguista Dieter Kremer centra-se no nome de batismo do papa Leão XIV Robert Francis Prevost e explica a sua origem e formação num apontamento de onomástica, traduzido do alemão e aqui partilhado com a devida vénia. 

3. No Consultório, apresenta-se a resposta a seis questões endereçadas ao Ciberdúvidas: «Qual a forma correta: «a quatro mãos« ou «a duas mãos»?»; «O que justifica o uso do pretérito mais-que-perfeito em «se houvera quem me ensinara»?»; «Está correta a frase ««O vento era muito forte como se fossem «touros indómitos»»?»; «Qual a origem das palavras bombordo e estibordo?»; «Como analisar a oração «Espero que sim!»?»; «O verbo falar pode ter dois complemento não diretos?»

4. A professora Carla Marques, no seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2, analisa a função da partícula -se na frase «Ouviram-se os jovens».

5.  Assinalando o Dia Mundial da Língua Portuguesa, o ex-presidente da República Federativa do Brasil e antigo senador José Sarney apresenta um artigo dedicado à criação da CPLP e à sua missão, colocando a tónica no que constitui a força desta comunidade de países unidos pelo idioma português (transcrito com a devida vénia).

6.  O artigo do consultor Fernando Pestana dedicado aos resultados do INAF 2024 desencadeou alguma polémica, de que dá conta a mensagem disponibilizada na rubrica Correio.

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